Pesquisa reforça tática de Nunes contra Boulos e projeta polarização
Paraná Pesquisas mostra que Ricardo Nunes ganha eleitores em cenário sem bolsonarista para disputar reeleição contra Guilherme Boulos
atualizado
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São Paulo – O mais recente levantamento do instituto Paraná Pesquisas sobre a eleição para a Prefeitura de São Paulo do ano que vem reforça a estratégia do prefeito Ricardo Nunes (MDB) de buscar o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para enfrentar o deputado federal Guilherme Boulos (PSol).
Apesar do alto índice de rejeição de Bolsonaro na capital paulista, Nunes quer garantir a adesão do ex-presidente à sua campanha pela reeleição para evitar uma candidatura bolsonarista. Desta forma, ele uniria partidos de centro e grupos de direita contra a candidatura de esquerda de Boulos, que é apoiado pelo PT.
A comparação do levantamento divulgado nessa quarta-feira (27/9) pelo Paraná Pesquisas com outro realizado em maio, com cenários distintos na simulação, evidencia a eficácia da tática emedebista e a tendência de polarização entre o prefeito e o deputado do Psol na eleição municipal de 2024.
Há quatro meses, quando o deputado federal bolsonarista Ricardo Salles (PL) ainda era pré-candidato a prefeito, Nunes aparecia com 17,8% das intenções de voto, quase 14 pontos atrás de Boulos (31,5%), líder da pesquisa. Na ocasião, o ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro aparecia em terceiro, com 10,9%.
Na pesquisa divulgada nessa quarta, sem Ricardo Salles, que desistiu da candidatura em junho, por falta de apoio do PL e de Bolsonaro, Nunes subiu para 29%, reduzindo a vantagem de Boulos (35,1%) para apenas 6,1 pontos percentuais.
Como a margem de erro da pesquisa é de 3,1 pontos, Boulos e Nunes estão tecnicamente empatados, no limite da margem de erro. A terceira colocação fica com a deputada federal Tabata Amaral (PSB), com 7,5%, seguida pelo deputado federal Kim Kataguiri (União), com 5,3%, e por Vinícius Poit (Novo), com 2,8%
Centro e direta contra “extrema esquerda”
A forma como Nunes tem tentado o apoio de Bolsonaro, porém, ainda não se mostrou efetiva: além de ainda não ter declarado apoio ao prefeito, o ex-presidente passou a cogitar lançar outro nome para a disputa. O entorno de Bolsonaro cobra um alinhamento mais ideológico do emedebista, defesas mais enfáticas de Bolsonaro, espaço na Prefeitura a bolsonaristas e a vaga de vice na chapa.
Nunes vem buscando se equilibrar porque deseja o apoio de Bolsonaro para evitar uma candidatura adversária bolsonarista, mas não quer ficar associado ao bolsonarismo. A estratégia de campanha do prefeito é unir o centro e a direita para derrotar a “extrema esquerda”, que seria representada por Boulos e o PT. Até agora, contudo, ele ainda não tem garantia de que os bolsonaristas o apoiarão.
O prefeito interpretou o resultado da pesquisa divulgada nessa quarta como sinal de que a tática eleitoral está no caminho certo. A interlocutores, ele disse que “juntos, centro e direita derrotam a extrema esquerda”.
Durante a tarde, após a divulgação da pesquisa, o prefeito publicou nas redes sociais uma mensagem para reforçar a associação do PSol de Boulos à radicalização, citando o caso da ex-assessora da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que ofendeu a torcida do São Paulo. Segundo o PSol, contudo, nem a ministra nem a assessora que foi exonerada são filiadas ao partido.
No entorno de Boulos, a postagem de Nunes e o resultado das pesquisas mostraram que a nacionalização da disputa deverá se impor, deixando a corrida eleitoral cada vez mais polarizada. Para auxiliares do deputado federal, a estratégia do candidato do PSol passará por intensificação de ações para mostrar falhas na gestão do prefeito.