PCC: planos de fuga e resgate em hospital explicam escolta de Marcola
Ao longo da sua história, PCC já bolou plano para resgatar um dos fundador em hospital de SP e acumula fracassos tentando livrar Marcola
atualizado
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São Paulo – Com algemas e sob escolta de 90 policiais fortemente armados, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, principal liderança do Primeiro Comando da Capital (PCC), foi levado de helicóptero na manhã desta sexta-feira (4/8) para fazer exames médicos em um hospital público do Distrito Federal.
O motivo do aparato de segurança é evitar a fuga do homem considerado o criminoso número 1 do Brasil. Ao longo da sua história, o PCC já pôs em prática ações para resgatar líderes enquanto estavam no hospital e também acumula uma série de tentativas frustradas de livrar Marcola da cadeia de segurança máxima.
Desde janeiro, Marcola está preso na Penitenciária Federal em Brasília, onde fica isolado, é supervigiado e perde direito de visita íntima. Tirá-lo de lá é prioridade da facção, segundo investigadores.
Só na última década, a polícia já desbaratou pelo menos quatro planos de resgate de Marcola em diferentes penitenciárias. No mais recente, no fim do ano passado, a facção teria desperdiçado cerca de R$ 60 milhões para retirá-lo do presídio federal de Porto Velho (RO).
O trajeto para hospitais ou audiências na Justiça também é visto pelo PCC como oportunidade de emboscar o comboio, enfrentar os policiais e devolver o preso às ruas.
Resgate no hospital
Um dos casos mais emblemáticos envolveu Wander Eduardo Ferreira, o Du Cara Gorda ou General, um dos oito fundadores do PCC. Ele cumpria pena em Marília, no interior de São Paulo, por homicídios e assaltos a bancos.
Em outubro de 2000, Du Cara Gorda se queixou de dores na cadeia e recebeu aval para ser levado a um hospital da região. Tudo não passava de um plano, no entanto, para fugir da prisão.
Um grupo do PCC conseguiu resgatar o líder no Hospital Regional de Marília, dando início a uma caçada policial. A perseguição durou 56 horas até Du Cara Gorda ser encontrado.
Na troca de tiros, o líder e outros dois integrantes do PCC acabaram mortos. Um policial militar também foi baleado e morreu no confronto.
Fuga de Marcola
Marcola ascendeu à liderança do PCC no início dos anos 2000. Ele está encarcerado no sistema penitenciário federal desde 2019, após a descoberta de um plano para fugir da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, em 2018.
O planejamento envolvia uma onda de ataques na cidade, para impedir a reação da polícia, e até a contratação de mercenários africanos, experts em armas pesadas.
Em 2014, o MPSP já havia descoberto outro plano para resgatar Marcola de helicóptero. Policiais ficaram dias de tocaia na mata ao redor da P2 de Presidente Venceslau para tentar abater a aeronave.
Acumulando fracassos, o PCC também passou a investir mais em vinganças contra agentes públicos e autoridades brasileiras – o “Plano B” do grupo. A retaliação mais recente foi desarticulada pela Polícia Federal (PF), em março, e tinha como um dos alvos o senador Sergio Moro (União-PR).