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Pênis na mão e óleo na vagina: como agia o “João de Deus” de Socorro

Vítimas relataram a advogada como aconteciam os abusos sexuais cometidos por líder espiritual; até agora, 14 mulheres formalizaram denúncias

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1 de 1 foto colorida de Jessey Maldonado Monteiro, o João de Deus de Socorro, preso por abusar de mulheres em centro espiritual - Metrópoles - Foto: Reprodução/TV Bandeirantes

São Paulo – Subiu para 14 o número de vítimas que prestaram depoimento à Polícia Civil de Socorro, interior de São Paulo, acusando o líder espiritual Jessey Maldonado Monteiro, de 49 anos, de praticar abusos sexuais durante sessões espirituais. Há suspeitas de que o número possa ser muito maior.

Entre os relatos das vítimas, há informações de que o líder espiritual oferecia um copo d’água “essencial”, aplicava uma grande quantidade de óleo nas partes íntimas delas e encostava seu pênis nas mãos das mulheres.

O suspeito foi preso na última segunda-feira (15/1). Na casa dele, foram apreendidos brinquedos sexuais, seringas, câmeras, remédios e duas armas de fogo – sendo uma delas ilegal.

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Jessey Maldonado Monteiro, o João de Deus de Socorro, preso por abusar de mulheres em centro espiritual
Jessey Maldonado Monteiro, o João de Deus de Socorro, sendo preso acusado de abusar de mulheres em centro espiritual
Líder espiritual é preso suspeito de cometer diversos estupros
Jessey Maldonado foi preso na segunda-feira (16/1), acusado de estupros
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Líder espiritual é preso suspeito de abuso sexual; na imagem, objetos apreendidos na casa do líder espiritual

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Jessey Maldonado Monteiro, o João de Deus de Socorro, preso por abusar de mulheres em centro espiritual

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Jessey Maldonado Monteiro, o João de Deus de Socorro, sendo preso acusado de abusar de mulheres em centro espiritual

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Líder espiritual é preso suspeito de cometer diversos estupros

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Jessey Maldonado foi preso na segunda-feira (16/1), acusado de estupros

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A delegada Leise Silva, responsável pelo caso, afirmou ter identificado ao menos outras 15 vítimas, que ainda não compareceram formalmente à delegacia. A polícia batizou a operação de “João de Deus Socorrense”, em alusão ao líder religioso condenado a quase 500 anos por abusos cometidos contra mulheres que frequentavam seu templo espiritual em Abadiânia (GO).

Além de atuar como líder espiritual em um templo de umbanda, Jessey era chefe do setor de radiologia da Santa Casa de Socorro. Há indícios de que pacientes do hospital também sofreram abusos sexuais do suspeito.

Menor de idade

A advogada Jéssica Toledo representa algumas das vítimas e contou ao Metrópoles parte dos relatos das mulheres. Segundo ela, há uma menor de idade que afirma ter sido abusada durante um exame de radiografia do pulmão, quando tinha apenas 15 anos, na Santa Casa de Socorro.

A maioria dos casos de abuso acontecia dentro do centro de umbanda. Segundo as investigações, Jessey tinha a ajuda de uma mãe de santo, que indicava os serviços dele para pacientes que considerava mais frágeis. No local onde fazia os atendimentos – alguns na sua própria casa –, o suspeito dizia ter “poderes superiores”, capazes de curar dores físicas e emocionais. De acordo com depoimentos, há casos registrados desde 2015.

Os relatos das vítimas são muito parecidos, disse a advogada. De acordo com elas, Jessey pedia para que bebessem um copo d’água, alegando que “a água é uma condutora elétrica essencial para a terapia”. A polícia investiga se o líder espiritual colocava alguma substância para dopar as vítimas.

As sessões duravam em torno de duas horas. O homem pedia para as vítimas tirarem o sutiã porque “precisava fazer massagem na região do peito”. “Elas até sentiam dores excessivas, ele apertava muito os peitos delas”, disse a advogada.

Segundo Jéssica, o suspeito passava muito óleo no corpo das mulheres, principalmente na região da vagina. “Uma delas me relatou que pediu para ir ao banheiro, porque queria parar com aquilo. Ela disse que ficou com a calcinha encharcada de óleo.”

“Elas relatam que ele posicionava as mãos delas de um jeito que ele pudesse encostar o pênis durante a massagem”, afirmou a advogada.

Ainda de acordo com os relatos, as vítimas entravam em um estado de negação e se questionavam se estavam erradas. “As mulheres se perguntavam: ‘Será que eu estou sexualizando o serviço dele? Será que isso está acontecendo?'”, disse Jéssica.

Relato de vítima

Uma mulher que passou por sessões de quiropraxia com o líder espiritual relatou em entrevista à EPTV como aconteceram os abusos. Ela conheceu Jessey no templo religioso e o procurou para tratar de uma dor nas costas, de acordo com o depoimento.

“Eu era filha de santo do terreiro, foi lá que conheci ele. Inclusive foi lá que fiz a [primeira] sessão de quiropraxia. Como estava no meio de todo mundo, não aconteceu nada. Mas eu decidi continuar os procedimentos, então procurei ele de novo e a gente marcou [outra sessão].”

De acordo com a suposta vítima, o homem era “supersimpático” e ela nunca desconfiou do tratamento, por ele ser seu “irmão de santo”. No entanto, na sessão seguinte, que teria acontecido na casa de Jessey, o suspeito pediu a ela que tirasse o sutiã, para realizar uma massagem.

“Eu falei que não sabia se tirava o sutiã. Falei que nunca tinham me pedido isso em todas as massagens que fiz. Aí ele me convenceu. Disse que todas faziam isso, que todas as mulheres tiravam o sutiã e que ele trabalhava muito na região do peitoral porque fazia parte da massagem”, afirmou a mulher.

“Eu confiei nele. Achei que seria certo. Mas, no momento do toque, ali que eu estranhei porque não estava normal. Nunca tinha acontecido isso em massagem nenhuma”, disse a mulher.

O que diz a defesa

O Metrópoles entrou em contato com a defesa de Jessey Maldonado Monteiro. Em nota, o advogado Ricardo Rafael, que representa o indiciado, informa que não se manifestará sobre o caso, “uma vez que os autos se encontram em segredo de Justiça” e que “no momento oportuno, demonstrará toda a improcedência acusatória”.

“A respeito da prisão preventiva decretada, a defesa informa que respeita a decisão, mas irá recorrer, pois os argumentos utilizados não encontram respaldo legal, onde a presunção da inocência deve prevalecer. Sua decretação é uma afronta aos princípios basilares do Estado Democrático de Direito, regras que regem o processo penal brasileiro”, conclui a defesa.

O Metrópoles entrou em contato com a Santa Casa de Socorro, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

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