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PM que liberou motorista de Porsche pode responder por corrupção

Promotora pediu compartilhamento de provas com a Justiça Militar, apontando possível corrupção passiva de PM que liberou dono de Porsche

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Imagem colorida de homem branco, ao lado de mulher branca de óculos, ambos com camiseta branda ao lado de PM na rua - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de homem branco, ao lado de mulher branca de óculos, ambos com camiseta branda ao lado de PM na rua - Metrópoles - Foto: Reprodução/PMSP

São Paulo — Na mesma denúncia em que pediu a prisão preventiva do empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, a promotora Monique Ratton, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), defendeu que a policial militar que liberou o dono do Porsche da cena do acidente que matou o motorista de aplicativo, no fim de março, na zona leste da capital paulista, seja investigada por suspeita de corrupção passiva.

A promotora aponta “possível responsabilidade criminal” da PM Dayse Aparecida Cardoso Romão e pede o compartilhamento de provas, como cópias das gravações das câmeras corporais, das declarações dos policiais e do boletim de ocorrência, com a Promotoria de Justiça Militar, pelo fato de a policial “ter cedido ao pedido” da mãe de Fernando e “liberado o responsável em estado de flagrância para ir ao hospital sem escolta ou vigilância”.

Segundo Monique Ratton, a PM deixou de praticar “ato de ofício” ao liberar o motorista, “com infração de dever funcional, gerando prejuízo efetivo ao flagrante e outras provas destes autos”.

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Fernando Sastre de Andrade Filho, acusado de homicídio após provocar um acidente com seu Porsche em alta velocidade
Fernando Sastre de Andrade Filho, acusado de homicídio após provocar um acidente com seu Porsche em alta velocidade
Empresário Fernando Sastre de Andrade Filho sai do 30º DP pela porta da frente
Acompanhado da mãe, Fernando Sastre de Andrade Filho se apresentou à delegacia em 1º de abril de 2024
Fernando Sastre de Andrade Filho estava desaparecido
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Motorista do Porsche esteve na unidade policial para prestar depoimento

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Fernando Sastre de Andrade Filho, acusado de homicídio após provocar um acidente com seu Porsche em alta velocidade

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Fernando Sastre de Andrade Filho, acusado de homicídio após provocar um acidente com seu Porsche em alta velocidade

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Empresário Fernando Sastre de Andrade Filho sai do 30º DP pela porta da frente

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Acompanhado da mãe, Fernando Sastre de Andrade Filho se apresentou à delegacia em 1º de abril de 2024

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Fernando Sastre de Andrade Filho estava desaparecido

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Dianteira de carro de luxo ficou completamente destruída

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Asfalto ficou com marcas de pneus após acidente, ocorrido em alta velocidade

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Carro da vítima teve a traseira destruída

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Motorista do Renault Sandero morreu durante atendimento hospitalar

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O empresário, com sinais evidentes de embriaguez, dirigia um Porsche, avaliado em R$ 1,2 milhão, quando bateu em alta velocidade na traseira de um Sandero, matando o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, 52, em 31 de março, na Avenida Salim Farah Maluf, zona leste de São Paulo.

A PM feminina, conforme registrado pela câmera corporal usada por ela (assista abaixo), liberou “indevidamente” Fernando, para que ele deixasse o local do acidente, acompanhando pela mãe, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, 45, impedindo o flagrante por embriaguez ao volante.

Como mostrado pelo Metrópoles, Fernando foi denunciado pelo MPSP pelo homicídio doloso (quando há intenção de matar), qualificado por recurso que impediu a defesa da vítima.

Segundo laudo pericial, ele trafegava a 156km/h na avenida, onde o limite de velocidade é de 50km/h, colidindo na traseira do carro da vítima, que estava a 40km/h. Até a publicação desta reportagem, a Justiça não havia se manifestado sobre o pedido da Promotoria.

Vídeo

 

“Sem vigilância”

Na denúncia, obtida pelo Metrópoles, a promotora Monique Ratton solicita autorização para compartilhar provas à Promotoria de Justiça Militar para analisar a configuração, “em tese”, do crime de corrupção passiva da PM Dayse.

Ela cita o parágrafo 2º do artigo 317 do Código Penal, que define como vantagem indevida “se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem”. A promotora não faz menção se a mãe de Fernando é investigada por corrupção ativa. Procurado, o MPSP não se manifestou. O espaço segue aberto.

Antes da abordagem, a policial precisou ir atrás de Fernando e da mãe dele, que aparentemente tentavam sair do local, sem prestar esclarecimentos. “Você não pode tirar ele daqui assim”, disse a PM, assim que alcançou mãe e filho.

Daniela argumentou que precisa levar Fernando para o hospital e foi questionada pela PM o motivo de ele não ter permitido que socorristas dos bombeiros e do Samu fizessem isso no local.

Por fim, a policial ouviu do empresário que ele havia saído de uma “festa” acompanhado do amigo Marcus Vinicius Rocha, 22, que era socorrido no momento da abordagem a Fernando. Ele chegou a ficar em estado grave por causa da batida e se recuperou.

À polícia, Marcus Vinícius disse que Fernando Filho havia ingerido bebida alcóolica antes de dirigir, contrariando o depoimento do dono do Porsche.

Apesar dos sinais de embriaguez, demonstrado nas imagens da câmara corporal, a PM liberou Fernando, após a mãe dizer que o levaria para o hospital, o que não aconteceu. Os dois foram para casa e o motorista do Porsche só se apresentou na delegacia mais de 36 horas depois.

“PMs erraram”

A conduta dos PMs que liberaram a saída de Fernando é investigada pela corporação. A Polícia Civil também investiga a situação, a pedido da Justiça.

A própria Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) afirmou que os PMs “erraram” ao não submeter o empresário ao exame de alcoolemia. A pasta já havia tido acesso às imagens das câmeras corporais, segundo nota enviada segunda-feira (23/4) ao Metrópoles, na qual afirmou que houve “falha de procedimento” dos policiais.

A reportagem não conseguiu contato direto com a policial militar e encaminhou e-mail à SSP solicitando um posicionamento da agente. Em nota, a pasta apenas reafirmou que a Polícia Civil relatou o inquérito policial à Justiça com o pedido de prisão preventiva do autor pelos crimes “a PM instaurou um procedimento para responsabilizar os agentes” envolvidos na ocorrência.

Acima da velocidade

Em depoimento, o empresário admitiu que dirigia “um pouco acima” da velocidade permitida na avenida da zona leste, que é de até 50 km/h, e negou ter ingerido bebida alcoólica – versão que é contestada por vídeos e relatos de testemunhas colhidos pelos investigadores.

A Justiça negou dois pedidos de prisão contra o empresário, mas impôs fiança de R$ 500 mil e suspendeu sua CNH. Ele e a mãe também tiveram que entregar seus celulares à polícia. A quebra do sigilo de dados foi autorizada. Um novo pedido de prisão, referendado nesta segunda-feira pelo MPSP, foi feito na semana passada, após a conclusão do inquérito policial.

Na ocasião do acidente, a defesa de Fernando Filho afirmou que entrou em contato com a família da vítima para prestar solidariedade e toda a “assistência necessária”. “Obviamente, a perda não será reparada, mas minimamente prestaremos amparo necessário neste momento de tal fatalidade”, diz nota dos advogados.

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