Polícia busca até Ifood de aluna suspeita de desvio em formatura
Aluna de medicina suspeita de aplicar golpe em dinheiro da formatura já era alvo de investigação sobre estelionato e lavagem de dinheiro
atualizado
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São Paulo – A Polícia Civil pegou dados até das contas do Ifood, Nubank e Mercado Livre da aluna suspeita de desviar R$ 920 mil do fundo da formatura de sua turma de medicina na USP em uma investigação sobre possíveis crimes de estelionato e lavagem de dinheiro que ela teria cometido no ano passado.
A estudante Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos, é alvo de um inquérito policial depois tentar apostar, sem pagar, um total de R$ 891 mil em bilhetes da Lotofácil. Além disso, ela passou a ser investigada por suposta apropriação indébita de quase um milhão de reais do fundo de formandos da 106ª turma da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
O Metrópoles tentou contato com a estudante, mas ela não atendeu o telefone. O espaço segue aberto para manifestação.
As investigações ocorrem de forma paralela. A lavagem de dinheiro vinha sendo apurada desde junho do ano passado, quando o dono de uma casa lotérica de 59 anos procurou uma delegacia em São Bernardo do Campo para registrar uma tentativa de golpe.
É neste inquérito que a delegada responsável pediu a quebra de sigilo das contas da estudante nas empresas, os pedidos foram para o fornecimento de dados cadastrais, sob a justificativa de que as informações são de “extrema importância para a continuidade das investigações”.
Os colegas de turma relacionaram os dois casos apenas no final da semana passada, após terem conhecimento do suposto desvio.
Polícia investiga suposto desvio
A Polícia Civil informou que intimou os envolvidos no caso do dinheiro da comissão de formatura que “sumiu” para prestar depoimento. A estudante suspeita de praticar o desvio alegou aos colegas que aplicou a quantia em uma gestora de investimentos, que teria dado um golpe e roubado os cerca de R$ 920 mil.
“Estou escrevendo para dizer que não temos dinheiro. Com toda a dor, culpa e arrependimento que vocês podem imaginar”, escreveu a estudante em um grupo de WhatsApp. Em uma outra mensagem, ela chegou a convocar uma reunião de emergência para explicar o caso antes que ele tivesse repercussão.
A investigação está em andamento no 16º Distrito Policial.
O que diz a Faculdade de Medicina da USP
A Diretoria da Faculdade de Medicina afirma que foi informada que a Comissão de Formatura foram vítimas de fraude e que “os fatos estão sendo apurados, buscando-se identificar os responsáveis pela fraude e a Diretoria está apoiando na orientação aos alunos envolvidos”.
O que diz a comissão de formatura
A comissão de formatura da 106ª turma do curso de Medicina da Faculdade de Medicina da USP emitiu uma nota dizendo que teve conhecimento de que a então presidente da comissão transferiu, sem o conhecimento do outro membro da comissão, o montante de 927 mil reais para uma conta pessoal.
Veja a nota na íntegra:
“A Associação de Formatura da 106a Turma do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo informa que, no dia 6 de janeiro de 2023, teve conhecimento de que a então Presidente desta comissão retirou, sem o conhecimento e consentimento de qualquer outro membro da comissão, um montante totalizando aproximadamente 927.000,00 reais. A atitude isolada não representa moral e eticamente a postura dos demais membros desta Comissão e os mais de 110 alunos aderidos, vítimas dessa conduta.
Ressalta-se o entendimento desta comissão de que a [suspeita] descumpriu nosso Estatuto ao movimentar esse montante sem a assinatura de nenhum outro membro e transferindo-o a uma conta pessoal sua. Na data do 6 de janeiro de 2023 a Comissão da Turma 106 tomou conhecimento dos fatos por meio de uma mensagem de WhatsApp em que a [suspeita] confessava as transferências para uma conta pessoal sua. Ela alega ter perdido cerca de 800,000.00 reais investindo em um esquema supostamente fraudulento da empresa “Sentinel Bank”. O restante, confessa ter utilizado para, em cunho pessoal, contratar advogados para tentar reaver o dinheiro perdido. O montante de cerca de 927.000,00 foi arrecadado durante 4 anos pela empresa ÁS Formaturas.
De toda a história contada pela [suspeita], o único fato que temos certeza é a transferência do montante guardado sob custódia da empresa ÁS Formaturas para uma conta pessoal dela. Ainda estamos averiguando em que contexto foram realizadas as transferências”.
O que diz a ÁS Formaturas
A Ás Formaturas afirma que não era responsável pela realização ou produção do evento de formatura. A empresa era incubida de arrecadar os valores dos formandos e transferir para a turma. Em nota, a Ás informou que “todas as transferências foram realizadas rigorosamente conforme estabelecido nas cláusulas contratuais”.
“Estamos à disposição das autoridades para o fornecimento de contratos, documentos, e-mails e demais informações. Finalmente, gostaríamos de informar que mesmo estando isento de responsabilidades legais, estamos em contato com a comissão de formatura para buscar algum tipo de solução que viabilize a realização do evento planejado”, diz a nota.