PM diz que fazia bico para delator do PCC devido à “condição precária”
Soldado da PM Adolfo Oliveira Chaves afirmou que, apesar de saber da ligação de Gritzbach com PCC, bicos oficiais não eram suficientes
atualizado
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São Paulo – Em depoimento à Corregedoria da Polícia Militar, um dos PMs que fazia bico como segurança de Vinícius Gritzbach disse que aceitou o trabalho para compensar sua “precária condição financeira”, mesmo sabendo que o homem era acusado de envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
O relato do soldado Adolfo Oliveira Chaves, de 34 anos, foi dado no último sábado (9/11), um dia após Gritzbach ser morto com tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Adolfo e outros quatro policiais militares são suspeitos de envolvimento no crime e foram afastados de suas funções. Para além da investigação sobre a execução, os PMs também são alvo de uma apuração na Corregedoria da PM por fazerem bico irregular e escoltarem um homem réu por homicídio e acusado de lavar dinheiro para o crime.
No depoimento, Adolfo disse que “foi convidado” para trabalhar para a família do delator “pelo 1º tenente PM Garcia do 23º Batalhão da PM [23º BPM]”. O oficial, segue o soldado, “administra atividade de segurança particular para exercer as atividades de segurança da família [de Gritzbach]”.
Conforme revelado pelo Metrópoles, tenente Garcia é Giovanni de Oliveira Garcia, de 32 anos, conhecido como “chefinho”.
O soldado Adolfo acrescentou à Corregedoria que trabalhou com a segurança de Gritzbach e familiares dele, por cerca de 10 meses, em 2023. Ele teria pedido para deixar de prestar o serviço após saber, “por meio da mídia, que Vinícius [Gritzbach] tinha envolvimento com o crime organizado, PCC”.
Segundo Adolfo, quando foi se demitir, não mencionou ao tenente Garcia que a motivação era o elo de Gritzbach com a facção, dizendo apenas “achar que estava perigoso”.
O soldado disse que, apesar disso, voltou a trabalhar na segurança de Gritzbach, dias antes do assassinato.
Ele teria aceitado o trabalho “em razão de sua precária condição financeira”, mesmo realizando os bicos oficiais da PM, os quais, de acordo com o soldado, “não são suficientes para suprir suas necessidades”.
PMs suspeitos
Os policiais militares que faziam a escolta de Gritzbach entraram no radar da equipe de investigação devido ao comportamento considerado suspeito no momento da execução.
O delator do PCC, que estava em uma viagem a Alagoas, desembarcou no Aeroporto de Guarulhos por volta das 15h20 do último dia 8 de novembro. Quatro policiais militares ficaram encarregados de recebê-lo e levá-lo até sua casa, em duas caminhonetes blindadas. São eles: Leandro Ortiz, Adolfo Oliveira Chagas, Jefferson Silva Marques de Sousa e Romarks César Ferreira de Lima.
Na viagem, Gritzbach estava acompanhado da namorada, Maria Helena Paiva Antunes; do segurança particular Danilo Lima Silva, e do policial militar Samuel Tillvitz da Luz.
Momentos antes de o delator do PCC sair do aeroporto, o policial Leandro teria informado Gritzbach que apenas um dos veículos iria fazer o transporte, uma Trail Blazer, pois o outro, uma Amarok, estaria com um problema e não dava a partida. Gritzbach teria concordado com a operação.
Enquanto três dos PMs ficaram com a Amarok em um posto de gasolina, Jefferson foi o único que se dirigiu ao aeroporto.