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Danificadas, placas de rua deixam motoristas e pedestres na mão em SP

Mesmo em bairros ricos de São Paulo, placas com nomes de rua estão sujas e retorcidas; prefeitura diz que licitação está em andamento

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Placa no cruzamento da Rua Maranhão com a Avenida Angélica
1 de 1 Placa no cruzamento da Rua Maranhão com a Avenida Angélica - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Paulo — Quem anda por São Paulo e depende das placas de rua para saber onde está corre o risco de se perder pelo caminho. Sinalizações com os nomes das vias estão sujas, retorcidas, cortadas ou ilegíveis até mesmo em bairros centrais da cidade mais populosa do país. Enquanto isso, a Prefeitura de São Paulo diz que a licitação para resolver o problema está em andamento.

O Metrópoles encontrou na última quinta-feira (18/5) dezenas de placas destruídas em ruas e avenidas movimentadas de São Paulo, mesmo com a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) contabilizando mais de R$ 30 bilhões em caixa. Até mesmo entre aliados, o prefeito é criticado ou cobrado por não investir na zeladoria da capital paulista.

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Placa no cruzamento entre as ruas Augusta com Antonio Carlos
Placa torta na Rua Antonio Carlos
Placas na rua Haddock Lobo
Placa torta na rua Jaguaribe
Secretária Virgínia Martins diante de placa torta suja na rua São Carlos do Pinhal
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Placa no cruzamento da Rua Maranhão com a Avenida Angélica

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Placa no cruzamento entre as ruas Augusta com Antonio Carlos

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Placa torta na Rua Antonio Carlos

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Placas na rua Haddock Lobo

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Placa torta na rua Jaguaribe

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Secretária Virgínia Martins diante de placa torta suja na rua São Carlos do Pinhal

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Publicitário Henrique Félix, 42 anos, diante de placas tortas na rua Antonio Carlos

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Placa torta na rua Fradique Coutinho

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Placas tortas na rua João Moura

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Placa torta com indicação da rua Joaquim Antunes

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Resto de placa na esquina da Rua Iramaia com a avenida Brigadeiro Faria Lima

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No canais oficiais da Prefeitura, o número de pedidos relacionados a placas de rua é relativamente pequeno, em comparação com outros problemas da cidade. No primeiro trimestre, por exemplo, foram 261 solicitações de manutenção ou instalação. Já quando se aborda as placas de trânsito em geral, são mais 701 chamados.

Mas basta uma caminhada pelas ruas e avenidas da capital para perceber que o problema é muito maior do que mostram as queixas registradas pelo telefone 156 da Prefeitura.

O publicitário Henrique Félix, de 42 anos, conta que já aconteceu de ter visto uma placa invertida e não saber para qual lado seguir. “Aqui, se perder uma entrada, o motorista vai levar mais de cinco minutos para dar a volta e retornar ao ponto certo”, disse, no cruzamento das ruas Haddock Lobo com Antonio Carlos, na Consolação, sob uma placa suja e revirada.

A situação é crítica também na rua Teodoro Sampaio, bastante movimentada e onde fica grande parte do comércio de Pinheiros, na zona oeste da cidade. Lá, placas em bom estado são a exceção e o que se vê é um catálogo de falhas.

A secretária Letícia Figueira, de 26 anos, tentava encontrar um endereço na rua João Moura na última semana. Parou no cruzamento com a Teodoro e teve que se esforçar para encontrar, na placa retorcida, os numerais que indicavam em qual altura da via ela estava. “É ainda pior para quem está a pé, porque ninguém anda segurando o GPS”, disse.

Muitas vezes, o problema demora a ser resolvido. O garçom Bruno Santos, de 32 anos, diz que o par de placas que marcava o cruzamento da avenida Dr. Arnaldo com a rua Prof. Ernest Marcus foi “degolado” pela fiação elétrica. Restou o cotoco sobre o poste metálico. “É um descaso, né? Faz uns dois anos que está assim”, contou.

Até mesmo na avenida Brigadeiro Faria Lima, símbolo do mercado financeiro nacional, há mostras de abandono com a sinalização. Do lado oposto ao Shopping Iguatemi, no cruzamento com a rua Iramaia, a placa foi arrancada “pela raiz” — restou um retalho de metal.

A secretária Virgínia Martins, de 54 anos, disse que, certamente, teria dificuldades para se encontrar se fosse obrigada a caminhar por um bairro que desconhece. Para ela, entretanto, existe um problema ainda maior do que a sinalização depredada. “Há lugares que nem placa têm”, afirmou.

Clareza

Coordenadora da Divisão de Trânsito do Instituto de Engenharia, Maria da Penha Pereira Nobre trabalhou por mais de 30 anos na Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo e diz que as placas são fundamentais para orientar quem circula pela cidade, mesmo com o uso disseminado de aplicativos como o Waze.

“Ainda hoje, mesmo na cidade de São Paulo, temos a dificuldade de identificar as vias pelas quais circulamos”, afirma.

Segundo a especialista, as placas ajudam a confirmar que se a pessoa está no rumo certo. “No fim da minha viagem, sempre vou querer ter a clareza que estou chegando ao destino. Acredito também que para fazer desvios é importante você saber o nome da via na qual está entrando”.

Maria da Penha também coordenou o programa de orientação do trânsito da capital paulista nos anos 1980. Ela lembra de uma época em que havia, inclusive, licitações para a colocação de publicidade no topo das placas. “Depois, isso deixou de ocorrer.”

Licitação

Questionada pelo Metrópoles sobre a negligência na manutenção das placas, quanto foi gasto nos últimos dois anos com esse serviço e de quantos funcionários dispõe para fazer o trabalho, a Prefeitura de São Paulo respondeu apenas que há uma licitação em curso.

“A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) esclarece que está em andamento procedimento licitatório [na modalidade Pregão Eletrônico] para registro de preço para prestação de serviços de instalação e manutenção corretiva, conservação, substituição, remoção ou remanejamento de sinalização toponímica [placas de logradouros]”, disse, em nota. “O processo é acompanhado pelo Tribunal de Contas do Município”, completou.

“O processo foi iniciado em fevereiro de 2020 e publicado em abril do mesmo ano, porém foi suspenso pelo Tribunal de Contas do Município em maio daquele ano, só sendo autorizada a retomada em agosto de 2022 pelo órgão”, complementa a Prefeitura.

“A Prefeitura retomou o processo e segue em pesquisa de preço, seguindo as orientações do TCM. Assim que concluído, a empresa contratada será responsável pelas atividades de manutenção, substituição e implantação de novas placas mediante demanda da CET”, conclui a nota.

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