Pista suspensa e rampa caracol: SP estuda “motovia” na Marginal Tietê
Projeto da Prefeitura de SP de construir uma motovia na Marginal Tietê visa reduzir acidentes; via teria radar e precisa de aval do Estado
atualizado
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São Paulo – A Prefeitura da capital estuda construir dois viadutos entre o rio e as pistas da Marginal Tietê para separar ciclistas e motociclistas dos demais veículos no trânsito. A motovia e a ciclovia elevadas ficariam prontas em dois anos e serviriam para reduzir os acidentes na via mais movimentada de São Paulo.
O projeto, que ainda está em fase de estudos na Secretaria de Mobilidade e Trânsito, prevê que a motovia fique paralela às pistas da Marginal, em uma altura superior a das faixas de circulação de carros e caminhões, com estruturas em caracol para que os motociclistas acessem as pontes.
Um dos viadutos teria duas faixas em cada sentido para motos. O outro, duas faixas em cada sentido para bicicletas. O objetivo é tentar zerar o número de mortes de motociclistas na Marginal, segundo a Prefeitura. No ano passado, foram 22 vítimas fatais na via.
Veja abaixo um vídeo com detalhes da proposta:
Radares
Embora o projeto ainda seja tratado como “uma ideia” pelo secretário de Mobilidade e Trânsito, Ricardo Teixeira, uma decisão já foi tomada: se a obra sair do papel, a faixa exclusiva para motos será equipada com uma série de radares de velocidade.
“Se não tiver radar, eles se matam”, afirmou Teixeira, em entrevista ao Metrópoles.
A certeza vem da experiência acumulada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) durante a operação das “faixas azuis”, vias exclusivas para motocicletas instaladas em grandes corredores da cidade, como a Avenida 23 de Maio.
Quando estas faixas foram instaladas, no início da operação, sem radares, os motociclistas passaram a correr além dos limites permitidos de velocidade.
“Na (Avenida) Bandeirantes, existe um retão de quase oito quilômetros. No começo (da faixa azul), eles (os motoqueiros) começaram a correr muito”, disse o secretário. “Tivemos de colocar meia dúzia de radares lá. E eles passaram a andar mais devagar”, completa. A faixa azul da Avenida dos Bandeirantes funciona desde setembro passado.
As faixas azuis são consideradas experiências de sucesso para reduzir o número de mortes de motociclistas. Mas Teixeira afirma que ainda estão feito estudos para avaliar se elas poderiam ser instaladas em vias como a Marginal Tietê, que têm trânsito pesado de caminhões.
A faixa azul é apenas uma pintura de sinalização específica no asfalto. Com placas e demais obras de adequação que, eventualmente se fazem necessárias, elas têm um custo médio estimado em R$ 150 mil.
Já o preço da motovia e da ciclovia elevadas ainda não está fechado. Para isso, seria necessário a contratação de projetos avançados, o que ainda não foi feito.
Ideia importada da Ásia
Teixeira conta que a ideia da motovia surgiu durante uma conversa de técnicos da Prefeitura com um jornalista da Malásia que esteve em São Paulo para conhecer a faixa azul.
Na Malásia, conta Teixeira, metade da frota é de motocicletas e as autoridades e a imprensa estão sempre em busca de alternativas baratas e eficientes para reduzir acidentes.
Do diálogo saiu um convite para que autoridades da CET conhecessem a experiência no país asiático. A viagem ocorreu em janeiro deste ano.
Aval estadual
Ao enfatizar que o projeto ainda é embrionário, mas que conta com interesse do prefeito Ricardo Nunes (MDB), Teixeira diz que a secretaria resolveu divulgar a ideia para estimular o debate público.
Além de convencer a população de que a ideia é boa, a Prefeitura precisa do aval do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), do governo do estado, que é o “dono” do Rio Tietê e da faixa lindeira onde se estuda construir a motovia.
“Nós temos que pedir a autorização. Mas a ideia é que nós mesmos vamos arcar com os custos da obra”, disse Teixeira.
O secretário deverá ter nas próximas semanas uma reunião com a secretária estadual de Meio Ambiente, Logística e Infraestrutura, Natália Resende, para uma primeira apresentação formal do projeto.
Depois de vencidas as dúvidas técnicas, será a vez de um diálogo entre o prefeito Ricardo Nunes e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Teixera lembra que, além das 22 mortes de motociclistas registradas por ano na Marginal do Tietê, mais de 200 pessoas que sofrem acidentes na via ficam com sequelas. Para ele, o impacto disso na rede pública de saúde também deve ser levado em consideração pelas autoridades envolvidas.