Ala ligada a Kassab movimentará R$ 84 bilhões no governo Tarcísio
À frente da secretaria de Governo de Tarcísio, Gilberto Kassab terá um orçamento maior do que as pastas de Cultura e Habitação juntas
atualizado
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São Paulo – A ala ligada a Gilberto Kassab (PSD) que fará parte do primeiro escalão do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo abocanhará mais de R$ 84 bilhões do Orçamento para 2023.
O governador eleito privilegiou quadros ligados a Kassab, que foi seu maior apoiador durante a campanha eleitoral, e concedeu menor espaço a aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), seu padrinho político. O valor destinado às secretarias que serão de kassabistas representa cerca de 26% do total do orçamento estadual.
Além do próprio Kassab, que será secretário de Governo, Tarcísio tem Felício Ramuth (PSD) de vice e escolheu outros quatro nomes alinhados com o PSD para compor o seu secretariado. Dois deles ficarão à frente de pastas de robusto orçamento: Saúde e Educação.
Educação
Na Educação, Renato Feder ficará responsável por um orçamento de mais de R$ 49 bilhões – o maior entre as 23 secretarias de governo. Ligado ao PSD, Feder é secretário da Educação do Paraná, estado que tem Ratinho Júnior, correligionário de Kassab, como governador.
O empresário tem o perfil que Tarcísio busca em sua agenda de privatizações. Enquanto secretário no Paraná, terceirizou a empresas privadas serviços como merenda, segurança e mesmo a administração de escolas.
O Metrópoles noticiou que Feder também é membro efetivo do conselho de administração da Multilaser. A empresa faturou R$ 192 milhões com a venda de tablets e notebooks para a Secretaria de Educação paulista, da qual Feder será o titular a partir do próximo ano.
Após a publicação da reportagem, o futuro secretário afirmou estar “em processo de desligamento do conselho da Multilaser” e acrescentou que, enquanto estivesse no cargo, a empresa não venderia nada para o governo paulista.
Saúde
Para comandar a Saúde, Tarcísio anunciou o médico Eleuses Paiva, que é ex-deputado federal, ex-vice prefeito de São José do Rio Preto e filiado ao PSD.
Ex-presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Paiva é defensor das políticas públicas de vacinação e criticou ações do governo federal em relação à pandemia de Covid-19.
Com um orçamento de mais de R$ 29 bilhões na pasta – atrás apenas da Educação – ele ficará responsável por gerenciar áreas como vigilância em saúde e fortalecimento da gestão estadual do SUS.
Secretaria de Governo
Sozinho, Kassab vai comandar uma pasta com orçamento de R$ 3,2 bilhões no próximo ano. Ele ficará encarregado da articulação com os deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e com os prefeitos de São Paulo.
Um dos projetos pessoais do futuro secretário, segundo apurou o Metrópoles, já mira as eleições municipais de 2024. Até lá, ele pretende aproveitar a derrota do PSDB no estado para filiar ao PSD o máximo possível de prefeitos tucanos.
O ex-prefeito de São Paulo terá mais verba à disposição do que as secretarias de Cultura e Habitação juntas. As duas serão chefiadas por pessoas que trabalharam com Kassab na Prefeitura de São Paulo: Marília Marton (Cultura e Economia Criativa) e Marcelo Cardinale Branco (Habitação).
Ex-chefe de gabinete da Subprefeitura da Sé, Marília lidará com um orçamento de R$ 1,2 bilhão à frente da Cultura. Marcelo, que é filiado ao PSD, foi secretário municipal de Infraestrutura e Obras e terá R$ 1,4 bilhão de orçamento para o próximo ano. A Habitação era alvo de disputa entre o PSD e o União Brasil.