Passageiros chamam de expresso da discriminação os trens para The Town
Concessionária cobra R$ 40 de passageiros que queiram ir para o festival The Town, na zona sul de SP; valor é alvo de ação civil pública
atualizado
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São Paulo – Passageiros da linha 9-Esmeralda, da ViaMobilidade, denunciam que os trens expressos para o festival The Town, que custam R$ 40, estão tendo prioridade nas estações Primavera-Interlagos e Autódromo, provocando atraso na partida das composições convencionais, cujas viagens saem por R$ 4,40.
Os transtornos reforçam apontamento do Sindicato dos Ferroviários, que propôs uma ação civil pública contra a concessionária, na sexta-feira (1º/9). A entidade afirma que a diferenciação de preços causa dano coletivo aos usuários das Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda.
“O serviço expresso também segrega os usuários do transporte público, pois cria uma diferenciação entre os que podem pagar R$ 40 e os que não podem”, diz.
Pessoas que usam cotidianamente o transporte para ir trabalhar ou passear aos fins de semana se sentiram prejudicadas.
Nas redes sociais, a viagem mais cara para o festival foi chamada de “expresso da discriminação”. Os trens regulares, segundo usuários do sistema, são parados para que os expressos tenham prioridade.
Na estação Carapicuíba, da linha 8-Diamante, passageiros que pagaram o valor padrão da tarifa não tiveram acesso aos assentos para aguardar o trem, que estavam destinados ao expresso.
Na estação Vila Olímpia, da linha 9-Esmeralda, quem pagou a tarifa normal também teve o acesso limitado, contrariando o que a concessionária afirmou à Justiça, de que o transporte para o festival não iria afetar a operação cotidiana dos trajetos.
Enquanto passageiros regulares sofriam para tentar embarcar em um trem no sábado (2/9), houve relatos e registros de composições do expresso passando vazios por volta das 19h.
Uma internauta escreveu: “Eu moro no Grajaú [zona sul], trabalho próximo da estação Morumbi. Eu tive que ir para Pinheiros para conseguir pegar um ônibus para voltar para casa, porque de trem estava impossível”.
Denúncia
O Sindicato dos Metroviários afirma que, na ação movida contra ViaMobilidade, é apontado que o Metrô e a CPTM já realizaram operações especiais com trens expressos e durante 24 horas em diversos eventos na capital paulista, como a Copa do Mundo, o Lollapalooza e a Virada Cultural, “com a tarifa padrão.”
O embarque do serviço expresso oferecido pela ViaMobilidade ocorre desde sábado nas estações Barueri, da Linha 8-Diamante, e Pinheiros, da Linha 9-Esmeralda.
Segundo o Ministério Público de São Paulo, “a representação está sob análise.”
Procon
Além do Ministério Público Estadual e do Ministério Público Federal, os metroviários acionaram também o Procon.
O órgão fiscalizador diz que a manifestação foi recebida pelo canal digital de reclamações de pessoas físicas, mas não como uma denúncia. Por causa disso, houve a emissão automática de uma reclamação padrão à ViaMobilidade, que teria prazo de 10 dias para resposta (até 4 de setembro).
Segundo o Procon, diante da informação sobre a ação civil pública, a ViaMobilidade foi acionada para prestar informações em 24 horas, “com o objetivo de avaliar se o tema pode ser tratado pelo órgão de defesa como sendo uma relação de consumo, ou se deverá ser tratado por agência reguladora de transporte, pois a empresa é uma concessionária de serviço público”.
O que diz a concessionária
Em nota enviada no fim da tarde deste domingo (3/9), a ViaMobilidade afirmou que uma falha elétrica, nesse sábado (2/9), fez com que os trens da linha 9-Esmeralda operassem com intervalos de 10 minutos, entre as estações Osasco e Autódromo, e de 20 minutos entre as estações Autódromo e Bruno Covas-Mendes Vila Natal.
“Os impactos na linha envolveram tanto o transporte regular como os serviços especiais expressos e semi-expressos para o The Town.”
A concessionária acrescentou que 32 ônibus do sistema Paese foram acionados para dar suporte entre as estações Grajaú e Jurubatuba.
Ao Metrópoles a concessionária enviou nota na sexta-feira afirmando que iria prestar o serviço regular durante o festival, com horários estendidos (24 horas) e conforme tarifas regulares (R$ 4,40).
A ViaMobilidade ainda argumentou que há previsão contratual que lhe permite a prestação de serviços complementares, como a possibilidade de os clientes adquirirem o serviço expresso e semi-expresso. A concessionária acrescentou que essa modalidade não iria prejudicar e não afetaria a operação normal da via.