Policiais civis citados por delator do PCC morto são afastados
Acusados por Antônio Vinícius Gritzbach de corrupção em delação premiada, eles ainda não haviam sido afastados até essa terça-feira
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo — Os policiais civis citados na delação de Antônio Vinícius Gritzbach, inimigo do Primeiro Comando da Capital (PCC) morto a tiros no Aeroporto de Guarulhos, foram afastados temporariamente de suas funções. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o afastamento ocorre enquanto as denúncias são devidamente apuradas.
Nessa terça-feira (12/11), o coordenador da força-tarefa que investiga a morte do empresário, Osvaldo Nico Gonçalves, disse ao Metrópoles que os policiais ainda estavam na ativa.
Na proposta de delação, homologada pelo Ministério Público de São Paulo em abril, Gritzbach se comprometeu a fornecer informações sobre corrupção envolvendo agentes de quatro delegacias da capital: Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), 24º DP (Ponte Rasa) e 30º DP (Tatuapé), na zona leste.
No documento, o empresário cita o delegado Fabio Baena e “toda a sua equipe, como Rogerinho [Rogério de Almeida Felício], Eduardo Monteiro e outros”.
A equipe de Baena conduziu a investigação dos assassinatos dos integrantes do PCC Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, em 2021. Gritzbach foi denunciado por envolvimento nas duas mortes e sempre negou os crimes.
A Secretaria da Segurança não especificou os policiais civis afastados nem as pessoas citadas no acordo de delação pelo empresário.
Policiais civis
Delegado de polícia desde 2002, Fabio Baena passou por importantes instituições da capital, como a Delegacia de Combate ao Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro e Tráfico de Entorpecentes (Denarc) e o Grupo de Operações Especiais (GOE), antes de chegar ao DHPP.
Após a morte de Cara Preta e Sem Sangue, Baena foi transferido do DHPP e passou pela Delegacia Geral de Polícia e pelo Cerco da 2ª Seccional.
Rogerio de Almeida Felicio, conhecido nas redes sociais como “Rogerinho Punisher”, é um dos policiais citados por Gritzbach no acordo de delação. Influenciador, ele se apresenta como segurança do cantor sertanejo Gusttavo Lima e dono de uma incorporadora no litoral Sul de São Paulo. Hoje, seu salário na corporação é de R$ 7 mil.
O agente é conhecido pela hiperexposição de sua vida nas redes sociais. Ele também exibe imagens de empreendimentos de sua construtora no Guarujá, a Magnata, que foi aberta em 2017, com capital de R$ 30 mil. Além disso, Rogerinho também é sócio de uma clínica estética e uma empresa de segurança, chamada Punisher.
Execução
Vinícius Gritzbach foi morto com tiros de fuzil após desembarcar no Aeroporto de Guarulhos, na última sexta-feira (8/11), voltando de uma viagem a Maceió com a namorada. Homens encapuzados desceram de um carro na área de embarque e desembarque e começaram a atirar. Houve 29 disparos, segundo a polícia. Além do empresário, o motorista de aplicativo Celso Araújo Sampaio de Novais morreu.
Quatro policiais militares eram responsáveis pela segurança de Gritzbach no momento do ataque. Todos estão afastados e são investigados por suspeita de envolvimento no crime. Nos primeiros depoimentos prestados, eles disseram que, instantes antes do ataque ao empresário, pararam em um posto de combustíveis para lanchar, enquanto aguardavam a chegada do empresário.
Segundo eles, quando decidiram ir em direção ao aeroporto, uma das caminhonetes em que estavam não funcionou. Apenas um dos PMs teria ido ao local, acompanhado do filho de Gritzbach. Outro PM acompanhou o empresário na viagem a Alagoas e disse à polícia, nessa segunda-feira, não ter percebido qualquer movimento suspeito no aeroporto, segundo seu defensor. “Nós só queremos descobrir a verdade e achar os verdadeiros culpados dessa situação”, afirmou o advogado Guilherme Flauzino.