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Policiais civis chamam delator do PCC de “criminoso” e negam acusações

Delegado Fábio Baena e investigador Eduardo Monteiro, citados por Vinícius Gritzbach em delação, afirmaram que acusações são “falácias”

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Imagem colorida mostra Vinicíus Gritzbach, delator do PCC
1 de 1 Imagem colorida mostra Vinicíus Gritzbach, delator do PCC - Foto: Reprodução

São Paulo — O delegado Fábio Baena e o investigador Eduardo Monteiro, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), afirmam, por meio de advogados, que as delações de Vinícius Gritzbach sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC) são “especulações e falácias”, além de chamá-lo de “criminoso”.

Gritzbach foi assassinado com dez tiros de fuzil, no fim da semana passada, no Aeroporto Internacional de São Paulo.

Em nota, a defesa dos policiais diz que que “as mentiras propagadas pelo delator foram objeto de ampla investigação conduzida pela Corregedoria da Polícia Civil e, arquivada, à pedido do próprio Ministério Público, o que veio a ser ratificado e confirmado em recurso apreciado pela Procuradoria Geral de Justiça”.

“As especulações e falácias propagadas pelo delator Antônio Vinicius Gritzbach, feitas com o vil intuito de tentar macular a escorreita investigação que comprovou sua participação no homicídio/organização criminosa, repetidas em novas oitivas, não possuem o condão de modificar a coisa julgada e o entendimento do Ministério Público”, conclui a nota assinada por seis advogados.

Em depoimento à Corregedoria da Polícia Civil, oito dias antes de ser morto no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, Vinícius Gritzbach acusou policiais civis de exigirem R$ 40 milhões para deixar de investigá-lo pela morte de integrantes do PCC, em dezembro de 2021.

Acusado de lavar dinheiro para a facção, Gritzbach era réu pelo homicídio de Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, ambos ligados à empresa de ônibus Upbus. Na época do crime, a investigação era conduzida pelo delegado Fabio Baena.

Gritzbach foi chamado a depor na Corregedoria da Polícia Civil em 31 de outubro, após mencionar em delação ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) o nome de pelo menos três agentes que estariam envolvidos com “corrupção policial”.

Além de Fábio Baena, ele cita Eduardo Monteiro e um homem identificado como Rogerinho, que seria Rogério de Almeida Felício.

Na delação, Gritzbach não falou sobre a suposta cobrança de R$ 40 milhões, apenas em seu depoimento à Corregedoria, de acordo com os promotores que teriam participado da negociação. O delator disse que não concordou em pagar a quantia exigida pelos policiais.

Policiais civis afastados

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que os policiais civis citados por Vinícius Gritzbach em sua delação ao Ministério Público foram afastados temporariamente de suas funções.

Até terça-feira (12/11), eles permaneciam no cargo, de acordo com o subsecretário da pasta, Osvaldo Nico Gonçalves.

Policiais civis

Delegado de polícia desde 2002, Fabio Baena passou por importantes instituições da capital, como a Delegacia de Combate ao Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro e Tráfico de Entorpecentes (Denarc) e o Grupo de Operações Especiais (GOE), antes de chegar ao DHPP.

Após a morte de Cara Preta e Sem Sangue, Baena foi transferido do DHPP e passou pela Delegacia Geral de Polícia e pelo Cerco da 2ª Seccional.

Rogerio de Almeida Felicio, conhecido nas redes sociais como “Rogerinho Punisher”, é um dos policiais citados por Gritzbach no acordo de delação. Influenciador, ele se apresenta como segurança do cantor sertanejo Gusttavo Lima e dono de uma incorporadora no litoral Sul de São Paulo. Hoje, seu salário na corporação é de R$ 7 mil.

O agente é conhecido pela hiperexposição de sua vida nas redes sociais. Ele também exibe imagens de empreendimentos de sua construtora no Guarujá, a Magnata, que foi aberta em 2017, com capital de R$ 30 mil. Além disso, Rogerinho também é sócio de uma clínica estética e uma empresa de segurança, chamada Punisher.

Execução

Vinícius Gritzbach foi morto com tiros de fuzil após desembarcar no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na última sexta-feira (8/11), voltando de uma viagem a Maceió com a namorada. Homens encapuzados desceram de um carro na área de embarque e desembarque e começaram a atirar. Houve 29 disparos, segundo a polícia. Além do delator, o motorista Celso Araújo Sampaio de Novais morreu.

Quatro policiais militares eram responsáveis pela segurança de Gritzbach no momento do ataque. Todos estão afastados. Nos primeiros depoimentos prestados, eles disseram que, instantes antes do ataque, pararam em um posto de combustíveis para lanchar, enquanto aguardavam a chegada do delator.

Segundo eles, quando decidiram ir em direção ao aeroporto, uma das caminhonetes em que estavam não funcionou. Apenas um dos PMs teria ido ao local, acompanhado do filho de Gritzbach. Outro PM acompanhou o delator do PCC na viagem a Alagoas e disse à polícia, nessa segunda-feira, não ter percebido qualquer movimento suspeito no aeroporto, segundo sua defesa. “Nós só queremos descobrir a verdade e achar os verdadeiros culpados dessa situação”, afirmou o advogado Guilherme Flauzino.

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