Policial preso é citado por Gritzbach como sócio de líder do PCC
Cyllas Salerno Elia Junior atuava no Deic. Segundo Polícia Civil, ele pediu afastamento em dezembro de 2022 e estava sem remuneração
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo — Um policial civil acusado de corrupção pelo delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) Vinícius Gritzbach, é um dos presos na ação deflagrada pela Polícia Federal, nesta terça-feira (26/11), contra crimes financeiros que movimentaram R$ 6 bilhões, batizada de Operação Tai-Pan.
Cyllas Salerno Elia Junior, que atuou no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) foi citado por Gritzbach em seu depoimento à Corregedoria da Polícia Civil, em 31 de outubro, oito dias antes de ser morto a tiros ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos.
De acordo com Gritzbach, Cyllas seria sócio de Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, e de Rafael Maeda Pires, o Japa, no 2Go Bank. Ambos são apontados como importantes lideranças do PCC.
Cara Preta foi morto a tiros em dezembro de 2021, no Tatuapé, zona leste da capital, ao lado de seu segurança Antônio Corona Neto, conhecido como Sem Sangue. Vinícius Gritzbach era apontado como o mandante do crime.
O empresário foi jurado de morte pelo PCC, acusado de dar um golpe em Cara Preta e de desviar parte de um investimento milionário da facção em criptomoedas.
Japa foi encontrado morto com tiro na cabeça em 5 de maio de 2023, no subsolo de um prédio no Tatuapé.
De acordo com a Polícia Civil, Cyllas está afastado sem remuneração desde dezembro de 2022. O afastamento funcional teria sido um pedido do próprio policial.
“Cabe esclarecer que o agente pode ser cotista de qualquer tipo de empresa, de acordo com a Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo N° 207, de 5 de janeiro de 1979”, acrescenta a Polícia Civil.
Tai-Pan
A operação da PF deflagrada nesta terça tem o objetivo de desarticular uma organização criminosa, liderada por um grupo de chineses, voltada à prática de crimes contra o sistema financeiro, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Os investigados teriam movimentado R$ 6 bilhões nos últimos cinco anos, sendo R$ 800 milhões apenas em 2024. Cerca de 200 policiais federais dão cumprimento a 16 mandados de prisão preventiva e 41 de busca e apreensão, expedidos pela Justiça Federal.
A investigação teve início em 2022 e revelou um complexo sistema bancário paralelo e ilegal, movimentando bilhões dentro do país e nos Estados Unidos, Canadá, Panamá, Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Peru, Holanda, Inglaterra, Itália, Turquia, Dubai, e especialmente Hong Kong e China, para onde se destinava a maior parte dos recursos de origem ilícita.
Investigações apontam que os suspeitos, bem como pessoas físicas e jurídicas que com eles transacionaram, movimentaram o valor de R$ 120 bilhões nos últimos anos.
O esquema contaria com participação de dezenas de pessoas, envolvendo estrangeiros e brasileiros nas mais variadas funções e atividades, entre eles, policiais militares e civis, gerentes de bancos e contadores.