PM é preso suspeito de sequestrar membro de associação de imigrantes
Molho de chaves da vítima, uma jovem de 23 anos, foi encontrado em carro ocupado pelo agente e mais dois homens também detidos
atualizado
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São Paulo – Um policial militar foi preso sob a suspeita de integrar um grupo criminoso apontado como responsável pelo sequestro de uma jovem de 23 anos, de origem boliviana, para extorquir dinheiro de uma associação para a qual a estrangeira trabalha como secretária.
A vítima foi abordada por dois suspeitos, quando saía de casa para trabalhar, segundo a mãe dela, por volta das 5h50 do último dia 15, e foi colocada em seguida em um Chevrolet Cobalt prata. Isso ocorreu na zona norte da capital paulista.
O marido da vítima foi procurado pelos bandidos instantes depois, por meio de uma videochamada, na qual a companheira aparecia com os olhos vendados.
O homem, de 32 anos, afirmou em depoimento que os criminosos exigiam R$ 150 mil, em dinheiro, da Associação dos Comerciantes Imigrantes do Estado de São Paulo (Acilesp), onde a jovem trabalha, para que ela fosse libertada.
Um dos bandidos, com informações privilegiadas, sabia que o dinheiro da entidade era guardado na casa da secretária e pediu para que o companheiro dela mostrasse o montante, por meio da chamada em vídeo.
Após a ligação, o homem procurou a Polícia Militar, que o acompanhou até o 39º DP (Vila Gustavo), onde o caso foi notificado à Polícia Civil. Enquanto isso, a sobrinha da vítima ficou com o celular do homem, para manter contato com os bandidos.
Por fim, a quadrilha combinou com familiares da jovem sequestrada para que entregassem o dinheiro nas imediações de um shopping em Guarulhos, na Grande São Paulo. O resgate foi pago e a jovem libertada.
A irmã da secretária levou o dinheiro e compartilhou sua localização, em tempo real, com a polícia, por meio do celular. Apesar disso, ninguém foi preso na ocasião.
Tentativa de fuga e Prisão
Dois dias depois, no sábado (17/12), policiais militares faziam uma ronda rotineira pela Vila Maria, na zona norte, quando desconfiaram de um Chevrolet Cobalt, com as mesma característica do que havia sido usado para sequestrar a jovem boliviana. O veículo trafegava em frente à casa da vítima.
Quando deram sinal aos ocupantes do carro, uma fuga teve início, se estendendo por três quarteirões, até que o veículo parou, com a ajuda de outra viatura da PM.
O carro, segundo a polícia, era guiado por Eduardo Marques da Silva. Ao lado dele, no banco dianteiro, estava o soldado da PM Rafael Alves dos Santos, lotado em Guarulhos e, no banco traseiro, Acássio Guedes da Silva.
Os três se negaram a comentar sobre o caso à polícia. A defesa deles não havia sido localizada até a publicação desta reportagem. O espaço segue à disposição.
O policial conta com uma tatuagem de caveira, com armas cruzadas ao fundo, na região da costela. O mesmo tipo de desenho consta em outra tatuagem, no peito de outro dos suspeitos. Um deles também mantém um desenho da caveira do personagem de quadrinhos O Justiceiro em um dos braços.
Em uma mochila, apontada como sendo do PM, de acordo com registros policiais, foram encontrados dois distintivos similares aos usados por policiais civis, quatro carregadores de pistola, uma arma de brinquedo, duas algemas e uma faca.
Antes da abordagem, de acordo com testemunhas ouvidas na delegacia, os criminosos haviam tentado entrar na casa da boliviana, usando as chaves que lhe haviam roubado, quando ela foi sequestrada no dia 15.
Eles não conseguiram adentrar a residência, no entanto, pois a mulher havia trocado o miolo das fechaduras. Apesar disso, o trio chegou a acessar o quintal da casa, ainda de acordo com registros policiais.
Os três homens foram indiciados por extorsão mediante sequestro. A polícia representou pela prisão temporária deles, que foi acatada, durante audiência de custódia, na tarde desta segunda-feira (19/12), segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo.
A PM não havia se manifestado sobre a prisão do agente até a publicação desta reportagem.
A associação para a qual a vítima presta serviços foi procurada, mas também não deu retornos.