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SP: pais denunciam racismo contra filho de 7 anos em escola particular

Menino de 7 anos teria sido excluído de brincadeiras, empurrado por colega e chamado de “ladrão”. Escola diz apurar o caso

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1 de 1 imagem colorida mostra pais de estudante em vídeo. a mulher e o homem são negros. ele veste uma blusa listrada na cor cinza e ela veste uma regata de cor cinza - metrópoles - Foto: Reprodução / Redes sociais

São Paulo — Pais de uma criança negra de 7 anos denunciaram um caso de racismo estrutural em uma escola particular de Osasco, na Grande São Paulo.

Em vídeo publicado no Instagram, nessa sexta-feira (10/11), Aline Gabriel e Fernando Gabriel relataram situações enfrentadas pelo filho desde que ele entrou na Fundação Instituto Tecnológico de Osasco (Fito), no começo deste ano.

A criança disse aos pais que sofreu bullying e chegou a ser excluída de brincadeiras e atividades pedagógicas. O menino, que seria o único aluno negro da turma, também relatou que um colega chegou a empurrá-lo para que não participasse da brincadeira de pega-pega.

A criança contou, ainda, que os estudantes faziam “votações” entre si para decidir se ele deveria participar das brincadeiras, mas ninguém votava a favor dele.

Em um áudio gravado por Aline durante uma conversa com o filho, é possível ouvir a criança chorar e pedir para mudar de escola. “Tudo o que eu quero é uma escola que fosse ‘bonzinha’ comigo”, relatou o menino.

“A autoestima do meu filho, hoje, não existe. Ele se sente preterido de tudo, questiona-se em relação à cor dele, diz que não quer estudar em um colégio de branco porque nenhum branco gosta dele”, elencou Fernando, no vídeo divulgado pela família.

“Comportamento apático”

Os pais criticaram a postura da escola frente à situação e classificaram a instituição de ensino como omissa e negligente. O casal afirmou que a equipe da escola os procurou ao longo do ano para falar que o filho tinha um comportamento “apático” em sala de aula e para alertar que eles deveriam investigar se o menino teria algum problema de ordem psicológica ou cognitiva.

Aline e Fernando participaram de duas reuniões com representantes do colégio. Preocupados com as informações, que divergiam do comportamento da criança em casa, os pais contrataram uma psicóloga para acompanhar o menino.

“Ela foi à escola e fez um laudo, todo um acompanhamento. Disse que meu filho não tem qualquer problema psicológico e que, na verdade, ele é excluído”, afirmou Fernando na publicação.

Para a família, a escola não tem preparo para enfrentar casos de racismo estrutural. “A gente vai a todas as instâncias possíveis para que a escola seja cobrada pela negligência que tiveram na educação do meu filho”, completou Aline.

Chamado de ladrão

O Metrópoles conversou com a mãe da criança neste sábado (11/11). Ela disse que levará o caso ao Conselho Tutelar e se reunirá com uma equipe de advogados para decidir sobre quais medidas adotar contra a escola.

Aline disse que a família decidiu publicar o vídeo depois de uma conversa com o filho, na última semana, em que ele mencionou alguns dos episódios de exclusão. A psicóloga da criança também teria relatado aos pais que o menino sofria com a situação e recomendou que eles o afastassem da escola.

Entre os relatos da criança, havia um de que os colegas o chamavam de “ladrão”, por supostamente “roubar” nas brincadeiras.

“Quando ela [a psicóloga] me falou que meu filho teria de ser afastado imediatamente da escola porque estava com sérios problemas emocionais — e estava muito claro que isso era por causa de uma estrutura da escola, que veio por meio do racismo —, além de que as crianças o chamavam de ladrão, aquilo me deu um pânico muito grande”, desabafou Aline.

“É muito importante entendermos o lugar do racismo estrutural. Há uma estrutura instaurada, às vezes em uma escola, no trabalho ou em qualquer outro ambiente, que faz com que uma pessoa negra se sinta isolada, preterida. E isso abaixa a autoestima dela”, descreveu.

Direção “consternada”

Por e-mail, o Metrópoles pediu uma entrevista com um porta-voz da escola para falar sobre o caso. Contundo, não havia recebido resposta até a mais recente atualização desta reportagem.

Na sexta-feira (10/11), a escola Fito publicou uma nota no site do colégio. O texto informa que a direção está “consternada com os fatos relatados”, que conversou com a família e que apura o ocorrido.

“A Fundação repudia veementemente qualquer ato de racismo ou conduta discriminatória em nossa escola e reforça o compromisso em combater com rigor qualquer suspeita ou indício desse tipo de conduta”, informou a instituição de ensino.

O texto acrescentou que o colégio trabalha para produzir um ambiente acolhedor e respeitoso para todos os alunos e servidores, “sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.

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