Polícia apura se fragmentos de osso são de secretária da Apae de Bauru
Um laudo preliminar no caso do desaparecimento da funcionária da Apae de Bauru aponta fragmentos de ossos humanos em materiais apreendidos
atualizado
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São Paulo — Um laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) divulgado nessa quarta-feira (21/8) apontou que materiais apreendidos pela Polícia Civil de Bauru no caso do desaparecimento da funcionária da Apae Claudia Regina da Rocha Lobo, de 55 anos, são fragmentos de ossos humanos.
Ainda não se sabe de quem são esses fragmentos. Os materiais apreendidos nessa terça-feira (20/8) foram enviados ao Núcleo de Biologia em São Paulo, para confronto com as amostras de DNA já recolhidas do veículo, de pertences pessoais da vítima e de amostras da filha dela, Letícia da Rocha Lobo.
De acordo com a Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Bauru, os fragmentos foram encontrados em um buraco na terra de uma chácara onde eram descartados e queimados materiais inservíveis da Apae, como papéis e documentos velhos.
A hipótese da polícia é de que, após matar Claudia, Roberto levou o corpo até esse local e o incinerou. Depois disso, o carro teria sido levado por uma pessoa de confiança do ex-presidente da Apae para o local onde o carro foi encontrado pela polícia um dia depois do desaparecimento da secretária-executiva, em 7 de agosto, na Rua Alameda Três Lagoas, na Vila Dutra, em Bauru.
Principal suspeito no caso que a polícia trata como homicídio, o presidente da Apae de Bauru, Roberto Franceschetti Filho, está preso temporariamente desde 15 de agosto. A Deic de Bauru procura pelo corpo de Claudia, que é funcionária da Apae há 20 anos e está desaparecida há 16 dias.
A munição deflagrada de uma pistola calibre 380, encontrada no carro conduzido por Franceschetti em 6 de agosto, dia em que Cláudia foi vista pela última vez no banco traseiro, foi disparada pela arma dele, conforme laudo pericial divulgado pela Polícia Civil na terça (20).
Como mostrado pelo Metrópoles, o estojo da arma, encontrado no carro ocupado pelo suspeito e pela vítima, era compatível com a arma apreendida pela polícia na casa de Franceschetti. A pistola estava descarregada em um cofre, com três carregadores, uma cartela nova de munições e três projéteis.
Segundo documento policial obtido pela reportagem, os policiais localizaram imagens de Claudia ao volante de uma GM Spin estacionando ao lado de um terreno na Rua Maestro Oscar Mendes, no Jardim Pagani, um bairro afastado de Bauru, no interior de São Paulo.
Nas imagens investigadas pela polícia, Roberto Franceschetti Filho sai do banco do passageiro e passa para o do motorista, e logo depois Claudia entra no banco de trás. Foi exatamente no banco traseiro onde foram encontrados vestígios de sangue humano, de acordo com laudo pericial. Exames de DNA são aguardados para se constatar se o sangue é da secretária da Apae.
A polícia encontrou, ainda, um óculos de Cláudia, reconhecido pelos familiares.
Entenda o caso
Em 6 de agosto, imagens de câmera de segurança flagraram a funcionária deixando o prédio onde fica o escritório administrativo da entidade, com um envelope na mão, em direção ao mesmo carro, um Spin branco (veja abaixo). Esse foi o dia em que Claudia foi vista pela última vez.
Ela saiu, sozinha, sem os documentos e o aparelho celular, e teria dito a outra funcionária da Apae que resolveria questões relacionadas ao trabalho. De acordo com o delegado Cledson Nascimento, provavelmente, o telefone ficou lá para que Claudia não pudesse ser rastreada.
“Nós conseguimos imagens em que verifica-se que ele [Roberto Franceschetti] também está no veículo com ela. Provavelmente ela o pegou numa outra região da cidade”, afirma o delegado Cledson Nascimento.
As prováveis motivações para o crime não foram ainda aventadas publicamente pela polícia.
O que diz a Apae
Em nota divulgada na quinta-feira (15/8), a Apae de Bauru informou que “se surpreendeu com a notícia do envolvimento de Roberto Franceschetti Filho no desaparecimento de Claudia Regina da Rocha Lobo, de 55 anos, funcionária da entidade”.
“A diretoria executiva vem a público esclarecer que o fato não tem relação com os serviços prestados”, diz o comunicado assinado pela nova presidente da entidade, Maria Amélia Moura Pini Ferro.
Em 8 de agosto, dois dias após o desaparecimento de Claudia Lobo, o próprio Roberto Franceschetti Filho, então presidente da Apae, assinou uma nota em que lamenta o desaparecimento da funcionária. “Todo o corpo diretivo tem se empenhado em prestar o máximo auxílio necessário às autoridades competentes, que seguem empenhadas nas buscas por sua localização”, escreveu.
“A associação também está prestando apoio à família da funcionária na esperança de seu encontro”, diz o comunicado, que disponibilizou um número de telefone da polícia para quem tivesse informações.