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“Me tiraram de dentro da UTI”, diz médica presa por PMs em hospital

Policiais acusaram médica de desacato após profissional se recusar a dar informações sobre um paciente; local ficou 3 horas sem atendimento

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Reprodução/TV Globo
Imagem colorida desfocada mostra uma médica, mulher, vestida de preto sentada em uma cadeira - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida desfocada mostra uma médica, mulher, vestida de preto sentada em uma cadeira - Metrópoles - Foto: Reprodução/TV Globo

São Paulo — Policiais militares prenderam uma médica de 53 anos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Ipiranga, na zona sul de São Paulo, na noite desse domingo (1°/10). Ela teria sido acusada de desacato após recusar fornecer informações aos policiais sobre o estado de saúde de um colega, que está internado na unidade.

Testemunhas relataram à TV Globo que uma equipe da PM foi até a unidade para saber sobre o estado de saúde do policial aposentado que deu entrada na UTI, e pediu o boletim médico. Porém, a médica teria se negado a fornecer as informações por estar fora do horário de visitas e porque o procedimento do hospital determina que o boletim só pode ser passado para familiares.

Com isso, os policiais deram voz de prisão à profissional dentro da UTI e a levaram para o 17º DP.

“Fui algemada e me colocaram no camburão. Me tiraram de dentro da UTI e os pacientes ficaram sozinhos”, afirmou a profissional em entrevista à emissora, enquanto estava no 17º DP.

A UTI do hospital teria ficado cerca de 3 horas sem atendimento até a liberação da médica, disseram as testemunhas.

Na versão dada pelos policiais no boletim de ocorrência, publicada pela reportagem, a acusação de desacato se deu porque a médica teria arremessado um documento no rosto de um tenente da PM.

O que dizem as autoridades

O Hospital Ipiranga lamenta o ocorrido e informa que dará total apoio à profissional médica envolvida no caso. A instituição explica que, de acordo com a Legislação, o boletim médico só pode ser passado a familiares, responsáveis legais ou por determinação judicial.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) afirmou que “embora o caso em questão seja de extrema sensibilidade, cabe ressaltar que os médicos devem prezar pelos seus deveres éticos, de sigilo e confidencialidade, conforme determina o artigo 75 do Código de Ética Médica.

O órgão informou que acolherá a médica, “que usou de suas prerrogativas éticas na ocasião, não podendo ser coagida a quebrar o decoro da profissão”.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou em nota que vai investigar a conduta dos policiais e, se for comprovado excesso, medidas serão adotadas.

A Secretaria da Saúde do estado também não respondeu o contato da reportagem. O espaço segue aberto para manifestações e esclarecimentos.

O caso foi registrado como desacato, ela foi liberada e o registro, encaminhado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim).

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