PM diz que policiais não viram gravação de atropelador em viatura
PM disse que motorista não era averiguado e nem estava detido, por isso ficou com celular na viatura; policiais serão ouvidos nesta quarta
atualizado
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São Paulo — A Polícia Militar afirmou que o motorista de aplicativo Christopher Rodrigues, de 26 anos, não estava na condição de detido ou averiguado e que, por isso, não teve o celular removido enquanto era conduzido até o 78º DP (Jardins), após o atropelamento de Matheus Campos da Silva, de 21. O depoimento dos dois PMs envolvidos no caso está previsto para acontecer na tarde desta quarta-feira (3/5), no 5º Distrito Policial.
Durante a viagem até a delegacia, Christopher fez vídeos debochando do fato de ter atropelado Matheus, que morreu. Postou, inclusive, comunicação interna entre a central e os policiais que estavam na viatura, além dizer que estava indo de “ubi” (Uber) para o distrito policial, entre outras ironias.
“Ainda na condução, os policiais responsáveis não observaram a gravação do conteúdo”, afirma a PM, em nota.
A PM diz também que Christopher não impediu o socorro a Matheus. “Além disso, o ora autor do atropelamento permaneceu no local, onde não obstou qualquer possibilidade de socorro à vítima, sendo tomado conhecimento dos vídeos somente por meio dos canais de mídias sociais e informativos”, afirma.
A Polícia Civil investiga se Christopher cometeu homicídio culposo (sem intenção) ou doloso ao atropelar Matheus. A família do atropelado pretende processar o motorista de aplicativo por causa das postagens em rede social.
Em depoimento na última sexta-feira (27/4), Christopher negou que tenha atropelado Matheus intencionalmente e se disse arrependido pelas publicações.
Depoimento dos PMs
O delegado titular do 5º DP de São Paulo, Percival Alcântara, disse que quer saber quais foram as circunstâncias envolvendo os dois policiais militares e Christopher. Alcântara quer saber o que os PMs ouviram, o “feeling” deles sobre a situação e sobre as imagens gravadas pelo motorista de aplicativo e se viram algo sobre o socorro, por exemplo.
O que Alcântara já sabe é que os PMs não estavam com câmeras no colete ao fazer o atendimento da ocorrência. Ainda em relação às imagens, a Polícia Civil não conseguiu encontrar, até o momento, registros de câmeras de segurança instaladas nas redondezas. O atropelamento aconteceu sobre o viaduto Júlio de Mesquita Filho, na ligação Leste-Oeste.
Segundo o delegado, o homem que teve o celular furtado será ouvido nesta quinta-feira (4/4) e deverá esclarecer, oficialmente, se Matheus pode ser reconhecido como o responsável por pegar o aparelho. O homem, de 42 anos, também motorista de aplicativo, conseguiu recuperar o telefone depois do atropelamento.
Alcântara quer saber quem era o passageiro transportado pelo homem que teve o celular furtado. Essa pessoa deverá ser ouvida ao longo do inquérito e poderá colaborar para esclarecer tanto o suposto furto quanto as circunstâncias do atropelamento e socorro a Matheus.