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PM põe tropa em alerta após “salve” do PCC e ataques no Guarujá

Comandante da corporação enviou mensagem a colegas alertando sobre suspeitas de que episódio “seja orquestrado por OrCrim”

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Policia Militar de São Paulo PMSP PM SP durante policimento na capital paulista - Metrópoles
1 de 1 Policia Militar de São Paulo PMSP PM SP durante policimento na capital paulista - Metrópoles - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Paulo — O comandante da Polícia Militar do estado, coronel Cássio Araújo de Freitas, colocou as tropas da corporação em alerta nesta terça-feira (15/10) em resposta a novos ataques sofridos por PMs na Baixada Santista. A suspeita é que eles tenham ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Na segunda-feira (14/10), dois homens em uma moto se aproximaram de uma base da PM na Vila Zilda, no Guarujá, e atiraram cinco vezes contra dois policiais em serviço. Horas depois, membros das Rondas com Motocicletas (Rocam) foram alvos de tiros no mesmo bairro.

Os ataques ocorrem dias após agentes penitenciários da Penitenciária de Parelheiros apreenderem com detentos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) um “salve geral” contra policiais penais.

“Imediatamente tomou dimensão suspeitas de se tratar de mobilização orquestrada por OrCrim [organização criminosa] e com potencial para se expandir para outras áreas, notadamente a região metropolitana da capital”, afirma o coronel Cássio de Araújo em mensagem enviada a colegas em grupo de WhatsApp.

“Peço que convoquem e reúnam, presencialmente ou via remota, seus Cmts [comandantes] de OPMs [Organizações Policiais Militares] e SubUnidades para estabelecer as ações aplicáveis em suas respectivas áreas”. Segundo ele, não há até o momento informações de inteligência que confirmem a hipótese.

Diante do cenário, policiais militares de todo o estado estão de “sobreaviso nível 2”. Com isso, eles podem tirar folga, mas precisam estar preparados para assumir seus postos de trabalho a qualquer momento.

Comandantes de batalhões de elite da Polícia Militar ouvidos pela reportagem afirmam que a medida é por hora preventiva.

“É mais prevenção do que algo concreto”, afirma Valmor Racorti, comandante do Policiamento de Choque.

“As tropas do Choque já estão lá. Isso faz parte da rotina. Existe um decreto antigo que estabelece que nós temos que enviar equipes especiais constantemente. Mas por enquanto não houve um envio de novas tropas”, acrescentou.

Salve geral

Até esta terça-feira (15/10), não houve manifestações públicas de autoridades do governo de Tarcísio de Freitas sobre o “salve geral” contra policiais penais.

O Metrópoles encaminhou e-mails entre sexta-feira (11/10) e terça-feira (15) solicitando um posicionamento oficial sobre as ordens da facção criminosa, que determina o levantamento dos nomes e endereços de funcionários do sistema carcerário.

A reportagem apurou que o mesmo tipo de documento apreendido em Parelheiros, escrito à mão, também teria sido interceptado em outras unidades prisionais, ainda não especificadas. Os “salves” são monitorados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público (MPSP).

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Viatura incendiada

Dois dias após a divulgação dos “salves”, um veículo conduzido por policiais penais da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) foi alvo de um atentado.

Em nota enviada à reportagem, no domingo (13/10), a SAP “nega qualquer ataque a seus agentes”. Sobre o veículo incendiado, afirma que o carro de transporte de presos “sofreu uma pane elétrica” na noite de sexta-feira (11/10), “durante as fortes chuvas” que atingiram a capital paulista e, após isso, pegou fogo.

A pasta, no entanto, não comentou sobre o “salve geral” apreendido após o caso.

O ataque ao carro da SAP ocorreu na Avenida Doutor Gastão Vidigal, perto do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na zona oeste paulistana. Documentos oficiais, obtidos pela reportagem, indicam que a viatura foi incendiada. “[A viatura] quebrou, aí uns caras chegaram hostilizando, o motorista saiu fora e colocaram fogo na VTR [sigla para viatura]”, disse uma fonte em sigilo ao Metrópoles.

A reportagem apurou que o motorista resguardava o veículo, parado após apresentar falha mecânica, quando transportava 18 presos do Fórum Criminal da Barra Funda de volta ao CDP. O carro quebrou em frente a um portão de acesso à Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).

A transferência emergencial dos presos foi providenciada por outra viatura que, com apoio de escolta, conduziu imediatamente os criminosos de volta para a cadeia, como consta em registros oficiais.

Até o momento, nenhum suspeito pelo incêndio da viatura foi preso.

“Tomaremos providências”

No manuscrito obtido pela reportagem, assinado pela Sintonia Final da maior facção do Brasil e datado em 17 de setembro, é dado o prazo de 30 dias para que os criminosos responsáveis pelos presos de pavilhões ou raios, chamados de “jets”, levantem os nomes e endereços de dois agentes penitenciários por unidade.

“Tomaremos nossas providências […] deixando um papo para que dentro desses 30 dias determinamos os irmão faça acontecer e chegar em nossas mãos, aguardando esse levantamento como caráter de urgência.” [sic]

A Sintonia Final é composta por líderes do alto escalão do PCC, que usam a instância máxima do crime para tomar decisões e ordená-las.

Ainda no documento, apreendido na penitenciária da zona sul paulistana, há outra determinação. Os “jets”, também com “caráter de urgência”, devem informar se nas unidades onde estão presos há bloqueadores de sinal de celular, bem como relatar condições para não deixar rastros ou provas da articulação feita para os eventuais ataques. O “salve” também solicita que seja especificada “a dificuldade dos irmão” para cumprir a missão.

“Daremos todo o suporte para que colocaremos a unidade do ar [fique com comunicação] onde com caráter de urgência nos manda esse requisitos citados acima. Ass: Sintonia Final.” [sic]

O prazo estipulado na carta do PCC,  para o levantamento das identidades e endereços dos agentes penais, vence nesta quinta-feira (17).

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