PCC: quem são os 4 indiciados por matar acusados de plano contra Moro
Ex-chefes do PCC e envolvidos no plano contra Sergio Moro, Nefo e Rê foram assassinados por outros presos na P2 de Presidente Venceslau (SP)
atualizado
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São Paulo – Envolvimento em outros assassinatos, histórico de crimes cometidos na cadeia e vínculo com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Esse é o perfil em comum dos quatro indiciados pelos homicídios de Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o Rê, ex-chefes da facção criminosa que foram mortos a punhaladas na prisão.
Segundo a investigação, Nefo e Rê, ambos de 48 anos, foram assassinados a golpes de canivete e punhal, na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, cadeia considerada de segurança máxima no interior de São Paulo, na tarde de segunda-feira (17/6). Há suspeita de que os homicídios tenham acontecido a mando do próprio PCC.
Os suspeitos são os presos Ronaldo Arquimedes Marinho, o Saponga, de 53 anos; Luis Fernando Baron Versalli, o Barão, 53; Jaime Paulino de Oliveira, o Japonês, 47, e Elidan Silva Céu, o Taliban, 45. Flagrados pelo sistema de câmeras da cadeia, nenhum deles admitiu os crimes à Polícia Civil.
O corpo de Nefo foi encontrado na área de banho de sol. Já o cadáver de Rê estava no banheiro. Ambos foram encontrados com um corte no pescoço, lesões no abdômen e na cabeça, além de sinais de luta corporal. Eles eram acusados de integrar a célula de elite do PCC responsável por planejar ataques a autoridades no Brasil.
Os ex-chefes da facção foram presos em março de 2023, no âmbito da Operação Sequaz, deflagrada pela Polícia Federal (PF) para desmantelar o plano de atacar o senador Sergio Moro (União-PR) e a família dele. O promotor Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), também era alvo do bando.
Saponga
Acusado de usar o canivete para matar Nefo e Rê, Ronaldo Arquimedes Marinho, o Saponga, está preso desde 1989. Na época, ele já respondia por um assalto à mão armada, cometido na frente de uma criança, e por se vingar da morte do irmão e executar o assassino em um terreno baldio da zona leste da capital paulista.
Ao todo, Saponga é condenado a 41 anos, 3 meses e 21 dias. Desde então, ele acumula mais de 70 faltas disciplinares na cadeia – incluindo ameaças e xingamentos a agentes penais e destruição de bens públicos, como detector de metais.
O histórico de tumultos na prisão fez com que Saponga fosse alvo de um pedido de transferência para a Penitenciária Federal de Mossoró (RN) em 2015 – época em que líderes do PCC ainda não haviam sido transferidos para o regime prisional mais duro. A solicitação, no entanto, foi negada pela Justiça.
Segundo seu prontuário, ele é faccionado do PCC. O preso foi companheiro de cadeia de André Oliveira Macedo, o André do Rap, em Presidente Venceslau. Em outubro de 2020, quando foi solto por um habeas corpus, o narcotraficante decidiu presenteá-lo com roupas, lençóis e uma Bíblia.
Taliban
Já os outros acusados têm antecedentes por homicídios dentro da cadeia. O caso mais recente é o de Elidan Silva Céu, o Taliban, também membro fichado do PCC, que foi acusado de matar por asfixia o detento Luiz Carlos Combinatto, na Penitenciária 2 de Itirapira, no interior paulista, em maio de 2005.
Segundo a investigação, o homicídio aconteceu em cobrança a uma dívida da vítima. Inicialmente, Combinatto foi atacado e sofreu um corte no pescoço. Em seguida, ele foi enlaçado e erguido do chão. O preso morreu enforcado.
Antes de matar esse colega de cadeia, Taliban respondia a outras duas acusações de homicídio, registrados em Sorocaba, no interior, em 1998 e 2004. A sua pena acumulada é de 35 anos e 2 meses de prisão.
Entre as faltas cometidas na prisão, há desobediência, tentativa de fuga, dano ao patrimônio e tráfico de drogas. Em 2010, também chegou a ser investigado após um colega de cela ser encontrado morto. A apuração apontou que a vítima sofreu uma overdose. Taliban foi absolvido.
Barão
Já na ficha de Luis Fernando Baron Versalli, o Barão, constam condenações por latrocínio (roubo seguido de morte) e por outros dois homicídios cometidos na prisão. Ele é sentenciado a 69 anos e 6 meses.
No sistema prisional, o primeiro assassinato aconteceu na antiga Casa de Detenção, na zona norte da capital paulista. Era maio de 2001. Na ocasião, Barão foi flagrado arrastando o corpo da vítima pelo corredor. Ele confessou ter matado Leandro Luiz Bernardo Dias a facadas e alegou “acerto de contas”.
Já em setembro de 2003, na Penitenciária Orlando Brando Filinto, em Iaras, no interior, Barão e um comparsa mataram Josailton Félix, a golpes de estilete. O crime aconteceu em dia de visita.
Barão foi detido em 1993 e nunca mais saiu da cadeia. Com diversas faltas registradas no prontuário, respondeu à última sindicância há apenas três meses, por supostamente incendiar a própria TV na P2 de Presidente Venceslau.
Japonês
Em abril de 1999, Jaime Paulinho de Oliveira, o Japonês, foi acusado de participar do bando que matou o detento Amador Ferreira de Carvalho Junior nas dependências da Penitenciária de Araraquara, no interior paulista. À época, ele estava preso por um roubo praticado três anos antes.
Segundo a denúncia, a vítima foi encurralada por quatro presos e, sem chance de defesa, acabou assassinada a golpes de estilete. Pelo homicídio, Japonês foi condenado a mais 15 anos de prisão. Ao todo, a pena soma 36 anos e 4 meses.
O preso registra envolvimento com o PCC pelo menos desde 2013. Na cadeia, também respondeu por desobediência, apreensão de celular e fuga. De acordo com sua ficha, Japonês tentou cometer suicídio na Penitenciária de Presidente Venceslau em outubro de 2023.
O Metrópoles não conseguiu contato com a defesa dos indiciados. O espaço segue aberto para manifestação.