Sem Polícia Civil, operação contra ônibus do PCC irrita delegados
Associação de delegados reagiu à falta de agentes da Polícia Civil na operação contra empresas de ônibus suspeitas de lavar dinheiro do PCC
atualizado
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São Paulo – A Operação Fim da Linha, deflagrada na terça-feira (9/4) contra a lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) por meio de empresas de ônibus na capital paulista, causou reação na associação de delegados de São Paulo.
O motivo é que os integrantes da Polícia Civil foram escanteados da megaoperação de combate ao PCC, que pôs nas ruas mais de 100 viaturas e cerca de 340 agentes de segurança. Todos eles, no entanto, eram da Polícia Militar.
Ao todo, a Operação Fim da Linha cumpriu quatro mandados de prisão e 52 de busca e apreensão na capital, no interior e no litoral paulista. Na mira dos investigadores estavam sócios de duas empresas de ônibus, a Transwolff e a UpBus, acusadas de lavar dinheiro da facção criminosa.
Também participaram das diligências 64 membros do Ministério Público de São Paulo (MPSP), 43 agentes da Receita Federal e outros dois do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
“Ilegal”
Presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp), André Santos Pereira chegou a classificar a operação como “ilegal”.
“Com conhecimento das autoridades máximas do estado, vimos a afronta à ordem constitucional com a operação”, afirmou, em comunicado para contestar a ausência da Polícia Civil na linha de frente da operação.
Para Pereira, “tal conduta” também “traz instabilidade às instituições” e “prejudica a população”. “Sobretudo pela possibilidade de, ao final do processo, o Poder Judiciário declarar a ilegalidade da operação”, disse.
Conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, a Operação Fim da Linha é o resultado de mais de quatro anos de investigação que começaram por inquéritos justamente da Polícia Civil.
Operação
Na terça-feira (12/4), os resultados da operação foram apresentados em coletiva de imprensa do MPSP, que contou com a presença do secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, que é capitão da reserva da PM paulista, e do comandante-geral da PM.
Foram presos os dirigentes da Transwolff Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora; Robson Flares Lopes Pontes e Joelson Santos da Silva.
Já Silvio Luiz Ferreira, o Cebola, que é ligado ao PCC e seria sócio da UpBus, segue foragido.
O Metrópoles procurou a Secretaria da Segurança Pública para saber por que a Polícia Civil deixou de participar da operação, mas a pasta não respondeu. O espaço segue aberto para manifestação.
Denúncia
Segundo o MPSP, o esquema de lavagem do PCC envolvia as empresas de ônibus Transwolff e UpBus, que operam linhas nas zonas sul e leste da capital e são responsáveis por transportar 10% de todos os passageiros da cidade.
Por decisão da Justiça, toda a cúpula das duas empresas foi afastada, e a operação de ambas acabou assumida pela SPTrans, empresa municipal que administra o sistema, por meio de interventores nomeados pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Os esquemas para ocultar dinheiro da facção, obtido com tráfico de drogas e outros crimes, foram detalhados em duas denúncias diferentes. Após as ações nas ruas, a Promotoria ofereceu denúncia contra 10pessoas ligadas à Transwollf e 19 à UpBus.