“Fui praticamente roubado pela polícia”, diz dono de joalheria de SP
Empresário de 46 anos questiona postura de policiais civis que cumpriram mandados de busca e apreensão em suas loja e casa
atualizado
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São Paulo – O proprietário de uma joalheria, alvo de busca e apreensão por policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), denuncia que a ação dos agentes foi “truculenta”, além de “desastrosa.”
Investigadores da 4ª Delegacia do Patrimônio teriam arrombado por engano duas portas de outros apartamentos, no litoral paulista, além de apresentarem um mandado no qual o nome do empresário Eduardo, de 46 anos, consta como Fabiano. Ele pediu para não ter o sobrenome publicado por questões de segurança
“A polícia, meu amigo, eles não chegam e falam para você: ‘olha tem um anel que você anunciou que é roubado’. Não. Eles chegaram com o mandado de busca e apreensão errado, não estava no meu nome, não tinha o número do apartamento do meu escritório. Eles simplesmente passaram pelo segurança, meteram o pé na porta. Ou seja, eu fui praticamente roubado pela polícia”, afirmou, sobre uma ação ocorrida nessa segunda-feira (19/12), na sede de sua joalheria.
Ele afirmou que, em nenhum momento, tinha ciência de ter exposto uma joia supostamente furtada, como afirmado pela polícia.
A empresa dele foi apontada pela polícia como suspeita de vender joias supostamente de origem criminosa, por meio do Instagram. Foram apreendidos na ocasião correntes, anéis, pulseiras, abotoaduras da marca Bulgari, brincos com pedras preciosas, pérolas, pedraria em geral, botons e relógios de luxo.
Eduardo rebateu a polícia, afirmando ao Metrópoles que, em 20 anos vendendo joias, sempre emitiu notas dos itens que compra e vende.
Sobre a ação do Deic, ele explicou que um anel, de suposta origem criminosa, foi exposto na rede social de sua empresa – que conta com mais de um milhão de seguidores -, sem que ele soubesse que o objeto era furtado.
“Meu ourives, ofereceram um anel para ele, que depois ofereceu a joia para mim. Mas achei caro, não tinha dinheiro para pagar. Aí, ele me sugeriu de compartilhar na página [na internet]. Filmei o anel, mostrei em uma live. Fiquei sabendo [depois] que tinha uma [suposta] queixa de roubo e eu não tava mais com ela [a joia]”, justificou o empresário, acrescentando que não comprou o item, apenas divulgou sua disponibilidade a eventuais compradores.
Eduardo disse ainda que o Deic desconfia que somente um anel, de todo o catálogo do empresário, seria produto de um suposto furto. Sobre isso, ele acrescentou que pode provar que a peça foi feita de forma artesanal por um artista. “O rapaz que fabricou o anel, me mandou fotos dele fazendo [a joia]. Ou seja, a única peça que eles [policiais] tiveram suspeita [de furto], a gente consegue provar que foi fabricação própria, não minha, mas da pessoa que me deu para anunciar, que me garantiu que fabricou a joia.”
Ele reforçou ter notas fiscais de todos os produtos que compra e vende, acrescentando que grande parte de suas joias são adquiridas em leilões da Caixa Econômica Federal.
Portas arrombadas por engano
A joalheria dele, na Praia Grande, foi alvo de buscas, nessa segunda-feira, em cumprimento a um mandado de busca e apreensão, expedido pela Justiça.
Os policiais, segundo o empresário, tentaram entrar em sua casa, no mesmo dia, mas foram impedidos, pois o mandado mostrado por eles continha informações incorretas.
Antes disso, acrescentou Eduardo, os agentes arrombaram por engano a porta do apartamento de um casal de idosos, de 82 e 85 anos, no sétimo andar do prédio.
Nesta terça, os policiais voltaram ao edifício e arrombaram novamente, por engano, outro apartamento, no 10º andar, onde moram uma senhora de 72 anos e o filho, portador de transtorno do espectro autista, de 39 anos.
“Quase mataram ela do coração. Arrebentaram a porta do apartamento e pediram desculpas. Falaram que iriam pagar a porta”, relatou o empresário.
O barulho do arrombamento da porta da vizinha fez com que ele percebesse a presença da polícia. Ele a aguardou em seu apartamento, com a porta aberta.
No local, nesta terça, foram apreendidos bijuterias e objetos sem valor.
O empresário acrescentou que, na operação dessa segunda, investigadores levaram joias “sem necessidade”, pois ele tinha como comprovar a origem de todas elas, incluindo itens de clientes que eram restaurados ou consertados.
SSP e Deic
A Secretaria da Segurança pública (SSP) de São Paulo confirmou as apreensões feitas pelo Deic, acrescentando que “parte dos objetos foi reconhecida por uma vítima de furto.”
A pasta acrescentou que todos os itens – entre correntes, anéis, pulseiras, abotoaduras Bulgari, brincos com pedras, pérolas, diversas pedras, botons e relógios de pulso – serão submetidos a reconhecimento “pelas diversas vítimas de furtos e roubos à residências”, sem especificar o número de casos e locais onde ocorreram.
Sobre a denúncia sobre a conduta dos policiais, ao cumprirem os mandados de busca e apreensão, a secretaria orientou para que a Corregedoria da Polícia Civil seja procurada, “para a devida apuração dos fatos.”
Entre sábado e terça, a 4ª Delegacia do Patrimônio do Deic realizou ao menos quatro ações envolvendo suspeitos de furto e receptação de joias.