Policiais em serviço matam 78% a mais nos 8 primeiros meses de 2024
Nos oito primeiros meses de 2024, policiais em serviço mataram 441 pessoas em São Paulo em 2024, contra 247 no ano passado
atualizado
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São Paulo — Nos oito primeiros meses de 2024, as polícias do estado mataram 56% a mais que no mesmo período do ano passado, de acordo com levantamento do Instituto Sou da Paz com base em dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Entre janeiro e agosto deste ano, morreram 510 pessoas em confrontos com policiais em São Paulo, contra 327 nos oito primeiros meses do ano passado.
Considerando apenas policiais em serviço, as mortes cresceram ainda mais, em comparação com o mesmo período do ano passado, 78%. O índice passou de 247 para 441.
O número é maior do que as mortes por policiais em serviço registradas nos dois anos anteriores, 423.
O aumento da letalidade policial em serviço entre janeiro e agosto de 2024 ocorreu em praticamente todas as regiões do estado. Apenas o Departamento de Polícia Judiciária do Interior de Ribeirão Preto registrou uma redução nas mortes cometidas por policiais em serviço
O Deinter 4, de Bauru, e o Deinter 5, de São José do Rio Preto, mais que triplicaram o número de pessoas mortas no período na comparação com 2023. No Deinter 6, de Santos, e o Deinter 7, de Sorocaba, o número de vítimas mais que dobrou.
Recorte racial
A taxa de pessoas negras mortas pelas polícias Civis e Militar de São Paulo subiu 83% de janeiro a agosto deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Já a de brancos também aumentou, mas em uma proporção menor, de 59%.
De acordo com Rafael Rocha, coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz, “o recorte racial da violência e da letalidade policial é uma característica da atuação das forças de segurança em todo o Brasil, sobretudo em relação a homens e jovens negro”.
No entanto, ele destaca que “nos últimos anos o estado de São Paulo e suas polícias aumentaram o percentual de vítimas letais negras, indo na contramão dos debates acerca da necessidade de políticas públicas de segurança de viés antirracista”.
O que diz a SSP
Questionada pelo Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que as forças de segurança estaduais realizam “abordagens obedecendo parâmetros e procedimentos técnicos com absoluto respeito à lei”.
“Desde a formação e ao longo de toda carreira, os policiais paulistas passam por cursos de formação e atualização que contemplam disciplinas de direitos humanos, igualdade social, diversidade de gênero, ações antirracistas, entre outras”, afirma a pasta.