Polícia investiga tortura em clínica de reabilitação clandestina
Foram libertadas 61 vítimas do local, com idades entre 18 e 70 anos; caso é investigado pela Polícia Civil de Itapevi
atualizado
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São Paulo – A Polícia Civil libertou 61 pacientes de uma clínica clandestina de tratamento para dependência química, na tarde deste domingo (5/1), na zona rural de Itapevi, região metropolitana de São Paulo. As vítimas afirmaram serem torturadas no local, onde não havia nenhum responsável no momento do flagrante.
O delegado Adair Marques, da Delegacia de Itapevi, afirmou ao Metrópoles que um familiar acionou a Polícia Militar, neste domingo, após constatar as condições degradantes em que os pacientes, com idades entre 18 e 70 anos, eram mantidos no local.
Ao constatar a veracidade da denúncia, a Polícia Civil foi ao local, acompanhada de uma equipe da prefeitura, lacrando a clínica.
“Os pacientes viviam no lugar em condição desumana. Não tinham alimentação adequada, higiene, o uso do banheiro era limitado a um minuto por pessoa, não tinha medicação, atendimento médico. Os internos também nos relataram terem sido submetidos a torturas físicas, além de serem dopados”, disse o delegado.
A polícia já identificou três responsáveis pela clínica, que não conta com nenhuma documentação ou autorização para prestar atendimento a dependentes químicos, acrescentou Marques. Nenhum representante da clínica, ou advogado de defesa, foi encontrado até a publicação desta reportagem. O espaço segue à disposição.
O delegado afirmou que irá instaurar um Inquérito Policial de maus-tratos e tortura contra os administradores, para os quais também irá solicitar a prisão temporária.
“Os maus-tratos estão evidentes, com base nas condições da clínica com as quais nos deparamos. Já as torturas, serão apuradas com base nos depoimentos que iremos colher dos pacientes”, afirmou o policial.
Os casos de tortura teriam ocorrido no escritório da clínica, como forma de aplicar “correções” aos pacientes.
No momento em que a polícia chegou à clínica, neste domingo, não havia nenhum responsável no local. Um paciente cuidando dos demais, sem nenhum tipo de preparo técnico para isso.
A polícia também constatou que a casa onde funcionava a instituição clandestina era pequena para o volume de pacientes atendidos.
Até a publicação desta reportagem, a polícia ainda colhia os depoimentos das vítimas. Algumas delas voltariam ao convívio com familiares e outras seriam transferidas para outras instituições de reabilitação.