metropoles.com

Polícias de SP pagaram R$ 15 mi para usar “programa espião” alvo da PF

Governo Tarcísio comprou equipamento que monitora celulares para a PM neste ano; Polícia Civil de SP usa software espião desde 2021

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Hugo Barreto/Metrópoles
Hacker ataque - Ataques na internet, hackers, rede de sistemas, violações de dados sigilosos, documentos expostos, ciberataque5
1 de 1 Hacker ataque - Ataques na internet, hackers, rede de sistemas, violações de dados sigilosos, documentos expostos, ciberataque5 - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

São Paulo – A Secretaria de Segurança Pública paulista (SSP) já pagou R$ 14,9 milhões à empresa israelense Cognyte para que as polícias Civil e Militar usem o software espião capaz de monitorar celulares. O Metrópoles apurou que a tecnologia está ativa até hoje em São Paulo.

O programa israelense FirstMile foi o pivô da Operação Última Milha, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na sexta-feira (20/10). Segundo a investigação, servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) usaram o software para espionar políticos, jornalistas e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) durante o governo Jair Bolsonaro (PL).

Em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Bolsonaro, contratou neste ano, sem licitação, os serviços da Cognyte para a Diretoria de Tecnologia da Informação e Comunicação, da Polícia Militar (PM). O pagamento de R$ 8,98 milhões foi realizado em julho.

Segundo despacho publicado pela PM em março no Diário Oficial, o objeto da contratação foi a “aquisição de Sistema de Radiofrequência Portátil à Polícia Militar” e não foi aberta licitação para avaliar a melhor proposta porque o produto contratado é exclusivo da empresa israelense.

Já a nota de empenho disponível no site da Secretaria da Fazenda paulista mostra que o contrato da PM com a Cognyte é referente à “ferramenta GI-2S” – aparelho tático que monitora os passos de até 10 mil celulares a cada 12 meses, a mesma função do FirstMile.

11 imagens
Apreensão de US$ 171.800,00 em espécie na residência de um dos alvos de busca e apreensão e afastamento da função pública, em Brasília/DF
Policiais cumprem dois mandados de prisão e 25 de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e no Distrito Federal
De acordo com as investigações, o sistema de geolocalização usado pela Abin é um software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira
A rede de telefonia teria sido invadida diversas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos
Agência Brasileira de Inteligência (Abin)
1 de 11

Abin foi alvo de operação da PF após vazamento

Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto
2 de 11

Apreensão de US$ 171.800,00 em espécie na residência de um dos alvos de busca e apreensão e afastamento da função pública, em Brasília/DF

PF/Divulgação
3 de 11

Policiais cumprem dois mandados de prisão e 25 de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e no Distrito Federal

Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto
4 de 11

De acordo com as investigações, o sistema de geolocalização usado pela Abin é um software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira

Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto
5 de 11

A rede de telefonia teria sido invadida diversas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos

Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto
6 de 11

Agência Brasileira de Inteligência (Abin)

Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto
7 de 11

Entre os alvos que teriam sido monitorados, estão jornalistas, políticos e adversários da gestão de Jair Bolsonaro (PL)

Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto
8 de 11

Viatura chega à sede da Polícia Federal durante a operação Última Milha. Deflagrada na manhã desta sexta-feira, a operação investiga o monitoramento ilegal de celulares pela Agência Brasileira de Inteligência(Abin)

Breno Esaki/Metrópoles @BrenoEsakiFoto
9 de 11

Helicóptero pousa na sede da PF

Breno Esaki/Metrópoles
10 de 11

Eduardo Arthur Izycki trabalhava como oficial de Inteligência da Abin

Reprodução/Redes sociais
11 de 11

Rodrigo Colli, profissional da área de Contrainteligência Cibernética da Abin que foi preso

Reprodução

Sem licitação

Já na Polícia Civil, o uso do software espião é anterior. Em novembro de 2021, ainda na gestão do ex-governador João Doria (ex-PSDB), a corporação publicou no Diário Oficial do estado despacho para dispensar a licitação e adquirir o GI-2S e o FirstMile.

Na publicação, as tecnologias são descritas como “equipamento contendo sistema portátil de identificação, rastreamento e localização de dispositivos móveis celulares em campo”. Por esse contrato, a Cognyte recebeu R$ 5,94 milhões do governo paulista, pagos em fevereiro de 2022.

O despacho também afirma que a tecnologia israelense deveria ser usada pela Divisão Antissequestro (DAS), vinculada ao Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope), órgão responsável por prender quadrilhas de sequestradores e resgatar vítimas em São Paulo.

O pedido de dispensa de licitação foi feito pelo então diretor do Dope, o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, por “inviabilidade de competição” – já que a Cognyte é a única empresa que oferece o serviço. Hoje, o delegado é o número dois da SSP e ocupa o cargo de secretário adjunto.

Operação Última Milha

A Operação Última Milha, da PF, cumpriu nessa sexta-feira (20/10) dois mandados de prisão e 25 de busca e apreensão, autorizados pelo STF, nos estados de São Paulo, do Paraná, de Goiás e de Santa Catarina, onde fica a sede da Cognyte no Brasil, além do Distrito Federal.

Segundo a coluna Na Mira, os presos na ação policial são Rodrigo Colli, profissional da área de Contrainteligência Cibernética da Abin, e o oficial de Inteligência Eduardo Arthur Izycki.

A investigação aponta que o sistema de espionagem com geolocalização de celulares da agência foi usado para monitorar 2,2 mil jornalistas, advogados, políticos, alguns ministros do STF e pessoas consideradas adversárias pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Para monitorar os celulares, basta que o agente digite o número da pessoa. Além disso, a aplicação cria históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.

Em nota enviada ao Metrópoles, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirma apenas que o sistema citado pela reportagem é utilizado pelas forças de segurança do Estado em operações de combate ao crime organizado, sequestros e demais ações em proteção da sociedade.

De acordo com a pasta, não há qualquer irregularidade no uso do software, que foi adquirido de acordo com a Lei nº 8.666/93, sendo o contrato regulamentado pela Lei nº 12.850 de combate às organizações criminosas.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSão Paulo

Você quer ficar por dentro das notícias de São Paulo e receber notificações em tempo real?