PM fardada que não agiu em ameaça a jovem negro é identificada
Ela irá responder ao caso de forma criminal e disciplinarmente pela conduta, considerada grave, segundo a Secretaria da Segurança Pública
atualizado
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São Paulo – A policial militar que afirmou estar de folga ao presenciar cena em que um jovem negro é ameaçado por um homem armado, em frente a uma estação de metrô em São Paulo, foi identificada pela Polícia Militar (PM).
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), ela vai responder “criminal e disciplinarmente pela conduta omissa registrada pelas imagens, considerada grave uma vez que não condiz com as expectativas da sociedade e muito menos com as responsabilidades do profissional de segurança pública, que deve agir prontamente sempre que presenciar um crime, estando ou não em serviço”.
A SSP reforçou ainda que todos os policiais militares passam por treinamentos, independentemente da área em que atuam. De acordo com a PM, a policial foi omissa no caso.
Nas imagens (veja abaixo) filmadas no último domingo (12/11), é possível ver um homem, identificado no vídeo como Paulo, empunhando uma arma na direção de um jovem negro. A policial militar é avisada sobre a ocorrência, mas ignora: “Liga no 190”, diz à pessoa que faz a gravação. O caso foi revelado pelo site Ponte Jornalismo.
O vídeo foi feito em frente à estação Carandiru do metrô, na zona norte paulistana. As imagens mostram pessoas no entorno dizendo que o jovem negro, que acabara de ser imobilizado por outro homem, tinha tentado praticar um assalto. Ele não estava armado.
O rapaz negro pede desculpas para Paulo e, ao ver a arma, fica assustado e coloca as mãos em frente ao rosto. “Ele quer me matar”, grita. Nesse momento, Paulo guarda momentaneamente a arma na cintura, após perceber que é filmado pela testemunha.
Pouco depois, o jovem negro consegue se desvencilhar do homem que o segura e começa a correr. Paulo tenta lhe aplicar, sem sucesso, uma rasteira e saca novamente a arma da cintura. Ele aponta na direção do rapaz, que para de correr perto da barraca de um ambulante.
A mulher que acompanha Paulo também corre e se coloca em frente ao jovem para evitar que o homem atire, pedindo para ele parar. Duas crianças, um menino e uma menina, estão com o casal.
Quando Paulo aponta a arma para o rapaz, ambos entram no campo de visão da PM, que está fardada, perto de uma das saídas do Metrô.
“Liga no 190”
É nesse momento que a testemunha que registra o caso em vídeo informa à policial que o homem está armado. A PM faz um sinal com a mão, como se fosse um telefone, e afirma: “Liga no 190”.
O jovem negro, em seguida, pede para se sentar e é vigiado por Paulo, com a arma em punho. Quando o rapaz se aproxima da policial, ela lhe dá um chute. “Ela está de folga. Sai daí seu tranqueira”, afirma Paulo após a agressão da PM.
Logo depois, o rapaz negro sai correndo, ajudado por um homem sem camisa. Paulo guarda a arma na cintura e sai caminhando do local.
Interpelada pela pessoa que grava o vídeo, que pergunta por que ela não agiu, a policial feminina se exalta. “Se o senhor falar comigo desse jeito, eu vou te prender.”
A PM diz ainda à testemunha que foi desrespeitada. “Você falou que eu não presto para nada. Quem não presta é você. Eu estou de folga. O procedimento é ligar 190 e pedir viatura.” O vídeo é interrompido quando a policial parte para cima da testemunha.
Ao site Ponte Jornalismo, o homem que gravou o vídeo afirmou que a policial o “agarrou pelo pescoço”. Ele disse, ainda, que não queria criticar a policial, mas a corporação.