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“Sofro com eles”, diz parente de vítima de acidente aéreo de 1996

Após morte de marido no acidente aéreo do voo TAM 402, Sandra Assali decidiu criar associação para auxiliar casos semelhantes

atualizado

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Reprodução-Abrapavaa
Sandra Assali, diretora da Abrapavaa
1 de 1 Sandra Assali, diretora da Abrapavaa - Foto: Reprodução-Abrapavaa

São Paulo — A advogada Sandra Assali decidiu transformar a dor do luto em uma associação para auxiliar familiares de vítimas de acidentes aéreos. Ela perdeu o marido, José Rahal Abu Assali, em 1996 no voo 402 operado pela companhia TAM (atual Latam). O avião caiu dois minutos depois de decolar do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, sobre casas na região do Jabaquara, na zona sul.

No acidente, 99 pessoas morreram.

Um ano depois da perda do marido, ela decidiu liderar a criação da Associação Brasileira de Parentes e Amigos de Vítimas de Acidentes Aéreos, a Abrapavaa.

Em entrevista ao Metrópoles, Sandra diz que a realidade que viveu era desoladora. Sem normas estabelecidas para o tratamento de parentes de vítimas de acidentes aéreos, ela se viu desamparada e sem saber o que fazer: “Fora o que a gente tava passando com o luto, fomos muito prejudicados, até porque o Brasil não tinha uma norma de assistência”, disse.

Daí surgiu a ideia de fundar uma associação que trabalhasse para a criação de normas que determinassem procedimentos padrões que as empresas aéreas tivessem que seguir em casos de acidentes aéreos.

O trabalho de Sandra com outros familiares fez com que fosse criada, em 2005, uma norma de Instrução de Aviação Civil (IAC) 200-1001, que hoje determina o passo a passo da ação das empresas aéreas no tratamento com familiares em casos de acidente como o da VoePass em Vinhedo, no interior de São Paulo, na última sexta-feira (9/8).

Lutos semelhantes 

Para Sandra, há um luto muito comum entre os parentes de vítimas de acidente aéreos: “Eles são muito semelhantes. Assim que acontece, cada um tem a sua história de vida. É uma família menor, maior. Você tem situações distintas. Porém a necessidade é muito semelhante. A gente espera ser acolhido, a gente espera assistência, a gente espera respeito. A gente espera que cuide da gente, de toda essa questão burocrática de identificação, parte fúnebre, o translado. Existe muita semelhança”, contou.

À frente da Abrapavaa, Sandra já lidou com mais de 200 casos de acidentes aéreos, desde queda de aviações pequenas agrícolas até mesmo os maiores da história do Brasil, como o do voo da TAM 3054, em que 199 pessoas morreram após o avião da companhia não conseguir pousar na capital paulista.

Apesar de tantas experiências, a advogada diz que casos como o da VoePass mexem diretamente com sua memória: “Com certeza nos atinge. Você relembra de momentos seus”, afirmou.

Atualmente, a Abrapavaa tem contato direto com as vítimas, assim como com as companhias aéreas e órgãos federais, como o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Desde a notícia da queda da aeronave em Vinhedo, Sandra está falando com entidades e com a VoePass, mas dedica principalmente o seu tempo para conversar com os familiares das vítimas, acolhendo pessoas que hoje sentem a dor da perda repentina que assolou a sua vida há 27 anos:

“Eu me envolvo muito, sofro com eles. Você fica muito próximo. Mas eu entendo também que alguém tinha que fazer essa assistência, então é uma missão”, contou.

 

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