Polícia abre 2 inquéritos para investigar PM que agrediu dona de casa
Duas delegacias vão investigar as circunstâncias do caso em que um PM agrediu uma dona de casa com um soco no rosto em Campinas (SP)
atualizado
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São Paulo — Duas delegacias da Polícia Civil investigam o caso em que um policial militar agrediu com um soco no rosto uma dona de casa de 48 anos em Campinas, no interior de São Paulo, em 21 de outubro (veja vídeo abaixo). Os três agentes que aparecem no vídeo da abordagem (veja abaixo) já foram afastados.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o 6º Distrito Policial de Campinas vai investigar a versão dos policiais militares, registrada em boletim de ocorrência em outubro, de que a mulher teria resistido à prisão após agredir a própria filha.
No dia do ocorrido, segundo a defesa da dona de casa, Thais Cremasco, a dona de casa e a filha estavam brigando em razão da presença do ex-companheiro da mulher de 48 anos na casa dela, no Jardim Santa Amália. Em depoimento à polícia, a filha relatou que houve uma discussão entre seus pais, na qual ela interveio e acionou a Polícia Militar.
Paralelamente, a 2° Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) do município vai apurar, além da lesão corporal da mulher contra a filha, o descumprimento de medidas protetivas. A dona de casa tinha uma ordem judicial contra o ex-companheiro, por episódios de violência doméstica.
A SSP informou ainda que investiga o caso por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM).
Ouvidoria pediu prisão
A Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo pediu à Corregedoria da Polícia Militar que o agente flagrado agredindo a dona de casa seja preso imediatamente. Além disso, pediu para que seja apurado quantos policiais militares (PMs) ao todo participaram da ocorrência.
O ouvidor Claudio Aparecido da Silva afirmou ao Metrópoles na quarta-feira (11/12) que a conduta do policial é “de uma brutalidade sem precedentes”. “Eu avalio como uma conduta totalmente inadequada, que não guarda nenhuma legitimidade ou amparo legal, e de uma brutalidade sem precedentes. O negócio é difícil de ver. É uma coisa que a gente acaba assistindo, mas por obrigação de ofício, porque não é bom ver aquele tipo de imagem”, avaliou.
Segundo Claudio Aparecido, a Ouvidoria ainda vai acionar o Ministério Público de São Paulo (MPSP) para acompanhar a investigação da Corregedoria. Para ele, a agressão “não tem nenhuma possibilidade de ser caso isolado”.
“A gente tem total clareza de onde vem essa violência. A postura da atual gestão da Segurança Pública no Estado de São Paulo é de desconstrução de organismos de controle interno e externo, uma postura de legitimação [da conduta policial]”, afirmou Claudio Aparecido. “A cada nota que a Secretaria de Segurança Pública emite sobre determinados casos, ela legitima a versão dos policiais e a atuação dos policiais.”
Relembre o caso
Uma câmera de segurança registrou o momento em que a mulher é abordada por três PMs em 21 de outubro, em frente à sua residência no Jardim Santa Amália.
Veja:
Segundo a advogada da vítima, Thais Cremasco, ao chegar no local, os policiais “começaram a questionar e a pressionar a mãe”.
“Ela [dona de casa] se exaltou com a truculência da polícia. Eles começaram a discutir, saíram pra fora [de casa] e aconteceu essa cena”, afirmou Thaís ao Metrópoles.
A cena à qual a advogada se refere é o momento em que um dos PMs envolvidos na ocorrência desfere um soco no rosto da vítima, enquanto ela já estava algemada (veja acima).
Segundo a denúncia apresentada pela advogada à Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo, durante a discussão, o PM teria falado à vítima para ficar quieta ou senão “levaria um soco na cara”.
As imagens mostram a vítima caindo no chão depois de receber um soco desferido pelo agente público. Ainda de acordo com o documento apresentado à corregedoria, o policial usou uma algema como arma. Após ser agredida, a mulher foi algemada e levada ao pronto-socorro em uma viatura.
Os vizinhos tentaram acionar o Samu para atender a mulher, porém foram impedidos pelos PMs que estavam na ocorrência. Segundo a denúncia, os agentes ainda mandaram os vizinhos lavarem a calçada para “esconder o sangue”.
A SSP disse que “todo e qualquer excesso cometido por policiais será penalizado em conformidade com a lei”.