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Pesquisa aponta risco à saúde em água de rios da região de Campinas

Estudo da Unicamp constatou que em pelo menos 14 amostras de água de 12 rios foram identificados contaminantes emergentes perigosos

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Divulgação/Unicamp
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1 de 1 Imagem colorida de mulher olhando um rio - Foto: Divulgação/Unicamp

São Paulo – No Dia Mundial da Água, comemorado nesta quarta-feira (22/3), uma pesquisa da Unicamp alerta para a presença de 38 contaminantes emergentes nos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que compõem a Bacia PCJ, em grande parte localizada na região de Campinas (SP). Os compostos, a longo prazo, representam sérios riscos à saúde humana.

De acordo com dados da tese de doutorado do pesquisador Raphael D´Anna Acayaba, apresentada à Faculdade de Tecnologia (FT), os níveis de alguns desses compostos encontrados são superiores aos limites máximos que garantiriam a proteção do ecossistema aquático.

Entre os elementos identificados, estão per-substâncias e polifluoroalquilados, os PFAS, presentes em mais de 4 mil compostos, como pesticidas, espuma de extintores de incêndio, colchões, estofados, carpetes, embalagens de fast-food e produtos revestidos com anti-aderentes.

Danos severos à saúde

A contaminação por esse tipo de material pode, a longo prazo, provocar “severos danos” à saúde humana, inclusive câncer, alerta Acayaba.

“No Brasil, não temos muitos estudos sobre isso. Mas nos EUA, por exemplo, os dados apontam que cerca de 95% dos adolescentes e adultos apresentam algum nível de contaminação por PFAS”, disse o pesquisador ao Jornal da Unicamp.

As águas superficiais, que compõem as principais fontes de abastecimento, são poluídas por PFAS por meio da produção, uso e descarte de produtos contaminados, seja no meio industrial ou doméstico. Além disso, segundo o pesquisador, as tecnologias tradicionais, usadas pelas estações de tratamento de esgoto e pelos aterros sanitários, não são suficientes para sua completa remoção.

A Bacia PCJ possui uma área de drenagem de pouco mais de 14 mil km², onde vivem aproximadamente 5,5 milhões de pessoas, em mais de 70 municípios. Nesta região, há atividades econômicas que vão desde agropecuária e sucroalcooleira até indústrias, como a petroquímica e têxtil, além de polos de alta tecnologia.

Durante dois anos, a pesquisa de doutorado de Acayaba analisou amostras de água de 12 rios da Bacia PCJ. Com uma amostragem ampla, avaliou as condições de rios como o Atibaia — em pontos de Campinas, Paulínia e Jaguariúna —, além dos rios Capivari, Jaguari, Jundiaí, Piracicaba, Atibainha, Cachoeira, Camanducaia, Corumbataí e Pirapitingui. Em Campinas, foram avaliadas, ainda, amostras dos ribeirões Anhumas e Pinheiros.

Situação vulnerável

Segundo os pesquisadores, a bacia do PCJ encontra-se em situação vulnerável e não atende pré-requisitos importantes da Organização das Nações Unidas (ONU) para garantia da qualidade das águas e de um ambiente seguro para a vida aquática.

A situação mais preocupante foi identificada no rio Jundiaí. Dos oito PFAS estudados, seis foram quantificados em concentrações que variaram de dois nanogramas por litro (2 ng L-1) a 14 ng L-1. O limite preconizado pela legislação de índices considerados toleráveis por agências ambientais australianas varia de 1,7 a 5 ng L-1.

No rio Pirapitingui, um dos ácidos, o perfluoropentanóico, atingiu o nível de 50 ng L-1, mas foi o único encontrado naquele curso d’água.

No estudo da Bacia PCJ, em seis das 14 amostras analisadas, foram identificados valores de PFAS acima da concentração limite. A avaliação para a vida aquática apresentou quocientes de risco (QR) entre 8,7 e 20,9, sendo o rio Piracicaba o ponto mais preocupante.

Os pesquisadores encontraram, ainda, altas concentrações de pesticidas, assim como de fármacos, nas águas dos rios da região. Entre os pesticidas, os mais frequentes foram atrazina, diuron, ametrina e imidacloprido. Todos apresentam coeficientes com grande risco para a vida aquática.

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