Policial condenado por roubar caminhão de soja disse ter vida modesta
Wagner Floripes teve a aposentadoria cassada após condenação por sequestrar caminhoneiro para roubar carga de soja; ex-policial nega crime
atualizado
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São Paulo – O escrivão-chefe Wagner Marcello da Silva Floripes, de 54 anos, teve sua aposentadoria cassada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) após ser acusado de usar uma viatura da Polícia Civil para sequestrar o motorista de um caminhão e roubar a carga de 37 toneladas de soja, em Santos, no litoral paulista.
O roubo da carga de soja, então avaliada em R$ 42 mil, aconteceu em maio de 2016. Por causa do crime, o agora ex-policial civil perdeu o cargo público e foi condenado.
Wagner era lotado na Delegacia Seccional de Itanhaém, no litoral paulista. Ele nega participação no crime e, em depoimento, disse ter uma vida familiar modesta e compatível com os vencimentos do cargo.
Formado em Direito, Wagner Floripes tentou ingressar no Ministério Público de São Paulo (MPSP) ao prestar concurso para promotor de justiça em 2012.
Em uma rede social, postava “selfies” na praia e fotos com a filha. Em uma foto de 2022, em que está dentro de uma piscina, seguidores comentam a aposentadoria do escrivão, agora cassada. “Tá certo meu amigo chegou a hora de curtir a sua aposentadoria,👏👏👏👏👏 missão cumprida,” escreve um amigo. “Oi, quanto tempo, vida boa de aposentado,” escreve outra pessoa que faz parte da rede de contatos dele.
Sequestro e roubo de carga
Na noite de 3 de maio de 2016, Wagner e três comparsas, vestidos com jaquetas com a inscrição “Polícia Civil”, usaram uma viatura descaracterizada para abordar um motorista de caminhão, na Rua Tuiuti, que transportava 36.950 quilos de soja. A carga seria levada até o Porto de Santos.
Os ladrões chegaram a acionar o giroflex do veículo policial e pararam na frente do caminhão. Em seguida, eles anunciaram o roubo e, armados, ameaçaram o motorista. O assalto aconteceu às 23h30.
Um dos criminosos assumiu a direção do caminhão. Já o ex-escrivão ficou responsável por dirigir a viatura, onde a vítima foi colocada, até um cativeiro em Cubatão, município vizinho de Santos.
O caminhão foi abandonado depois no Jardim São Manoel, em Santos, mas o paradeiro da carga até hoje é desconhecido. Já o motorista foi liberado às margens da Rodovia Anchieta horas depois.
No julgamento, Wagner negou o assalto e afirmou não conhecer os outros investigados. A defesa também alegou que “nada foi encontrado com o acusado que o colocasse na cena do crime” e pediu sua absolvição.
O juiz Leonardo de Mello Gonçalves, do TJSP, recusou a versão da defesa e decidiu condená-lo