Polícia Civil registrou queda de helicóptero como “homicídio culposo”
Boletim de ocorrência, obtido pelo Metrópoles, cita piloto Cassiano Tete Teodoro, que também morreu na queda de helicóptero, como autor
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – A Polícia Civil de São Paulo investiga a responsabilidade do piloto Cassiano Tete Teodoro, de 44 anos, na queda do helicóptero em Paraibuna, na região do Vale do Paraíba, no interior paulista, na véspera do Réveillon. Ele e três tripulantes morreram no acidente.
O boletim de ocorrência, obtido pelo Metrópoles, foi registrado como “homicídio culposo” (quando não há intenção de matar), por “inobservância de regra técnica de profissão”. No documento, o piloto do helicóptero consta como “autor” do suposto crime.
Também estavam na aeronave os passageiros Raphael Torres de Oliveira, 41; Luciana Rodzewics dos Santos, 46, e Letícia Ayumi Sakumoto, 20. Todos foram registrados como “vítimas” na ocorrência.
A aeronave decolou no Campo de Marte, na zona norte da capital paulista, no dia 31 de dezembro de 2023, e chegou a ficar 12 dias desaparecida. Os escombros foram localizados na sexta-feira (12/1), em uma área de mata, pela Polícia Militar (PM).
A localização da aeronave foi registrada na Delegacia de Polícia de Paraibuna. O caso também é investigado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáutico (Cenipa) da Força Aérea Brasileira (FAB).
Piloto
Durante a carreira de piloto, Cassiano recebeu mais de 17 autos de infração e entrou na mira do Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP).
Em 2022, ele também teve a licença de piloto caçada por suposta “conduta grave de fraude” e só recuperou a autorização em outubro de 2023 após realizar uma série de cursos.
O piloto era um dos sócios da CBA Investimentos, que compartilhava a propriedade da aeronave, a RGI Locações. O helicóptero não tinha autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para realizar o serviço de táxi aéreo.
Conforme divulgado pelo Metrópoles, o MPF também recomendou, há mais de um ano, o fim da prestação de serviço dessas empresas por considerar que elas atuavam de forma clandestina.
Pouso forçado
Familiares de Letícia e Luciana relataram ao Metrópoles que elas foram convidadas por Raphael, amigo de Letícia, para um “bate-volta” de São Paulo até Ilhabela, no litoral norte do estado. Raphael era amigo de Cassiano.
Pouco antes de a aeronave sumir do radar, Letícia enviou uma mensagem e um vídeo ao namorado mostrando as más condições do tempo, relatou que o piloto precisou fazer um pouso forçado.
“Tá perigoso. Muita neblina. Estou voltando”, escreveu Letícia. No vídeo enviado por ela ao namorado, o helicóptero aparece encoberto por neblina.
Para as equipes de investigação, a suspeita é que o helicóptero não tenha ficado muito tempo no solo antes de decolar novamente. Dessa vez, com a viagem já abortada, Cassiano voltaria para a capital paulista.
Investigadores da FAB e a Polícia Civil ainda têm dúvida é se, no momento da queda, o piloto perdeu o controle do helicóptero ou falhou ao tentar fazer um segundo pouso forçado.