Panfleto contra Nunes: polícia vê malícia de partidos e abre inquérito
Boletim de ocorrência sobre panfletos apreendidos em SP cita “ação maliciosa e coordenada” de PT e PSol contra gestão Ricardo Nunes
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – A Polícia Civil abriu um inquérito policial para apurar se houve desobediência judicial do PT e do PSol na distribuição de panfletos da pré-campanha do deputado federal Guilherme Boulos (PSol), na manhã desta quarta-feira (5/6), com denúncias contra o prefeito Ricardo Nunes (MDB) em frente à estação São Miguel Paulista da CPTM, na zona leste da capital.
Um dia após a Justiça Eleitoral determinar que o PT cessasse a distribuição do material, contendo informações que circularam na imprensa sobre supostos esquemas de desvio de dinheiro na gestão Nunes, a polícia recebeu uma denúncia de que cinco mulheres panfletavam material semelhante. Elas foram detidas e encaminhadas ao 63º DP com folhetos assinados pelo PSol no expediente.
Segundo o boletim de ocorrência, ao qual o Metrópoles teve acesso, a defesa das “panfleteiras”, representada por advogados do PSol, alegou que a decisão judicial diz respeito à divulgação por parte do PT, mas sem alcançar “atos de divulgação política do PSol, que é do que se trata a ação das conduzidas”.
No entanto, no entendimento do delegado Júlio César Geraldo, do 63º DP, para onde as mulheres foram encaminhadas, apesar de os panfletos serem de “aparente responsabilidade” do PSol, também houve a apreensão de folhetos que supostamente seriam do PT.
No boletim de ocorrência, o delegado afirma que isso “pode indicar a prática de ação maliciosa e coordenada entre as campanhas para descumprir decisões da Justiça Eleitoral”.
A defesa do PSol também argumentou que a Justiça Eleitoral não classificou o conteúdo dos panfletos como inverídico ou descontextualizado. Os jornais foram criados pela campanha de Boulos para expor denúncias contra a gestão Nunes.
Veto a panfletos
A decisão da Justiça Eleitoral afirma que o material apresenta “manifestação excessiva da liberdade de expressão” e pode não só influenciar a população como também “macular” a paridade entre os pré-candidatos, já que a propaganda eleitoral só é permitida a partir do dia 15 de agosto.
O MDB, que havia feito o pedido à Justiça para que o material petista parasse de ser distribuído, requereu no começo da tarde desta quarta-feira a aplicação de multa ao PT.
O PSol, por meio de nota, disse que a detenção das mulheres e apreensão do material é “tentativa de censura” e reiterou que os panfletos não eram alcançados pela decisão judicial obtida pelo MDB.
“Trata-se de tentativa de censura, já que o material apreendido na manhã desta quarta-feira não tinha contra si nenhuma restrição judicial”, diz o texto. “É importante esclarecer que os impressos em questão são legalmente distintos daquele que motivou, na terça-feira (4), medida judicial que impedia sua distribuição”.
O material já havia sido distribuído à militância no ato do Dia do Trabalhador (1º/5), quando o presidente Lula fez campanha para Boulos na capital, e para os pré-candidatos da coligação em torno da chapa Boulos e Marta Suplicy (PT) na Mooca, em 11 de maio. A coligação envolve PSol, PT, Rede, PCdoB, PV, PDT e, mais recentemente, o PMB.