“São duas mortes”, diz pai em velório de PM assassinado no Guarujá
Familiares, amigos e autoridades da PM estiveram em velório do soldado Luca Angerami, encontrado morto depois de mais de um mês desaparecido
atualizado
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São Paulo — O pai do policial militar (PM) Luca Romano Angerami, encontrado morto no Guarujá após ficar mais de um mês desaparecido, se emocionou nesta terça-feira (21/5) ao chegar ao velório do filho em uma casa funerária em Santana, na zona norte de São Paulo. Renzo Amgerami, policial civil aposentado, disse que saber que o corpo de Luca foi encontrado foi como “uma outra morte”.
“São duas mortes. Quando você não tem o corpo existe uma esperança. Eu, com trinta e poucos dias, entendi o que é para muita gente ficar anos atrás de uma pessoa desaparecida. Nessa situação, existe uma esperança, nem que seja de meio por cento. Quando você encontra, como aconteceu ontem com meu filho, a gente fica triste de novo, é uma outra morte”, disse Renzo ao Metrópoles.
Luigi Romano Angerami (foto em destaque), também PM, chegou fardado à cerimônia de despedida do irmão (assista abaixo). Eles eram quadrigêmeos, com outras duas irmãs. Luigi não quis falar com a imprensa.
O funeral de Luca Romano Angerami teve início às 10h. Amigos, familiares e policiais militares de diferentes batalhões prestaram homenagens ao soldado. O corpo será enterrado no Cemitério do Horto, também em Santana.
Entre as autoridades da Polícia Militar que estiveram presentes, está o comandante do Policiamento de Choque, Valmor Racorti. Enquanto a reportagem do Metrópoles acompanhava a cerimônia, ainda era aguardada a presença do comandante geral da PM, coronel Cássio Araújo de Freitas.
A rua em frente à casa funerária ficou tomada de viaturas policiais.
Tribunal do crime
De acordo com o delegado Fabiano Barbeiro, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), Luca Angerami foi torturado e morto após passar pelo chamado “tribunal do crime” no Guarujá.
“Além do homicídio houve sequestro, cárcere privado e tortura. Esse policial militar foi submetido ao chamado tribunal do crime”, afirmou Barbeiro em entrevista coletiva nessa segunda-feira (20/5).
Segundo o delegado, o rapaz foi morto “simplesmente pelo fato de ser policial, e por estar no lugar errado na hora errada”.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) lamentou a morte do soldado, que atuava no 3º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M) desde 2022.
Segundo a pasta, nove suspeitos de participação no crime foram presos e outros oito corpos foram localizados. O caso é investigado pela 3ª Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos, por meio de inquérito que apura os crimes de sequestro, tortura, homicídio e ocultação de cadáver.
Mãos amarradas e rosto desfigurado
Segundo a polícia, o corpo de Luca estava com as mãos amarradas, enrolado em uma lona. A corporação o localizou na Rua Gerson Maturani, na Vila Baiana, no Guarujá, mesma região onde o PM foi visto pela última vez.
O rosto da vítima, de acordo com policiais que participam da operação, estava desfigurado. Uma tatuagem no braço esquerdo teria ajudado na identificação do PM.