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PCC: como o Tatuapé virou reduto dos barões da facção em SP

Bairro emergente da zona leste de SP, o Tatuapé abriga imóveis e carros de luxo ostentados por líderes do PCC para lavar dinheiro do tráfico

atualizado

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Divulgação/Polícia Civil de SP
Foto colorida de carros de luxo atribuídos a lideranças do PCC apreendidos pela Polícia Civil no Tatuapé, zona leste de SP
1 de 1 Foto colorida de carros de luxo atribuídos a lideranças do PCC apreendidos pela Polícia Civil no Tatuapé, zona leste de SP - Foto: Divulgação/Polícia Civil de SP

São Paulo – Uma série de operações policiais deflagradas nos últimos anos contra o Primeiro Comando Capital (PCC) revelam que o Tatuapé, bairro emergente da zona leste de São Paulo, virou o principal reduto das lideranças da facção criminosa na cidade.

As investigações apontam que os chefões do PCC investem fortunas obtidas com o tráfico de drogas na compra de imóveis e de carros de luxo na região, que atravessa uma forte expansão imobiliária, com empreendimentos de alto padrão, resultante da ascensão social de moradores da zona leste, incluindo os criminosos.

Os itens ostentados pelos “novos ricos” do crime desencadearam operações das polícias Federal, Civil e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que miraram concessionárias de veículos, construtoras e imóveis de luxo usados pelo PCC para lavar dinheiro do tráfico.

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Agentes da receita durante operação
Empresas mantinham veículos registrados em seus nomes
Promotor Lincoln Gakiya fala a policiais antes do início da Operação Fim de Linha, que mira empresas de ônibus suspeitas de ligação com o PCC
Viaturas policiais a postos para participar da Operação Fim de Linha, do MPSP, que mira empresas de ônibus suspeitas de ligação com o PCC
Viaturas policiais a postos para participar da Operação Fim de Linha, do MPSP, que mira empresas de ônibus suspeitas de ligação com o PCC
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Receita identificou que suspeitos usavam carros de luxo, sem registrá-los

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Agentes da receita durante operação

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Empresas mantinham veículos registrados em seus nomes

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Promotor Lincoln Gakiya fala a policiais antes do início da Operação Fim de Linha, que mira empresas de ônibus suspeitas de ligação com o PCC

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Viaturas policiais a postos para participar da Operação Fim de Linha, do MPSP, que mira empresas de ônibus suspeitas de ligação com o PCC

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Viaturas policiais a postos para participar da Operação Fim de Linha, do MPSP, que mira empresas de ônibus suspeitas de ligação com o PCC

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Policiais recebem orientações antes de participar da Operação Fim de Linha, do MPSP, que mira empresas de ônibus suspeitas de ligação com o PCC

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Garagem da viação UpBus, na zona leste, um dos alvos da operação do MP

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Operação Fim de Linha, do MP, apreendeu armas e dinheiros com dirigentes de empresas de ônibus

Reprodução/TV Globo
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Operação Fim de Linha, do MP, apreendeu armas e dinheiros com dirigentes de empresas de ônibus

Reprodução/TV Globo

 

Fontes da Polícia Civil que investigam a facção, ouvidas sob condição de anonimato, afirmam que o “status”, aliado à localização geográfica do Tatuapé, possibilita o estabelecimento de membros do alto escalão do PCC no bairro emergente da zona leste.

Um dos barões do crime que viviam na região é Silvio Luiz Ferreira, o Cebola, acusado de usar a empresa de ônibus UpBus, da qual era sócio, para lavar milhões de reais da maior facção do Brasil, como aponta a Operação Fim da Linha, deflagrada pelo MPSP em abril deste ano. A UpBus opera linhas da zona leste da capital.

Quatro dos 52 alvos da Fim da Linha moravam no mesmo prédio na Rua Americana, no Tatuapé. Um deles é Cebola, que já residiu no local com a esposa e o filho. O apartamento dele já havia sido vasculhado pela Polícia Federal (PF) em 2020, em outra operação contra o tráfico de drogas.

