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Policial preso por ajudar tráfico já foi elogiado por “cumprir dever”

Dois policiais civis foram presos nesta terça-feira (3/9) sob a suspeita de atuar para o engavetamento de ações contra o narcotráfico

atualizado

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Policial de costas, na qual está escrito Polícia Federal, sentado em cadeira em sala com piso de madeira - Metrópoles
1 de 1 Policial de costas, na qual está escrito Polícia Federal, sentado em cadeira em sala com piso de madeira - Metrópoles - Foto: Divulgação/PF

São Paulo – Um dos dois policiais civis presos nesta terça-feira (3/9) sob a suspeita de receber R$ 800 mil de criminosos para engavetar investigações sobre o tráfico internacional de drogas já foi enaltecido pela “relevância” de seu trabalho em uma publicação oficial da Delegacia Geral da instituição.

Em 2015, Valdenir Paulo de Almeida, de 57 anos, trabalhava na 6ª Delegacia de Investigações Sobre Facções Criminosas e Lavagem de Dinheiro, ligada ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).

Na ocasião, ele participou de uma ação conjunta com a Polícia Civil de Sergipe, cumprindo mandados em São Paulo, contribuindo para desbaratar uma organização criminosa especializada em roubo de veículos, adulteração de sinal identificador e falsificação de documentos no Detran.

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Policial durante operação com o MPSP
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Foram cumpridos quatro mandados de prisão e 10 de busca e apreensão

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Policial durante operação com o MPSP

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O reconhecimento público foi publicado no Diário Oficial, no qual o então delegado geral paulista determinou que o trabalho destacado fosse incluído nos registros de quatro policiais civis, entre eles Valdenir, “em razão da extraordinária dedicação havida no cumprimento do dever”.

Valdenir e Valmir Pinheiro, de 58 anos, foram presos nesta terça-feira por meio de mandados de prisão preventiva (tempo indeterminado) cumpridos durante a Operação Face Off, deflagrada pela Força Tarefa de Combate ao Crime Organizado (Ficco-SP) e pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Além dos policiais, André Roberto Silva e João Carlos Camisa Nova Júnior, que já cumprem pena por outros crimes, em regime fechado, tiveram as prisões preventivas decretadas, cujos mandados foram cumpridos nesta terça, pelo envolvimento no caso noticiado nesta reportagem.

O intuito da ação conjunta é reprimir crimes de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro feita por traficantes internacionais de drogas e policiais civis paulistas.

Entenda o caso

A Polícia Federal cumpriu nesta terça-feira 10 mandados de busca e apreensão, além de quatro de prisão, na capital paulista e em Arujá, região metropolitana. Ao todo, foi requisitado o bloqueio de R$ 15 milhões, somando os valores existentes nas contas bancárias dos envolvidos.

As investigações mostram que os traficantes subornaram policiais civis com R$ 800 mil, por pessoa, em 2020, e mantiveram o pagamento mensal aos funcionários da Segurança Pública ao menos até junho de 2021.

A propina, ainda de acordo com a investigação, resultou no arquivamento de apurações e na interrupção de um inquérito policial, que era realizado pelo Departamento de Narcóticos (Denarc).

Os pagamentos foram intermediados por advogados da organização criminosa, que também foram alvo dos mandados de busca e apreensão, nesta terça.

“Os dois [policiais civis] foram presos preventivamente. Isso é grave, porque há indícios suficientes para a Justiça decretar a prisão deles, até o julgamento”, afirmou um policial que participou da operação, em sigilo.

Ele acrescentou que os policiais presos “são discretos”, justamente pelo envolvimento com narcotraficantes.

“É repugnante. Os caras mostram uma vida correta, nada que os desabone publicamente. A intenção é justamente não chamar a atenção, os caras são safos [malandros].”

O Metrópoles apurou que as armas dos dois policiais foram apreendidas e que ambos seriam submetidos, ainda nesta terça, a uma audiência de custódia. A defesa deles não foi localizada, o espaço seque aberto para manifestações.

A Secretaria da Segurança Pública afirmou, em nota enviada ao Metrópoles, que irá tomar “as medidas cabíveis” contra os policiais “caso seja comprovado o desvio de conduta” deles.

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