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Dupla ligada ao CV é presa por negociar armas furtadas do Exército

Jesser Marques e Márcio Geber foram presos em Santana de Parnaíba, na Grande SP; eles são suspeitos de tentar vender as armas furtadas

atualizado

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Reprodução/TV Globo
prisao jesse
1 de 1 prisao jesse - Foto: Reprodução/TV Globo

São Paulo — A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, na noite dessa quinta-feira (11/4), dois suspeitos de negociar as 21 armas furtadas do Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri, na região metropolitana, em setembro do ano passado.

Jesser Marques Fidelix, conhecido como Jessé, de 31 anos, e Márcio André Geber Boaventura Júnior, de 24, foram presos em um condomínio de luxo em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, durante o cumprimento de nove mandados de busca e apreensão em endereços no Rio de Janeiro e em São Paulo.

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Jessé e Marcio foram presos na quinta-feira (11/4), em São Paulo
Jessé e Marcio foram presos na quinta-feira (11/4), em São Paulo
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Jessé e Marcio foram presos na quinta-feira (11/4), em São Paulo

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Jessé e Marcio foram presos na quinta-feira (11/4), em São Paulo

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Jessé e Marcio foram presos na quinta-feira (11/4), em São Paulo

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De acordo com investigações da polícia do Rio, Jessé é fornecedor de armas e drogas de organizações criminosas fluminenses, em especial o Comando Vermelho (CV). Natural do Espírito Santo, ele tem imóveis no Rio e em São Paulo, além de uma distribuidora de bebidas na capital fluminense.

Segundo o delegado Pedro Cassundé, as investigações sobre os presos começaram a partir de um vídeo que circulou na internet. “Identificou-se, através das declarações de um colaborador, que esses dois indivíduos estariam negociando para empregar essas armas de fogo na guerra na zona oeste [do Rio], entre o Comando Vermelho e a milícia, na região da Gardênia Azul e Cidade de Deus, afirmou o delegado à TV Globo.

Os demais alvos da operação são pessoas “relacionadas a Jessé e Márcio” e que estão diretamente ligadas a essa negociação, de acordo com Cassundé. Na manhã desta sexta-feira (12/4), os agentes cumpriram mandados de buscas e apreensão em endereços ligados à quadrilha dos dois presos e apreenderam uma pistola, dois carregadores, um rastreador, quatro carros, um caminhão, 12 telefones celulares, três notebooks, pen drives, documentos diversos e outros materiais.

Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, as investigações indicam que os presos e outros investigados atuam no comércio ilícito de armas de fogo, principalmente as de uso restrito, bem como de outras práticas criminosas, como receptação e clonagem de veículos para escambo por armas com grandes fornecedores.

Em nota, o Comando Militar do Sudeste informou que a Polícia Judiciária Militar está em contato com a Delegacia de Repressão a Entorpecentes do Rio de Janeiro “a fim de esclarecer os fatos que envolveram a prisão de um dos réus do inquérito”.

Negociador de armas

Jessé é apontado pelas investigações como o usuário do carro em que foram encontradas duas metralhadoras .50 do Exército. O veículo com as armas, incluindo um fuzil 7.62 cuja origem ainda é desconhecida, estava estacionado, aparentemente abandonado, na Avenida Lúcio Costa, na Praia da Reserva, zona oeste do Rio. Os investigadores dizem ter chegado até o carro após monitorar e seguir os passos do condutor.

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Metralhadoras recuperadas pela polícia do Rio durante operação no dia 19 de outubro; armamento havia sido furtado do Arsenal de Guerra de SP
Nove armas furtadas do Exército foram encontradas pela Polícia Civil de São Paulo, na madrugada de 21 de outubro
PF não foi acionada pelo Exército após furto de armas
As armas furtadas do Exército foram encontradas enterradas em uma mata próximo a um lago em São Roque (SP)
Segundo a Polícia Civil, armas furtadas do Exército seriam vendidas para o PCC e o CV
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Oito metralhadoras do Exército foram encontradas na comunidade Gardênia Azul, no Rio de Janeiro

Polícia Civil/RJ
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Metralhadoras recuperadas pela polícia do Rio durante operação no dia 19 de outubro; armamento havia sido furtado do Arsenal de Guerra de SP

Divulgação/Polícia Civil do Rio de Janeiro
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Nove armas furtadas do Exército foram encontradas pela Polícia Civil de São Paulo, na madrugada de 21 de outubro

Divulgação/Polícia Civil de SP
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PF não foi acionada pelo Exército após furto de armas