Desde que teve a prisão decretada, Cebola está foragido. Ele é apontado como membro da Sintonia Final das Ruas do PCC, a cúpula da facção, e também foi investigado em um esquema que mandou mais de R$ 1 bilhão da organização criminosa para o exterior. A defesa dele nega as acusações.

Carros de luxo

Além dos prédios de alto padrão, a ascensão do bairro é constatada pelo número de concessionárias de carros de luxo estabelecidas na região. Segundo investigações, parte expressiva dessa frota que chama a atenção de quem circula pelas ruas pertence ao crime organizado e está registrada em nome de laranjas.

Em julho do ano passado, por exemplo, policiais do 30º DP (Tatuapé) apreenderam mais de 50 carros de altíssimo padrão, como Ferrari, Porsche e até um McLaren, avaliado em R$ 2,3 milhões. Os veículos, mostram as investigações, eram deixados supostamente em consignação em uma concessionária bairro.

Em abril deste ano, uma nova operação apreendeu mais 31 veículos de luxo atribuídos à cúpula da facção. Como mostrou o Metrópoles, a Receita Federal identificou um conjunto intrincado de empresas e pessoas físicas usadas pelo PCC para disfarçar a propriedade de carros e imóveis de luxo adquiridos por meio da lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e de outras atividades criminosas.

Isso não impede os chefões do crime de viverem nos empreendimentos, pagando contas, além de circularem pelas ruas do bairro ostentando carrões.

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Carrões são apreendidos com suspeita de ligação ao PCC
Carros do PCC eram negociados para viabilizar lavagem de dinheiro
Carros de luxo do PCC
Receita identificou que suspeitos usavam carros de luxo, sem registrá-los
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Carros de luxo do PCC eram usados para lavar dinheiro

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Carrões são apreendidos com suspeita de ligação ao PCC

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Carros do PCC eram negociados para viabilizar lavagem de dinheiro

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Carros de luxo do PCC

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Receita identificou que suspeitos usavam carros de luxo, sem registrá-los

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Território familiar

Um delegado especializado em investigar organizações criminosas afirma que, historicamente, a zona leste é a região onde o PCC “sempre foi mais forte”.

“Arriscaria dizer é a região onde a facção sempre foi mais forte. Obviamente, o traficante ascende socialmente e, por isso, ele vai procurar se deslocar para um local mais próximo de onde estava antes.”

O policial civil pontua que, além do Tatuapé, os criminosos migram para bairros adjacentes e emergentes, como o Anália Franco.

O delegado que investiga o PCC acrescenta, ainda, que a mudança para regiões mais ricas favorece a aproximação dos criminosos com “pessoas que lidam com dinheiro”, como donos de concessionárias de veículos, comércios e construtoras.

“Essa proximidade favorece eventuais relacionamentos e, uma vez estabelecido, há uma união para que o criminoso lave seu dinheiro com aquele comerciante, que passa a ser criminoso quando assume essa conduta de lavar dinheiro para o crime”, afirma o delegado.

“Eles ficam ricos, mas se mantêm em um ambiente conhecido, viram uma personalidade de destaque da região”, afirmou uma autoridade, que monitora as atividades da facção na zona leste da capital.

Membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o professor Rafael Alcadipani, da Fundação Getulio Vargas (FGV), explica que, por estar “no começo da zona leste”, mais perto da região central, criminosos que moram em pontos mais distantes, dominados pelo PCC, migram para o Tatuapé, mantendo-se ainda em território conhecido.

“O Tatuapé viveu uma expansão imobiliária importante, de imóveis caros, e é um lugar que se tornou de status desse novo dinheiro de São Paulo”, afirma.

Segundo uma outra autoridade que também investiga o PCC, em bairros tradicionalmente ricos, nos quais gerações de abastados vivem e se sucedem, os criminosos iriam “chamar a atenção” por causa de seus hábitos, o que poderia facilitar suas localizações pela polícia.

“Os membros da facção gostam de um certo tipo de roupa, de músicas. Nos Jardins, por exemplo, esses hábitos chamariam a atenção de forma negativa, seriam vistos com desconfiança, expondo os criminosos. Já aqui na zona leste, não, aqui isso passa batido”, diz.

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