PCC: MPSP denuncia 26 por esquema de lavagem com empresas de ônibus
MPSP ofereceu denúncia contra 26 investigados da Operação Fim da Linha, que mira lavagem de dinheiro do PCC por empresas de ônibus em SP
atualizado
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São Paulo — O Ministério Público de São Paulo (MPSP) ofereceu denúncia contra 26 investigados na Operação Fim da Linha, deflagrada na terça-feira (9/4), que mira um esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) por meio de empresas de ônibus na capital paulista.
Os denunciados vão responder por organização criminosa, extorsão, lavagem de capitais e apropriação indébita. Segundo o MPSP, o esquema para esquentar o dinheiro obtido com o tráfico de drogas do PCC envolve as empresas de ônibus Transwolff e UpBus, que receberam mais de R$ 843 milhões da Prefeitura da capital paulista, em 2023, para operar linhas nas zonas sul e leste.
Por decisão da Justiça, toda a cúpula das empresas foi afastada. A SPTrans, empresa municipal que administra o sistema, assumiu a operação de ambas por meio de interventores nomeados pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Um dos denunciados, Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, de 54 anos, o dono da Transwolff, está preso preventivamente desde o dia da Operação Fim da Linha. Os sócios Joelson Santos da Silva, de 56, e Robson Flares Lopes Pontes, 38, também foram detidos.
Lavagem do PCC
De acordo com o MPSP, Pandora e outros nove denunciados da TW, como é conhecida a empresa, teriam praticado os crimes no período entre 2008 e 2023. Eles são acusados de usar a viação para lavar cerca de R$ 54 milhões do PCC.
A promotoria também afirma que o dinheiro ilícito injetado pela facção ajudou a empresa a se qualificar para vencer a licitação para operar linhas na zona oeste da capital. A investigação é do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
O MPSP também diz que os cooperados da TW sofreram “grave ameaça contra a vida e contra a integridade física”, para abdicar dos seus direitos e do seu patrimônio, que foi incorporado de forma ilegal à empresa.
Já na UpBus, Silvio Luiz Ferreira, o Cebola, e Décio Gouveia Luiz, o Décio Português, apontados como lideranças do PCC, teriam colocado R$ 20 milhões da facção para credenciar a empresa para participar de licitação, promovida pela Prefeitura em 2015.
Foragido há 10 anos, Cebola foi um dos alvos de mandado de prisão temporária na ação, mas não foi capturado.
Além deles, Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, e Cláudio Marcos de Almeida, o Django, que foram mortos em disputas internas do PCC, também integraram o quadro de sócios da UpBus.
Operação Fim da Linha
Segundo a promotoria, a investigação tem como base análises bancárias, fiscais, telemáticas, societárias e patrimoniais. Relatórios e informações dos Tribunais de Contas do Estado (TCE) e do Município (TCM) de São Paulo também foram incluídos no inquérito.
Na Operação Fim da Linha, os investigadores obtiveram quatro mandados de prisão e 52 de busca e apreensão em São Paulo. Os policiais recolheram 11 armas – entre elas, dois fuzis e uma submetralhadora – e 800 munições. Também foram apreendidos computadores, celulares, joias, barras de ouro e R$ 161 mil em espécie.
A Justiça determinou, ainda, o bloqueio de mais de R$ 800 milhões em patrimônio dos investigados.