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PMs são treinados para combater “terrorismo” do PCC, diz comando-geral

Comandante geral da PM paulista, Cássio Araújo de Freitas, divulgou formatura de policiais que fizeram curso de enfrentamento

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PM fardado dá a mão para outro que compõe fila, na qual há seis policiais, lado a lado - Metrópoles
1 de 1 PM fardado dá a mão para outro que compõe fila, na qual há seis policiais, lado a lado - Metrópoles - Foto: Reprodução/Instagram

São Paulo – O comandante-geral da Polícia Militar paulista, coronel Cássio Araújo de Freitas, comemorou em uma rede social a formatura de policiais que realizaram o Curso de Combate ao Crime Organizado, promovido no 1º Batalhão de Polícia de Choque Tobias Aguiar, mais conhecido como Rota.

Em 16 de abril, ao lado do capitão da reserva da PM e atual secretário da Segurança Pública paulista, Guilherme Derrite, o coronel lançou uma diretriz a ser seguida por policiais militares no enfrentamento ao crime organizado.

Como mostram investigações do Ministério Público de São Paulo, o Primeiro Comando da Capital (PCC) é a organização criminosa hegemônica no território paulista, responsável e envolvida em praticamente todas ações ilícitas estruturadas no estado.

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Pelotão da PM em formação
Policiais da Rota participaram de evento
Coronel Cássio parabeniza formando
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Comandante da PM participou de formatura

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Policiais da Rota participaram de evento

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Coronel Cássio parabeniza formando

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“Há alguns anos era praticamente proibido falar em terrorismo no Brasil, mesmo com 20 criminosos armados com fuzis e explosivos, atirando em um policial, mesmo com essas quadrilhas implantando medo na população, dominando cidades. Nessa diretriz falamos disso. A única diferença do terrorismo que acontece aqui para o de outros países é que não tem uma motivação política ou religiosa. A finalidade é exclusivamente econômica, o bandido quer dinheiro”, afirmou o comandante geral da PM, em abril.

Coronel Cássio ainda disse em seu discurso de lançamento ser “dever” da PM acabar com a cultura das facções criminosas e atacar os “alicerces” que as mantêm, tais como: economia e cultura ilícita, domínio de território, cognição e ação criminal.

“É dever da instituição agir com estratégia para acabar, quebrar, ou criar fissuras em todos eles”, acrescentou na ocasião.

Essas atribuições reivindicadas pelos militares gerou desconforto com a Polícia Civil, a qual tem como principal prerrogativa o trabalho de investigação, incluindo das organizações criminosas.

Crise institucional

Sob o argumento de desafogar as delegacias, o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) deu início a um conjunto de ações para que a Polícia Militar (PM) exerça atividades de investigação no estado, ainda em abril.

Um grupo de trabalho foi instituído no dia 22 do mesmo mês, em um recuo da Secretaria da Segurança Pública, após o Metrópoles revelar que a gestão de Derrite havia elaborado uma ordem preparatória para instituir o TC/PM. Na prática, as medidas planejadas dariam aos agentes poder para investigar casos considerados de “menor potencial ofensivo”, uma atribuição da Polícia Civil.

O projeto causou a reação de delegados da Polícia Civil paulista e motivou uma crise entre as instituições.

A expectativa era que o relatório final do grupo de trabalho fosse apresentado em 14 de junho, o que não ocorreu. Na época, a SSP disse que ainda não havia uma conclusão, e que o relatório seria apresentado até o fim do mês, o que também não ocorreu.

Em uma resolução publicada no Diário Oficial de 17 de julho, com caráter retroativo, porque a contagem começou em 4 de julho, Guilherme Derrite prorrogou, por mais 60 dias, o prazo para a conclusão do grupo de trabalho montado para discutir a possibilidade de ampliar os poderes da PM.

Em entrevista ao Metrópoles, o presidente da Associação dos Delegados de Polícia de São Paulo (Adpesp), André Santos Pereira. afirmou que a sequência de episódios que agravou a crise entre as polícias se deu a partir de abril, quando foi deflagrada a Operação Fim de Linha, no dia 9 daquele mês, excluindo a Polícia Civil das investigações sobre o esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) em empresas de ônibus na cidade de São Paulo.

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Coletiva do MPSP e da SSP sobre operação em empresas de ônibus; na foto, coronel Cássio de Freitas (esq.) e o secretário Guilherme Derrite
Viaturas policiais a postos para participar da Operação Fim de Linha, do MPSP, que mira empresas de ônibus suspeitas de ligação com o PCC
Policiais militares de São Paulo
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Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo

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Coletiva do MPSP e da SSP sobre operação em empresas de ônibus; na foto, coronel Cássio de Freitas (esq.) e o secretário Guilherme Derrite

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Viaturas policiais a postos para participar da Operação Fim de Linha, do MPSP, que mira empresas de ônibus suspeitas de ligação com o PCC

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Desequilíbrio de recursos

Levantamento feito pelo Metrópoles com base nos dados da Secretaria Estadual da Fazenda mostra que a gestão Derrite mais do que triplicou os investimentos previstos para a PM neste ano e já liberou, para gastos da corporação com obras e compra de equipamentos, um valor 38 vezes maior do que o empenhado para a Polícia Civil desde janeiro.

No ano passado, a Assembleia Legislativa (Alesp) aprovou um orçamento de R$ 20,7 milhões em investimentos para a Polícia Militar e de R$ 16,3 milhões para a Civil. É desse montante que as polícias tiram dinheiro para reformar batalhões e delegacias e comprar armas e viaturas, por exemplo.

Ao longo do primeiro quadrimestre, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) autorizou remanejamentos de recursos que elevaram o caixa da PM para R$ 70,5 milhões – aumento de 240% – e o da Polícia Civil para R$ 24 milhões – alta de 47%.

Em 24 de abril, após a publicação sobre as discrepâncias de investimentos,  a SSP enviou uma nota na qual relata haver uma previsão de gastos com a Polícia Civil de R$ 5,9 bilhões em 2024 — dado que inclui despesas obrigatórias, como o pagamento de salários —, que representam aumento de 13,4% em relação ao ano passado.

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