PMs já mataram ao menos 43 desde fim de janeiro na Baixada Santista
Levantamento baseado nos dados do MPSP mostram que ao menos 43 foram mortos na região da Baixada Santista desde a morte de soldado em 26/1
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo — Levantamento realizado nesta terça-feira (20/2) pelo Metrópoles aponta que ao menos 43 pessoas foram mortas por policiais militares nas cidades da Região Metropolitana da Baixada Santista desde a morte do PM Marcelo Augusto da Silva, em 26 de janeiro.
Os números têm como base dados de transparência do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do Ministério Público de São Paulo.
Os dados, que corrigem os números publicados em matérias anteriores, apontam que a matança promovida por PMs nas cidades da região começou dois dias após a morte de Silva. Entre 28 e 31 do mês passado, foram 10 casos, sendo três deles envolvendo policiais militares fora de serviço, no dia 30, no Guarujá.
Houve então um hiato, até o assassinato do soldado das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Samuel Wesley Cosmo, em 2 de fevereiro. As mortes cometidas por PMs recomeçaram no dia seguinte, na chamada Operação Verão. Até esta terça-feira (20/2), já foram 30 casos com óbito nessa ação, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Segundo os dados do Gaesp, foram 32 mortos por PMs em serviço entre 3 e 19 de fevereiro nas cidades de Santos, Guarujá, São Vicente, Cubatão, Mongaguá e Itanhaém —um dos casos praticado por policial fora do horário de serviço. Incluindo-se o caso ocorrido nessa terça (20/2), no Saboó, em Santos, chega-se a 33 mortos no mês na região.
A Região Metropolitana da Baixada Santista conta com nove municípios e cerca de 2 milhões de habitantes.
Críticas
Alvo de críticas e de uma apelação na Organização das Nações Unidas (ONU), a operação realizada pela Polícia Militar para capturar assassinos de PMs foi rebatizada neste ano, no litoral paulista, mas tem se mostrado ainda mais letal, proporcionalmente, do que a deflagrada em 2023, após a primeira morte de um soldado das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) em serviço desde 1999, no Guarujá.
Oficialmente, sai o nome Operação Escudo, instituída no ano passado pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) para ser deflagrada sempre que um policial militar é assassinado — foram 38 operações em 2023, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP) —, e entra a Operação Verão, historicamente realizada todos os anos durante a estação de calor para coibir crimes nas áreas frequentadas por turistas das cidades litorâneas.
Na prática, contudo, o método adotado na “nova” Operação Verão tem sido o mesmo que levou a Escudo a ser contestada, inclusive, na Justiça.
Sempre que questionada, a PM e a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmam que todos os mortos reagiram às abordagens.