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PM apura resgate a suspeitos baleados em mangue em São Vicente; vídeo

Inquérito policial militar foi aberto para apurar conduta de PMs que atuaram na ocorrência; dois suspeitos morreram

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Homem baleado por PM é carregado por moradores na Favela do Sambaiatuba
1 de 1 Homem baleado por PM é carregado por moradores na Favela do Sambaiatuba - Foto: Reprodução

São Paulo – A Polícia Militar abriu um inquérito para investigar a conduta de policiais envolvidos em uma ocorrência que terminou com dois suspeitos mortos na Favela do Sambaiatuba, em São Vicente, na tarde de segunda-feira (11/3). Vídeos obtidos pelo Metrópoles mostram moradores da comunidade desesperados carregando um dos homens baleados. Nas imagens, PMs aparecem observando o resgate, sem intervir.

Resolução da Secretaria da Segurança Pública estabelece que policiais militares não devem prestar socorro a pessoas feridas durante intervenções policiais. Nesse caso, o resgate deve ser feito pelo Samu ou outro serviço local de emergência.

Assista:

Carlos Alberto De Castro Junior, de 41 anos, e Luan Batista Messias De Souza, de 32, foram baleados na cabeça enquanto atravessavam a pé o Rio Sambaiatuba, que separa as periferias de São Vicente e Santos. Segundo a PM, a dupla teria entrado na água pelo lado santista para tentar fugir de policiais. Cada um dos suspeitos estaria segurando uma arma semiautomática.

No meio do rio, Carlos Alberto e Luan teriam avistado dois PMs que estavam na outra margem, do lado de São Vicente, e apontado seus armamentos em direção a eles. Segundo a versão da polícia, antes que os suspeitos apertassem o gatilho, os PMs efetuaram oito disparos de fuzil calibre .556.

No registro da ocorrência, consta que os policiais militares conseguiram retirar os suspeitos baleados de dentro da água. Um deles foi colocado sobre uma porta de madeira. Eles foram levados para o Pronto Socorro Central de São Vicente, mas não resistiram.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, a PM os vídeos divulgados pelo Metrópoles serão analisados em um inquérito policial militar.

“A Polícia Militar analisa os vídeos e apura todas as circunstâncias relativas aos fatos por meio de Inquérito Policial Militar”, diz a SSP em nota.

A pasta afirma que o local em que os suspeitos foram baleados é conhecido pelo tráfico de drogas. Com os suspeitos, foram apreendidos 864g de cocaína, 194g de crack e 144g de maconha, além de uma pistola calibre .40.

De acordo com a SSP, 43 suspeitos morreram desde o início da 3ª Fase da Operação Verão, que teve início em 3 de fevereiro, após a morte do soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo.

O Metrópoles questionou a Prefeitura de São Vicente sobre a atuação do Samu no socorro às vítimas e aguarda retorno.

Irregularidades em resgate

A Ouvidoria da Polícia de São Paulo e entidades ligadas aos direitos humanos apontam uma série de irregularidades na atuação de policiais militares na 3ª Fase da Operação Verão. Além de denúncias de execuções sumárias e tortura, as entidades apontam que os PMs têm atrapalhado o trabalho da perícia, mexendo nas cenas dos crimes.

“As comunidades onde a gente tem ido estão denunciando que as pessoas estão sendo socorridas mortas“, afirma o ouvidor da Polícia, Claudinho Silva. “Levam o corpo já sem vida para o hospital. Se você considerar que as pessoas estão sendo socorridas mortas, que esse socorro está sendo feito pela própria Polícia Militar, através de viaturas do Corpo de Bombeiros, e que os locais não estão sendo preservados, você conclui que tem alguma ação orquestrada nesse sentido. É uma linha que a apuração do Ministério Público deve considerar na investigação dos fatos”, conclui.

Tarcísio denunciado à ONU

Na semana passada, foram coletados novos relatos de abusos cometidos pelas forças de segurança do estado. Além das execuções, moradores de comunidades que são alvo da Operação Verão apontaram invasão de velório, intimidação e pessoas já mortas sendo levadas para suposto socorro em unidades de saúde como se estivessem vivas — isso dificultaria o trabalho de perícia no local dos supostos confrontos.

Na última sexta-feira (8/3), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi denunciado ao Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). Como resposta, ele disse que não está “nem aí“. “Sinceramente, nós temos muita tranquilidade em relação ao que está sendo feito. E aí, o pessoal pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, e eu não estou nem aí”, disse Tarcísio.

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