Perícia sugere que PM “plantou” arma em suspeito fuzilado pela Rota
Ação da Rota terminou com dois suspeitos mortos e um suspeito gravemente ferido na Rua da Consolação, no centro de SP, em janeiro
atualizado
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São Paulo – A análise de câmera de segurança, feita pela perícia (veja as fotos abaixo), mostra que um policial militar da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) colocou um objeto, que pode ser uma arma de fogo, sob o corpo de um homem baleado durante uma ocorrência na Rua da Consolação, no centro da capital paulista.
A ação, que aconteceu na madrugada de 12 de janeiro, terminou com dois suspeitos mortos e um preso, gravemente ferido, após uma perseguição policial. O trio foi atingido por 28 tiros, ao todo, efetuados pelos PMs da Rota com pistola .40 e fuzis 762 e 556.
O homem que aparece caído na filmagem sobreviveu aos disparos e afirma, em depoimento, que ninguém estava armado e que os policiais teriam plantado armas na cena do crime. Também diz que ele e os amigos chegaram a “levantar as mãos” antes de acabarem baleados pelos PMs.
O depoimento contradiz a versão apresentada pelos policiais. Os agentes alegam que os suspeitos “fizeram menção de atirar” e que teriam encontrado três revólveres calibre 38, com numeração raspada, e uma pistola Glock calibre 45, todos municiados, no carro dos suspeitos.
Imagens
A investigação é conduzida pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e ainda não foi concluída.
Para atestar as versões apresentadas, os investigadores levantaram as imagens de câmeras na rua e dos equipamentos instalados nos uniformes dos PMs.
A perícia realizada em imagens de uma câmera de rua afirma que, logo após atirar, um sargento da Rota foi até o homem baleado, se ajoelhou sobre ele e pôs um objeto sob o seu corpo. A informação foi revelada pela Ponte Jornalismo e confirmada pelo Metrópoles.
“Destaca-se em determinado momento a movimentação da mão esquerda do policial na região de sua perna esquerda, do qual surge um objeto, de cor escura, que é colocado embaixo do corpo do indivíduo caído, na região da lombar”, diz o laudo.
Caso
Policiais da Rota teriam recebido denúncia anônima de que uma quadrilha iria roubar uma residência em Cotia, na Grande São Paulo, e iniciaram diligências para interceptar dois carros.
Um deles, um Mercedes-Benz, foi encontrado na Raposo Tavares. Sem oferecer resistência ou portar “nada de ilícito”, os três ocupantes foram abordados e liberados depois.
Já o outro veículo, um Honda Fit, foi interceptado na Rua da Consolação, também com três homens. “Segundo o relatado por policiais militares, fizeram menção de efetuar disparo de arma de fogo contra a equipe, que revidou a injusta agressão sofrida”, afirma o registro.
Dois suspeitos morreram e o terceiro, baleado, foi socorrido em estado grave e recebeu voz de prisão. De acordo com a investigação, quatro PMs teriam atirado contra o grupo.