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PM admite que bala que matou criança provavelmente partiu de policial

Informação foi confirmada pelo coronel Emerson Massera, porta-voz da PM de São Paulo, durante entrevista coletiva nesta 4ª (6/11)

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ryan bala perdida santos
1 de 1 ryan bala perdida santos - Foto: Reprodução/ Redes Sociais

São Paulo — A bala que matou um menino de 4 anos na noite dessa terça-feira (5/11) no Morro do São Bento, em Santos, no litoral de São Paulo, provavelmente partiu da arma de um policial militar, afirmou o coronel Emerson Massera, porta-voz da PM de São Paulo, durante entrevista coletiva no Comando Geral da PM (veja abaixo).

“Pela dinâmica da ocorrência, nós temos que, provavelmente, o disparo que atingiu o menino partiu de uma arma de um policial militar. O projétil ficou alojado, nós teremos agora condições de fazer o confronto balístico e, com o resultado da perícia, nós podemos ter essa conclusão 100%. Mas, tudo indica, pela dinâmica da ocorrência e pela forma como o cenário se dispôs, esse disparo provavelmente partiu da arma de um policial”, disse Massera.

Veja:

Ryan da Silva Andrade morreu após ser atingido por uma bala perdida disparada durante uma operação policial. Outros dois adolescentes, de 17 e 15 anos também foram baleados, o mais velho morreu.

Após ser atingida, a criança chegou a ser levada para a Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos.

O porta-voz da PM, Emerson Massera, afirmou que uma das suspeitas é que Ryan tenha sido baleado enquanto brincava na rua.

Segundo o coronel, policiais da Rocam faziam patrulhamento no Morro do São Bento, quando foram surpreendidos por criminosos atirando contra eles. Os PMs teriam então chamado uma equipe da Força Tática, que rapidamente chegou ao local, e houve um novo confronto.

Moradores do Morro do São Bento negam a versão, e dizem que só houve disparos por parte de policiais militares.

Nenhum dos sete policiais envolvidos na ocorrência se feriu. Todos eles foram afastados. Massera, no entanto, disse que eles não são culpados pela morte de Ryan, mas também vítimas da ação de criminosos.

“Esses sete policiais são encaminhados ao programa de acompanhamento e apoio do policial militar. Vão ser avaliados e receber todo o apoio da PM. Depois avaliaremos se é o caso de manter esse afastamento por um tempo maior ou não. Os policiais não estão sendo tratados pela Polícia Militar como acusados, eles são vítimas.”

Segundo Massera, entre sete e oito suspeitos teriam conseguido fugir. O porta-voz da PM diz acreditar que os dois adolescentes baleados integram o Primeiro Comando da Capital (PCC). A corporação reforçou o policiamento na região do Morro do São Bento, com o apoio de Batalhões de Choque da capital. O objetivo, segundo o coronel, é localizar os suspeitos.

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Morro São Bento, em Santos, durante a Operação Verão, em 2024
Morro São Bento, em Santos, durante a Operação Verão, em 2024
Morro São Bento, em Santos, durante a Operação Verão, em 2024
Morro São Bento, em Santos, durante a Operação Verão, em 2024
Morro São Bento, em Santos, durante a Operação Verão, em 2024
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Beatriz da Silva Rosa, mãe do menino Ryan, caminha em março de 2024 pelo Morro São Bento, em Santos

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Morro São Bento, em Santos, durante a Operação Verão, em 2024

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Polícia Militar durante a Operação Verão, em Santos, no litoral de São Paulo

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A Prefeitura de Santos informou que o Samu foi acionado para o local da ocorrência, porém a criança já havia sido transferida para a unidade de saúde. A ambulância socorreu os dois jovens — um deles, levado à Unidade de Pronto-Atendimento Zona Noroeste, não resistiu e também faleceu. O outro foi levado para a Santa Casa.

Veja cenas do confronto:

Em nota ao Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública lamentou a morte da criança, baleada durante o confronto.

“Os policiais militares agentes faziam patrulhamento em uma área de tráfico de drogas na região quando foram atacados por um grupo de aproximadamente 10 criminosos”, disse a pasta.

A Delegacia Seccional de Santos instaurou um inquérito para apurar os fatos e determinou a realização de perícia nas armas apreendidas e no local do confronto para esclarecer a origem do disparo que atingiu a criança, informou a SSP.

Pai morto em operação da PM

A criança de 4 anos morto em uma troca de tiros durante ação policial no Morro do São Bento, em Santos teve o pai morto por policiais militares com tiros de fuzil na mesma região em fevereiro, durante uma ação da Operação Verão.

Leonel Andrade Santos, de 36 anos, tinha uma deficiência na perna e andava de muleta. Apesar disso, os PMs envolvidos na ocorrência, do Comando de Operações Especiais (COE), disseram que ele estava armado e teria atirado. Jefferson Ramos Miranda, de 37 anos, amigo de Leonel, também foi morto. A ação ocorreu na Rua São Mateus, também no Morro do São Bento.

Familiares das vitimas afirmam que, após a execução, os policiais impediram uma equipe de socorro de chegar até os corpos. Segundo os relatos, Leonel e Jefferson foram levados para a Santa Casa de Santos já sem vida.

De acordo com os policiais, Leonel e Jefferson estavam armados e carregando uma sacola e, assim que notaram a presença dos PMs, teriam começado a atirar.

“Mamãe, eu quero morrer”

O menino de 4 anos que foi baleado no Morro do São Bento, em Santos, no litoral de São Paulo, durante uma operação da Polícia Militar dizia que queria morrer para reencontrar seu pai, que foi fuzilado em fevereiro durante a Operação Verão (veja abaixo). A informação foi relatada por Beatriz da Silva Rosa, mãe de Ryan, ao Metrópoles.

Na época da morte de Leonel Andrade Santos, de 36 anos, a reportagem foi ao local exato onde ele e Jefferson Ramos Miranda, de 37, haviam sido mortos. Lá, conversaram com familiares das vítimas, incluindo a viúva de Leonel.

Veja:

Segundo Beatriz, Ryan disse que queria morrer para reencontrar o pai. “Todo dia eu tenho que explicar. Todo dia eles perguntam do pai. Esses dias meu filho mais novo falou: ‘Mamãe, eu quero morrer’. Aí, eu desviei o olhar, tentei conversar de outra coisa para ver se ele se distraía. E ele repetia: ‘Mamãe, olha para mim, eu quero morrer, e tem que ser agora, porque eu quero ver meu pai’. ‘Filho a gente não pode antecipar isso, Deus vai preparar nossa hora e um dia a gente vai rever o papai, mas por enquanto a gente vai ter que caminhar’”.

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