Polícia usa mapa 3D para investigar morte de torcedora palmeirense
Recursos tecnológicos foram usados para fazer reconstituição virtual das circunstâncias em que torcedora foi ferida com garrafa em São Paulo
atualizado
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São Paulo – A Polícia Civil recorreu a drones e a um mapeamento 3D para produzir a reconstituição virtual do momento em que a torcedora do Palmeiras Gabriela Anelli Marchiano, de 23 anos, foi atingida por uma garrafa.
Ela morreu no último dia 10, dois dias depois de ser ferida na região do pescoço durante uma confusão entre torcedores do Palmeiras e do Flamengo no entorno do Allianz Parque, em Perdizes, zona oeste de São Paulo.
Policiais do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) estiveram sábado (15/7) na Rua Padre Tomás, local onde Gabriela foi ferida. A reconstituição servirá para a polícia entender a dinâmica em que a jovem foi atingida pela garrafa, assim como quem a arremessou.
O flamenguista Leonardo Felipe Xavier Santiago foi preso ainda no dia 8, quando a jovem foi atingida pela garrafa, sob a suspeita de ser a pessoa que feriu Gabriela.
Ele foi solto quatro dias depois, por determinação judicial, após o procurador Rogério Zagallo, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), apontar uma série de erros das investigações. Zagallo também afirmou que as imagens mostravam outro homem atirando uma garrafa.
Por causa disso, o caso foi tirado das mãos do delegado Cesar Saad, da Delegacia de Repressão ao Delito de Intolerância Esportiva (Drade), e encaminhado para o DHPP.
Segundo o procurador, Saad “falou inverdades” e “tipificou uma falácia” ao prender o torcedor do flamengo.
Vídeos e testemunhos
Além dos drones e do mapeamento 3D, o DHPP também fez uma varredura na região para localizar câmeras que auxiliem a montar a cena de violência que precedeu o ferimento fatal da torcedora do Palmeiras.
Pessoas que gravaram a confusão em vídeo também são procuradas para prestarem depoimento à polícia. Entre elas está a testemunha que, do alto de um prédio, registrou o momento em que a vítima leva a mão ao pescoço, logo após ser atingida.
Todos os relatos registrados até o momento também serão incluídos na reprodução simulada. A conclusão dela não tem data definida, segundo fontes envolvidas com a investigação ouvidas pelo Metrópoles na manhã desta segunda-feira (17/7).
O caso
Gabriela morreu na manhã do dia 10 em decorrência de um corte no pescoço. Ela foi ferida durante uma briga de torcida dois dias antes, no entorno do Allianz Parque, horas antes da partida entre Palmeiras e Flamengo pela 14ª rodada do Campeonato Brasileiro. Imagens feitas por torcedores mostram a jovem caída após ser atingida por uma garrafa (veja acima).
O corpo da jovem de 23 anos foi velado e sepultado, no dia 11, em Embu das Artes, Grande São Paulo. A despedida aconteceu no Memorial Parque Paulista.
Os pais de Gabriela dizem estar desolados com a morte da filha. “A gente não tem nem palavras neste momento. A gente não sai de casa com esse pensamento, de que ela nunca mais vai voltar. Vem um marginal para fazer uma atrocidade dessa. Atravessa o estado para tirar a vida da minha filha”, disse o pai, Ettore Marchiano.
“Tiraram nossa menininha da gente”, afirmou Lucilene Prado, mãe de Gabriela. “O Palmeiras era a vida dela, era a alegria dela, os amigos dela.”
Gabriela estava estudando para cursar Tecnologia da Informação. A jovem era portadora de uma doença pulmonar autoimune. Os pais dela assistiram à partida inteira sem saber o que havia ocorrido com a filha.
“A gente não sabia. Ela não chegou nem a entrar no estádio. Aconteceu o assassinato antes”, afirmou a mãe de Gabriela. “Ela estava indo para o estádio e deu de encontro com a torcida organizada. Aí foi atingida por um estilhaço na jugular”, disse ainda o pai da vítima.