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As armas furtadas do Exército foram encontradas enterradas em uma mata próximo a um lago em São Roque (SP)

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Segundo a Polícia Civil, armas furtadas do Exército seriam vendidas para o PCC e o CV

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Ao todo, 21 armas foram furtadas do Exército

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Fachada da delegacia de Carapicuíba, que encontrou nove armas furtadas do Exército

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Fachada do Arsenal de Guerra de São Paulo, de onde 21 metralhadoras foram furtadas

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Fachada do Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), unidade do Exército de onde foram furtadas 21 metralhadoras

Divulgação/Exército do Brasil

Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, Jessé seria fornecedor de armas e drogas de organizações criminosas fluminenses. O criminoso teria endereços em São Paulo e no Rio, além de uma distribuidora de bebidas na capital fluminense.

Também conhecido como Capixaba, ele seria o responsável, de acordo com as investigações, por levar o armamento de guerra do Exército de São Paulo para o Rio. O comércio de bebidas de sua propriedade, assim como outros negócios atribuídos a ele, seria usado para a lavagem de dinheiro de transações criminosas.

As investigações apontam que Jesser e um comparsa, morto em uma suposta execução praticada por traficantes, estiveram em várias comunidades do Rio tentando vender o armamento.

A morte do homem ligado a Jesser teria acontecido entre os dias 10 — quando o extravio foi notado pelas Forças Armadas — e 19 de outubro — data em que a Polícia Civil do Rio encontrou as primeiras oito metralhadoras do Exército em um carro na entrada da Gardênia Azul, comunidade recentemente tirada das mãos da milícia pelo Comando Vermelho (CV).

Réus e outras prisões

Em fevereiro, a Justiça Militar tornou réus oito pessoas por envolvimento no furto de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra de São Paulo — entre elas, o ex-diretor da unidade, tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista. Foram aceitas denúncias contra quatro militares e quatro civis.

As denúncias separam os réus que tiveram participação direta daqueles com atuação indireta no crime. Entre os diretamente envolvidos estão os cabos Vagner da Silva Tandu, de 23 anos, e Felipe Ferreira Barbosa, que são amigos. Os dois tiveram a prisão decretada e estão presos em um batalhão do Exército em Osasco.

A Justiça considerou que o tenente-coronel Batista e um primeiro-tenente tiveram participação indireta, por inobservância de lei, regulamento ou instrução. Quatro civis foram denunciados por receptação — pelo menos um deles é ligado ao Comando Vermelho (CV) e atuou no sentido de oferecer o armamento à facção criminosa.

De acordo com as investigações, o desvio do armamento de guerra ocorreu entre os dias 5 e 8 de setembro, mas só foi percebido mais de um mês depois, no dia 10 de outubro, durante uma inspeção no quartel.

A partir daí, o inquérito policial militar foi aberto. Três dias depois, o caso veio a público em reportagem do Metrópoles e ganhou repercussão nacional. Até hoje, duas metralhadoras antiaéreas ainda não foram recuperadas.

Militares envolvidos

Desde o início das investigações, o Exército admitiu a possibilidade de envolvimento de militares no caso. Eles teriam atuado no sentido de facilitar a retirada das armas do quartel. Foram 13 metralhadoras calibre .50, que podem derrubar aeronaves, e oito calibre 7.62, que perfuram veículos blindados.

O inquérito apontou que Vagner Tandu, que era motorista do coronel Batista, então comandante do Arsenal, tirou o armamento do quartel na caminhonete do oficial. Ele teve a ajuda do cabo Felipe Barbosa, que teria apoiado a desligar as câmeras, desativar alarmes e romper o lacre do depósito em que estava o armamento.

Depois que as armas foram retiradas, Felipe Costa teria restabelecido o sistema de segurança e colocado um novo lacre na porta do depósito.

As armas, então, teriam sido negociadas com o CV por meio dos quatro civis denunciados. A facção criminosa, no entanto, não se interessou pelas metralhadoras.

Duas armas desaparecidas

Até o momento, 19 metralhadoras foram recuperadas – dez no Rio (em ocorrências diferentes na comunidade Gardênia Azul e na Praia da Reserva, ambas na zona oeste da cidade) e nove em São Roque, no interior paulista. As duas armas que ainda não encontradas são as de calibre .50.

O escândalo provocou a troca no comando do Arsenal. O tenente-coronel Batista, agora denunciado, foi exonerado em novembro do cargo de diretor e passou a cumprir funções burocráticas na 2ª Região Militar, na sede do Comando Militar do Sudeste, em São Paulo.

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