Pais de alunos afirmam que escola já havia sofrido ameaças neste ano
Segundo uma mãe de aluno, a escola chegou a ficar fechada por 3 dias no começo do ano após uma bomba ter sido atirada no terreno do colégio
atualizado
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São Paulo – Pais de alunos da Escola Estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo, alvo de um ataque a tiros que matou uma adolescente de 17 anos na manhã desta segunda-feira (23/10), afirmaram ao Metrópoles que o local já havia sofrido ameaças de atentado em outro momento deste ano.
De acordo com Pamela Cristine Barão, mãe de uma aluna, a escola chegou a ficar fechada por três dias no começo deste ano depois que uma pessoa jogou uma bomba no terreno do colégio. Ela disse ainda que a instituição de ensino recebia ameaças pelo Instagram e chegou a convocar uma reunião com os pais para falar sobre essas ameaças.
“Eles disseram que iam tomar providências, só que não sabiam quem tava fazendo as ameaças porque era anônimo”, afirmou Pamela. Depois, segundo ela, o autor das ameaças teria sido identificado, mas a identidade dele foi preservada.
A mãe não soube dizer se o jovem detido por jogar uma bomba no colégio é o mesmo que atirou nos alunos nesta segunda-feira.
A Secretaria estadual da Educação (Seduc) afirmou ao Metrópoles que ainda está apurando todas as informações sobre o caso e que a prioridade neste momento é o atendimento às vítimas.
Ameaça e rotina de agressões
O adolescente que praticou o ataque a uma escola estadual de Sapopemba registrou boletim de ocorrência de ameaça e lesão corporal seis meses antes do atentado. Vídeo obtido pelo Metrópoles mostra agressão sofrida pelo jovem dentro da sala de aula (veja abaixo).
O ataque desta segunda-feira deixou uma aluna de 17 anos morta e três estudantes feridos.
A investigação aponta que o adolescente de 16 anos contou à mãe, em abril deste ano, que vinha recebendo ameaças on-line de pessoas que pareciam ser de “grupos rivais”. As ameaças eram feitas nas redes sociais.
Um boletim de ocorrência registrado pelo adolescente, em 24 de abril, menciona que o jovem foi agredido por “diversos alunos”, não identificados, da Escola Estadual de Sapopemba, a mesma onde ocorreu o ataque desta segunda-feira (vídeo acima).
O Metrópoles localizou dois registros, em vídeo, nos quais o adolescente é agredido. Um deles seria do caso registrado no B.O. Já o outro ocorreu no bairro da Liberdade, na região central da capital paulista.
Segundo alunos da escola, o adolescente era alvo de bullying por ser homossexual. Esse teria sido o motivo para o ataque desta segunda-feira de acordo com os colegas.
Grupos rivais
Em alguns vídeos postados no TikTok e Instagram, o adolescente aparece chorando após sofrer violência física. As redes sociais eram usadas por ele, seus seguidores e um grupo rival para alimentar as desavenças entre os jovens.
De acordo com o registro da ocorrência, “a vítima [autor do ataque] tem muitas visualizações de tudo o que lhe acontece”. Além disso, segundo o B.O., “as agressões sofridas pela vítima se generalizaram na internet, e foi percebido que os agressores ganharam muitos seguidores”. Por fim, o estudante diz à polícia que “teme por sua integridade física e que as ameaças se espalhem”.
Segundo a família do adolescente, o Conselho Tutelar e a Diretoria de Ensino foram procurados na ocasião da denúncia. Acionada, a Secretaria de Estado da Educação não se manifestou. O espaço está aberto.
O ataque
Uma aluna de 17 anos morreu e dois estudantes ficaram feridos nesta segunda-feira. Um quarto jovem se machucou ao cair enquanto tentava fugir.
“Começou com dois barulhos de bomba. Pessoal gritando, saindo correndo. Eu pensei: ‘Meu Deus, deve ter acontecido alguma coisa’”, disse um aluno ouvido pelo Metrópoles.
“Tentamos trancar a porta, mandamos todo mundo sair. Saímos correndo, batendo nas portas das salas de aula para todo mundo sair. Caí da escada e machuquei o joelho. Foi desesperador demais, fiquei em pânico”, contou o estudante.
Em nota, o governo de São Paulo lamentou o episódio e se solidarizou com as famílias das vítimas. “Neste momento, a prioridade é o atendimento às vítimas e apoio psicológico aos alunos, profissionais da educação e familiares”, informou.