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Com foco em “guerra” no litoral, PM coloca tropa de sobreaviso em SP

Secretário da Segurança Pública anunciou gabinete na Baixada Santista por tempo indeterminado; efetivo pode ter folga cancelada

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Em foto colorida pelotão da PM de São Paulo em formação - Metrópoles
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São Paulo – Em meio à recente onda de violência que já vitimou três policiais militares no litoral paulista, em menos de duas semanas, o comando da corporação distribuiu uma ordem de serviço determinando que toda a tropa fique de sobreaviso.

Isso significa que todos os policiais militares de São Paulo devem estar preparados para trabalhar a qualquer momento, interrompendo, para isso, eventuais folgas. Agentes do setor administrativo também podem ser escalados para dar apoio.

Assinado pelo coronel José Alexandre de Albuquerque Freixo, subcomandante da PM paulista, o documento foi divulgado internamente na quarta-feira (7/2), mesmo dia em que o secretário da Segurança Pública Guilherme Derrite anunciou a transferência de seu gabinete para o litoral paulista.

Guilherme Derrite
O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite

A Baixada Santista vive em estado de tensão desde o ano passado, quando o confronto entre policiais e o crime organizado resultou em dezenas de mortos.

Segundo Derrite, o gabinete da Secretaria da Segurança Pública (SSP) ficará instalado na sede do Comando de Policiamento 6. “Vou supervisionar pessoalmente essa operação”, disse o titular da pasta durante coletiva de imprensa.

O secretário afirmou ainda que a Operação Verão, que está em curso no litoral paulista, terá uma terceira fase e receberá reforços de policiais dos Batalhões de Ações Especiais de Polícia (Baep) de Guarulhos e Barueri.

Por causa do deslocamento de tropas de outras cidades para o litoral, o efetivo precisa ficar de sobreaviso, para eventuais emergências como a “quebra da ordem”, resultante de possíveis ondas de violência por parte de criminosos.

“Esse movimento de mandar as tropas de choque para o litoral e tudo mais, incluindo o Baep, pode ter gerado a preocupação de deixar o interior do estado desguarnecido. Então a tropa está de sobreaviso para que os policiais estejam preparados para serem empregados a qualquer momento, essa é a ideia”, explicou o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Rafael Alcadipani.

Ordem Pública

Alcadipani, também membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, acrescentou que algumas questões devem estar deixando o comando da PM “preocupado” e isso pode demandar a necessidade de empregar mais membros da tropa.

Segundo a ordem de serviço que determina o sobreaviso da tropa, à qual o Metrópoles teve acesso, o objetivo da PM é realizar uma “pronta resposta” diante de “qualquer tipo de quebra da Ordem Pública”, por meio de policiamento ostensivo e de inteligência.

A corporação especifica no mesmo documento entender quebra de Ordem Pública como “atos de violência” além de “evento extremamente grave” que possam “impactar profundamente a sociedade”.

O coronel da reserva da PM José Vicente da Silva Filho, também ex secretário nacional de Segurança Pública, afirmou ao Metrópoles que a ordem de sobreaviso resulta de levantamentos feitos pelo setor de inteligência da corporação.

“Significa que possíveis ameaças à PM e à sociedade, a qual PM protege, podem estar evoluindo. É obrigação das autoridades de segurança pensar nos piores cenários e tomar medidas de cautela”.

Em nota, a SSP afirmou que é comum o reforço da PM no policiamento, com ajustes de efetivos e viaturas durante eventos de grande porte, como o Carnaval, ou operações específicas, como a Verão. A medida, segundo a secretaria, permite ampliar e dinamizar o atendimento de ocorrências e suporte à população. “Assim, há uma pronta e eficaz atuação diante de possíveis situações emergenciais, assegurando a defesa dos cidadãos. Estas e outras medidas de planejamento e estratégia refletem a prontidão e atenção contínua da corporação em preservar a ordem pública e a integridade da população”, completa o texto.

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PM decretou luto pela morte do policial da Rota no litoral
Soldado da Rota foi o segundo PM morto no litoral paulista neste ano
Soldado Samuel Wesley Cosmo, no batalhão da Rota na capital paulista
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Cabo da PM José Silveira foi morto a tiros em Santos

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PM decretou luto pela morte do policial da Rota no litoral

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Soldado da Rota foi o segundo PM morto no litoral paulista neste ano

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Soldado Samuel Wesley Cosmo, no batalhão da Rota na capital paulista

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Policiais assassinados

Os anúncios foram feitos após a confirmação da morte do cabo José Silveira dos Santos, assassinado na manhã desta quarta-feira (7/2), na região do Morro de Tetéu, em Santos. O PM foi o terceiro agente morto no litoral paulista em 12 dias.

No dia 2 de fevereiro, o soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo foi baleado no rosto durante uma operação em uma favela de Santos. A cena foi filmada pela câmera corporal do agente. Veja:

 

Durante a coletiva de imprensa, Derrite afirmou que a Polícia já identificou o suspeito de atirar contra Samuel. “Ainda não localizamos o criminoso. Já está identificado, qualificado, e com pedido de prisão enviado ao poder judiciário”, afirmou o secretário.

O policial da Rota foi morto quando buscava suspeitos pela morte de outro agente, Marcelo Augusto da Silva, assassinado em 26 de janeiro. Silva atuava na Operação Verão quando foi baleado.

Primeira fase da operação

Em julho do ano passado, a PM deflagrou a primeira fase da Operação Escudo, após o assassinato do soldado da Rota Patrick Bastos Reis, de 30 anos, durante patrulhamento na comunidade Vila Julia, no Guarujá. Essa foi a primeira morte de um PM da Rota desde 1999. A operação durou 40 dias e resultou em 28 mortes de suspeitos.

Menos de uma semana após a morte de Patrick Reis, os três suspeitos estavam presos. Erickson David da Silva, o “Deivinho”, foi apontado como o atirador; o irmão dele, Kauã Jazon da Silva, como informante sobre a movimentação das viaturas na comunidade; e Marco Antônio, o “Mazzaropi”, como o responsável pela venda de drogas na “biqueira”.

Conforme detalhado pelo Metrópoles, a ordem para que eles se entregassem teria partido do PCC, incomodado com os prejuízos que o policiamento ostensivo estaria causando para o tráfico de drogas na região.

Antes de se entregar, Deivinho gravou um vídeo em que pedia para o governador Tarcísio de Freitas e para o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, pararem com a “matança”. Em áudio obtido pelo Metrópoles, um homem dá instruções a ele sobre como o vídeo deveria ser gravado.

“Antes de se entregar, faz um vídeo mostrando só o rosto, cita o [Guilherme] Derrite, secretário de Segurança Pública do estado, cita também o governador do estado, Tarcísio Freitas, para acabar com o massacre no Guarujá, que o que está acontecendo é covardia”, diz o homem na gravação.

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