PM condenado por tráfico na Cracolândia tem patrimônio incompatível
Soldado da PM foi condenado a mais de 11 anos de prisão pelo TJSP por tráfico de drogas na região da Cracolândia, no centro da capital
atualizado
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São Paulo – Ao condená-lo à prisão por tráfico de drogas, a juíza Cynthia Torres Cristófaro, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), registrou na sentença que o soldado da Polícia Militar (PM) Geovany Jorge Alves da Silva Júnior, 37 anos, tem patrimônio incompatível com seu salário de agente de segurança.
À Justiça, o soldado da PM declarou que seu patrimônio inclui três imóveis – dois em São Paulo e uma casa em Feira de Santana, na Bahia –, além de uma frota de pelo menos quatro carros, incluindo um Volkswagen Jetta.
Para justificar os bens, ele alegou ter uma empresa, em sociedade com a mulher, para recuperação de veículos com apropriação indébita. A explicação, no entanto, não convenceu a magistrada.
“A quantidade de bens declarada por Geovany em juízo é incompatível com o salário de R$ 5,6 mil de soldado da polícia militar”, escreveu a juíza.
Ainda segundo a magistrada, o PM não apresentou “comprovação testemunhal ou documental de que realmente mantivesse atividade empresarial lícita com a mulher capaz de gerar renda proporcional ao patrimônio admitido”.
Tráfico de drogas
O soldado era lotado no 13º Batalhão da PM, unidade responsável por patrulhar a região da Cracolândia, no centro da capital paulista, e trabalhava como motorista do comandante, o tenente-coronel Armando Luiz Pagoto Filho.
Em 17 de agosto de 2023, Geovany foi preso em flagrante após a polícia encontrar cinco tijolos de maconha escondidos em uma oficina mecânica, na Alameda Dino Bueno, perto do batalhão. Parte da droga estava em um carro que pertence ao PM.
No dia da prisão, ele também estava com 1,5 mil euros (R$ 8 mil) e não soube explicar a origem do dinheiro.
Denunciado por tráfico de drogas, ele foi condenado a 11 anos, 2 meses e 12 dias de prisão, em regime inicial fechado, na última segunda-feira (18/3). O dono da oficina, Rafael Barbosa Lopes Santos de Jesus, também foi considerado culpado e recebeu pena de 8 anos.
Empresa
Geovany alega inocência e recorreu da decisão. No julgamento, ele admitiu que conhecia os donos da oficina onde a droga foi encontrada, mas que “não tinha relacionamento com eles senão a respeito de carros”.
Um dos motivos da sua relação com Rafael, segundo afirmou, era para encontrar veículos que a empresa dele com a mulher poderia adquirir. O casal também compraria carros em leilão.
De acordo com o soldado, a empresa aluga esses veículos por R$ 1,6 mil por mês para motoristas de aplicativo. O negócio renderia, em média, cerca de R$ 25 mil por mês – mas o faturamento já teria chegado até a R$ 60 mil por mês, valor que era reinvestido em novas compras, segundo depoimento dele.
O estatuto militar não permite que policiais da ativa tenham empresa própria. O soldado chegou a ser alvo de inquérito policial militar após a prisão em flagrante, mas acabou inocentado pela PM.