PM prende integrante do PCC e suspeita de plano de ataque a policiais
Foragido da Justiça, criminoso foi preso na Rodovia dos Imigrantes, a caminho de São Bernardo; polícia suspeita de plano de retaliação
atualizado
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São Paulo — A polícia prendeu nessa terça-feira (1º/8), na capital paulista, um integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) condenado a 12 anos de prisão que estava foragido da Justiça. Os policiais que fizeram a abordagem suspeitam que ele se deslocava para São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, para uma suposta reunião sobre um plano de ataques a policiais.
Clayton Antonio da Silva, de 28 anos, foi condenado por tráfico de drogas, roubo, receptação, resistência e desacato, e estava foragido desde março deste ano, quando foi beneficiado por uma saída temporária e não retornou ao Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Valparaíso, no interior paulista.
Ele foi detido por policiais militares que faziam patrulhamento na Rodovia dos Imigrantes, na região da Saúde, bairro da zona sul paulistana, em decorrência da Operação Escudo, deflagrada após o assassinato do soldado Patrick Bastos Reis, da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), na última quinta-feira (27/7), no Guarujá, litoral paulista.
Desde então, até o fim da manhã desta quarta-feira (2/8), 14 pessoas foram mortas em supostos confrontos com PMs e 58 foram presas.
Abordagem
Policiais desconfiaram dos ocupantes de um carro que trafegava na altura do km 13 da rodovia, após eles “esboçarem nervosismo”, e decidiram fazer a abordagem. Nada de ilegal foi encontrado no veículo, mas após pesquisar no sistema da polícia, os PMs constataram que Clayton tinha um mandado de prisão em aberto contra ele, pela Comarca de Araçatuba, no interior paulista. Ele foi preso e levado ao 26º DP (Sacomã).
Policiais que fizeram a abordagem suspeitam que o criminoso pretendia ir até o bairro Ferrazópolis, em São Bernardo do Campo, onde iria participar de uma reunião para organizar eventuais ataques a policiais. A medida seria uma retaliação às mortes decorrentes de supostos confrontos com PMs no Guarujá.
Com o foragido da Justiça, a polícia apreendeu um celular, no qual há grupos dos “disciplinas” do PCC, que são os responsáveis pela aplicação de punições e pelo cumprimento ao estatuto da facção.
Mais recente prisão
A Polícia Civil de Santos, no litoral de São Paulo, prendeu na madrugada desta quarta-feira (2/8) Kauã Jazon da Silva, último suspeito de participar da morte do soldado da Rota Patrick Bastos Reis, de 30 anos, que ainda estava em liberdade. Kauã se entregou durante a madrugada, após negociação entre seu advogado e o chefe de investigações da Delegacia Seccional de Santos, Luiz Fonseca.
Kauã é irmão de Erickson David da Silva, o “Deivinho”, de 28 anos, apontado como “sniper do tráfico” responsável pelo disparo que matou o PM da Rota. Segundo a polícia, no momento em que o soldado foi baleado, Erickson vigiava um ponto de venda de drogas enquanto Kauã ficava em um outro ponto alertando sobre a movimentação de viaturas na região. Ele teria avisado o irmão sobre a chegada da viatura em que estava Patrick.
Erickson se entregou à polícia no domingo (30/7). Além dele e de Kauã, duas pessoas suspeitas de envolvimento na morte foram presas, de acordo com o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite: Gabriela Luz Rodrigues, 22, e um homem identificado como Marco Antônio de Assis Silva, 25, conhecido no mundo do crime como “Mazzaropi”. Ele estaria vendendo drogas na “biqueira” vigiada por Erickson.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a Operação Escudo, deflagrada após o homicídio do policial militar no Guarujá, segue em andamento para localizar outros suspeitos de envolvimento no caso.
A morte do PM
O soldado da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) Patrick Bastos Reis foi baleado durante patrulhamento na comunidade Vila Zilda. Atingido no tórax, ele não resistiu. Já o cabo Fabiano Oliveira Marin Alfaya, de 39 anos, foi ferido na mão. Os tiros foram disparados a até 70 metros de distância, segundo a SSP.
Após a morte do policial, pelo menos 14 pessoas foram mortas durante a Operação Escudo. Segundo a Ouvidoria da Polícia de São Paulo, o número de mortes pode ser maior. O órgão também alertou para a denúncia de excessos cometidos por parte das forças policiais. Em coletiva na segunda-feira (31/7), o governador Tarcísio de Freitas negou que esteja havendo abusos.