PM remaneja câmeras para trânsito em meio à acusação de chacina no Guarujá
PM anunciou câmeras para policiamento de trânsito de São Paulo, mesmo com unidades sem o equipamento em operação com 18 mortos no litoral
atualizado
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São Paulo — O governo estadual, sob a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou, nesta sexta-feira (18/8), que a Polícia Militar remanejou 400 câmeras corporais para policiais que atuam no policiamento de trânsito da cidade de São Paulo.
A redistribuição acontece em meio a críticas feitas à corporação por não disponibilizar os equipamentos para todos os policiais que participam da Operação Escudo, que já deixou 18 mortos na Baixada Santista desde 27 de julho.
Como comparação, entre janeiro de 2020 e agosto deste ano, o 1º e 2º Batalhões de Trânsito da capital paulista, para onde estão sendo remanejadas as câmeras, estiveram envolvidos, como um todo, em apenas uma morte decorrente de intervenção policial em horário de serviço, segundo dados do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública (Gaesp), do Ministério Público Estadual.
Para órgãos como a Ouvidoria das Polícias e o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), há indícios de execução e chacina na atuação de policiais militares desde a morte do soldado da Rota Patrick Reis, que desencadeou a Operação Escudo no Guarujá e demais cidades da Baixada Santista.
A PM conta atualmente com 10.125 câmeras. Segundo a corporação, um estudo permitiu a redistribuição de 400 de equipamentos aos batalhões de trânsito da capital. “Esta medida de eficiência permitiu que mais policiais com câmeras estejam nas ruas, sem que qualquer batalhão que já dispunha do sistema fosse afetado”, afirmou, em nota.
Em 7 de agosto, durante entrevista coletiva sobre a Operação Escudo, o coronel Pedro Luís de Souza Lopes, que representou a Secretaria da Segurança Pública na ocasião, foi questionado pelo Metrópoles se, diante da situação no litoral, não seria o caso de concentrar as câmeras em unidades que estavam participando da ação, já que não havia equipamentos para todos os PMs envolvidos em ação no Guarujá.
O coronel Lopes disse na ocasião que não seria tão simples remanejar os equipamentos entre batalhões e até mesmo entre policiais. “A lógica de uso do equipamento é complexa. Envolve uma sistemática de recarga, upload de imagens, controle de gestão sobre quem é o dono do patrimônio, que é caríssimo. Não é simples como o remanejamento de tonfas [cassetetes]”, afirmou. A PM apontou também uma série de gargalos no uso de câmeras.
Dos 16 supostos confrontos que terminaram com mortes até então, Lopes afirmou que em 10 os PMs contavam com câmeras e que, dessas, ao menos uma poderia ter apresentado falha na gravação. Até aquele momento, o Ministério Público Estadual havia recebido imagens de 7 ações com morte.
Na divulgação da redistribuição de câmeras corporais, o governo estadual publicou foto de PMs com o equipamento no saguão do Aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital paulista.
Segundo a Polícia Militar, a decisão de remanejar as 400 câmeras foi anterior à Operação Escudo.