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Pais divulgam carta sobre caso de filha de Samara Felippo: “Crime”

Pais de alunos do Vera Cruz divulgaram carta após a agressão sofrida pela filha da atriz na escola de alto padrão paulistana

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samara felippo e filhas
1 de 1 samara felippo e filhas - Foto: Reprodução/ Instagram

São Paulo – Pais de alunos do Vera Cruz, escola de alto padrão em que a filha de Samara Felippo foi vítima de racismo, na zona oeste da capital paulista, afirmam que o colégio defendeu dar uma “segunda chance” e se recusou a expulsar as estudantes apontadas como agressoras. Em carta, escreveram que o episódio foi “crime de ódio”.

O caso de racismo no Vera Cruz aconteceu na última segunda-feira (22/4). Segundo Samara Felippo, duas alunas roubaram o caderno da sua filha – que é negra, tem 14 anos e estuda no 9º ano –, arrancaram todas as páginas de um trabalho de pesquisa e escreveram a frase “cu preto”.

As agressoras foram proibidas de participar de um passeio da escola e acabaram suspensas, por tempo indeterminado, na quinta-feira (24/4).

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Samara ainda frisou que pode ter sido vítima de um estupro
Atriz e produtora Samara Felippo
Samara com as duas filhas
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Samara ainda frisou que pode ter sido vítima de um estupro

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Em carta divulgada para grupos antirracistas formados por pais de estudantes de colégios de elite em São Paulo, o casal Pedro Cobiaco e Janaína de Luna, que são pais de alunos do colégio, relatam que uma coordenadora passou em todas as salas “comunicando a decisão do colégio: as meninas não seriam expulsas”.

“Nossa filha chegou hoje indignada, com toda a razão, com o comunicado de sua escola acerca da não-expulsão de duas alunas envolvidas em um caso sério de racismo no colégio”, escreveram. “O caso em questão não envolve subjetividade alguma. Trata-se, absolutamente, de um crime de ódio.”

Ainda de acordo com os pais, as agressoras teriam aproveitado que a vítima saiu da sala, quando o sinal tocou, para furtar o caderno, levá-lo para fora da escola e vandalizá-lo em uma lanchonete da região. O objeto foi devolvido para o Achados e Perdidos. “As racistas planejaram essa violência com antecipação”, registraram.

Racismo

Antes, Samara Felippo escreveu sobre a ocorrência em um grupo de pais do Vera Cruz no WhatsApp. “Ainda estou digerindo tudo e, talvez, nunca consiga. Cada vez que olho o caderno dela ou vejo ela debruçada sobre a mesa, refazendo cada página, dói na alma. Choro. É um choro muito doído. Mas agora estou chorando de indignação também”, registrou.

De acordo com Samara, os “atos hostis e excludentes” contra a sua filha “vem sendo cada vez mais violentos e reincidentes” na escola. A atriz relata que a estudante já era “excluída de trabalhos, grupos, passeios”, mas “aceitava qualquer migalha e deboche” porque “queria fazer parte de uma turma”.

A atriz afirma ter feito três reuniões com o Vera Cruz após o episódio mais recente e pedido a expulsão das envolvidas para não relativizar “um crime previsto em lei”, segundo escreveu.

“Quero que todos saibam a gravidade da situação a qual minha filha foi submetida e que a escola insiste em ocultar, atos esses que estão causando danos irreparáveis para as nossas vidas! E quando digo nossa é de todos nós mesmo, pois o racismo é um câncer na nossa sociedade e não podemos nos calar”, registrou.

“Poderiam aproveitar um caso grave como esse para servir de exemplo para toda a comunidade escolar, mostrando o que é intolerável dentro de um estabelecimento de ensino em pleno 2024, mas vejo mais uma escola, que se diz antirracista e ‘intolerante’, tolerando e dando a famosa segunda chance, ou seja, PASSANDO PANO”, escreveu.

Vera Cruz

Em comunicado interno, o Vera Cruz confirmou a agressão racista e disse que tem se comunicado “muito intensamente com as famílias das alunas envolvidas”.

Segundo a escola, ao recuperar o caderno, a filha de Samara Felippo procurou a professora e a orientadora da série. “Imediatamente foram realizadas ações de acolhimento à aluna, de comunicação a todos os alunos da série, bem como a suas famílias”, afirmou.

“Nos dias seguintes, outras ações foram empreendidas, sempre no sentido de acolher a aluna que foi vítima dessa agressão, bem como no sentido de garantir que as alunas agressoras entendessem a dimensão do que haviam feito”, registra.

De acordo com a mensagem, as alunas agressoras foram proibidas de participar de uma viagem do colégio e estão suspensas desde a quinta-feira (26/4). A sanção é por tempo indeterminado.

“A suspensão se encerrará quando entendermos que concluímos nossas reflexões sobre sanções e reparações, que ainda seguimos fazendo – fato também comunicado a todas as famílias diretamente envolvidas”, disse.

“Ressaltamos que outras medidas punitivas poderão ser tomadas, se assim julgarmos necessárias após nosso intenso debate educacional, considerando também o combate inequívoco ao racismo”, afirma. “A escola nunca havia tomado conhecimento de qualquer atitude racista de ambas as alunas. Ações de reparação ainda serão definidas.”

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