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PCC: Jilmar Tatto e Milton Leite vão depor em investigação de lavagem

Vereador Milton Leite e deputado federal Jilmar Tatto serão ouvidos como testemunhas em processo que investiga lavagem de dinheiro do PCC

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jilmar tatto milton leite
1 de 1 jilmar tatto milton leite - Foto: Reprodução/Redes Sociais

São Paulo — O vereador Milton Leite (União), presidente da Câmara Municipal da capital paulista, e o deputado federal Jilmar Tatto (PT), ex-secretário municipal de Transportes nas gestões petistas de Marta Suplicy e Fernando Haddad, foram incluídos como testemunhas na investigação que apura lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) por meio de empresas de ônibus.

O pedido para colher o depoimento de Leite (dir. na foto em destaque) e Tatto foi feito pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) na denúncia oferecida contra 10 pessoas ligadas à Transwolff, uma das empresas investigadas por ocultar bens do PCC. Em nota, ambos afirmam que ainda não foram notificados, mas estão à disposição para prestar esclarecimentos.

A TW, como a empresa é conhecida, opera ônibus na zona sul e é responsável por transportar 9% dos passageiros da capital paulista. Segundo o MPSP, a viação recebeu um aporte de R$ 54 milhões do PCC, obtidos com tráfico de drogas e outros crimes, para participar da licitação do transporte público na capital paulista.

Até o momento, três dirigentes da TW estão presos preventivamente. São eles: Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, sócio majoritário e suposto chefe do esquema, o diretor Robson Flares Lopes Pontes, que seria ligado ao PCC, e o advogado Joelson Santos da Silva, apontado como responsável pelas manobras contábeis.

Eles foram detidos na Operação Fim da Linha, deflagrada na terça-feira (9/4), que também mira representantes da empresa UpBus, atuante na zona leste de São Paulo. Ao todo, 19 pessoas ligadas a essa viação foram denunciadas pelo MPSP.

Testemunhas

Na acusação, o MPSP cita que o deputado Jilmar Tatto, então secretário da prefeita Marta Suplicy (2001-2004), e outras sete pessoas chegaram a ser citados em um inquérito policial que apurava envolvimento da Cooperpam, cooperativa de transporte que foi sucedida pela TW, com o crime organizado.

Também citado nesse inquérito, Pandora chegou a prestar oitiva e admitiu que o PCC estaria “infiltrado entre os perueiros”, de acordo com a promotoria. A informação motivou um pedido de prisão preventiva contra Tatto, que foi negado na Justiça paulista em 2006.

Em 2015, na gestão Haddad, o deputado também era o titular da pasta responsável por lançar o novo edital do transporte público. Na ocasião, a TW foi vencedora de lotes que já eram operados, por contratos emergenciais, pela Cooperpam.

Já o vereador Milton Leite teria ligações com Pandora, que foi presidente da Cooperpam antes de assumir a TW. O vínculo, no entanto, não é citado ao longo das 163 páginas da denúncia oferecida pelo MPSP.

Lavagem do PCC

Segundo a promotoria, o dinheiro do PCC foi ocultado a partir da criação da empresa MJS Participações Ltda., em 2014, que ingressou no quadro societário da TW no ano seguinte. Com isso, o capital social da empresa de ônibus saltou de R$ 1 milhão para R$ 55 milhões em 2015.

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Ônibus da Transwolff circulam normalmente no dia em que MPSP faz operação da empresa por suspeita de ligação com o PCC; na  imagem, ônibus da empresa no Terminal Santo Amaro
Ônibus da Transwolff circulam normalmente no dia em que MPSP faz operação da empresa por suspeita de ligação com o PCC; na  imagem, ônibus da empresa no Terminal Santo Amaro
Ônibus da Transwolff circulam normalmente no dia em que MPSP faz operação da empresa por suspeita de ligação com o PCC; na  imagem, ônibus da empresa no Terminal Santo Amaro
Agentes da receita em garagens de ônibus
Garagem da Transwolff, em Socorro, zona sul; empresa é alvo de operação do MPSP por suspeita de ligação com o PCC
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Foi o aporte que habilitou a TW a participar da licitação do transporte público. O edital exigia que os concorrentes tivessem capital social de, no mínimo, R$ 25 milhões.

A denúncia afirma que os valores associados à empresa teriam sido obtidos por “depósitos em dinheiro e fracionados”, sem origem demonstrada.

Os investigadores identificaram operações de “smurfing” (depósitos fracionados ou anônimos), realizados entre setembro e dezembro de 2015, em um banco na zona sul da capital paulista, onde os sócios da TW eram correntistas.

Também houve transferências a partir de supostos empréstimos de 88 pessoas físicas, incluindo funcionários da TW e titulares de empresas administradas pela Demark Assessoria Contábil, o escritório responsável pela contabilidade da viação.

Esses valores chegaram a R$ 26,6 milhões e teriam sido usados na compra de 50 ônibus para a empresa.

A MJS Participações Ltda. só seria efetivamente incorporada à TW em dezembro de 2019. Durante a sua existência, a holding “não desempenhou nenhuma atividade operacional, não teve funcionários, não adquiriu nem alienou nenhum bem imóvel e não possuiu ônibus”, de acordo com o MPSP.

Denunciados

Na denúncia, o MPSP afirma que Pandora e o diretor Robson Flares, que estão presos, representavam o elo da empresa com o PCC. O segundo acusado já tinha passagem por tráfico de drogas.

Respondem à acusação em liberdade os denunciados Cícero de Oliveira, Moisés Gomes Pinto e Carlos Couto Ramos, diretores da TW, além Reginaldo Gonçalves da Silva, ex-sócio da empresa.

Já Joelson, que também está preso, e o seu irmão Jeová Santos da Silva são acusados de usar a Demark Assessoria Contábil no esquema.

O MPSP denunciou, ainda, os advogados José Nivaldo Souza Azevedo e Lindomar Francisco dos Santos, supostamente ligados ao loteamento irregular e à grilagem, promovidos pelo PCC na região da represa do Guarapiranga, na zona sul, onde foram identificados imóveis das empresas de ônibus.

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